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5 DE MARÇO DE 1964 3499

ficado nos últimos três anos permitem admitir que chegou, efectivamente, a hora do turismo português».
Na verdade, os resultados da actividade turística do último ano são encorajantes e de molde a forçar-nos a um esforço extraordinário para que tais resultados mais se evidenciem nos anos subsequentes até se vencer a batalha do milhão de turistas previsto para 1965.
Já vêm de longe as previsões e votos desta Assembleia sobre a necessidade de incrementar esta benéfica e produtiva actividade, da maior projecção para a economia nacional.
E foi naturalmente que, mesmo antes de departamentos oficiais responsáveis terem estruturado princípios tendentes à necessidade do desenvolvimento turístico no país, o ilustre Deputado Nunes Barata, sempre atento aos problemas que interessam à vida da Nação, anunciou o aviso prévio ora em debate, e que desenvolveu magistralmente nesta tribuna.
Fica ele credor das nossas homenagens e agradecimentos por nos ter proporcionado o ensejo de tratar, com a devida largueza, um problema do maior relevo na vida económica da Nação.
Teve o ilustre Deputado a virtude de traduzir, com brilho, os anseios de vários Srs. Deputados que há anos a esta parte vêm insistindo pela melhor atenção a essa actividade, que, inexplicàvelmente, teimava em se circunscrever a uma área restrita de território, sem nunca perder de vista os telhados da capital.
Há uns três anos que nesta Assembleia denunciei a existência de linhas impeditivas que os órgãos do turismo não se abalançavam a transpor para levar a todo o País os benefícios de uma actividade lucrativa.
E também há anos a esta parte o ilustre relator das contas públicas vinha insistindo pela urgência de cuidar do turismo, antevendo nele uma extraordinária fonte, de receita para a economia nacional.
Os factos vieram confirmar que tinham razão aqueles que assim pensavam.
Entretanto, não obstante esses prudentes avisos, parecia que a inércia continuava a entravar a marcha do desenvolvimento turístico nacional, até que o Sr. Subsecretário dia Presidência do Conselho deu novos rumos e esclarecidas directrizes que impulsionarão o movimento turístico português.
Meio milhão de turistas em 1968, milhão e meio de contos que eles deixaram em Portugal, deram a nota real de que há a esperança, em anos futuros, desta importante actividade.
Povo de descobridores, começamos, agora, a ser descobertos pelos estrangeiros que nos visitam, que vêem nas nossas paisagens de maravilha, nos nossos monumentos, no clima, na cozinha e na bondade acolhedora e natural da gente portuguesa os melhores motivos de atracção.
E, descoberto Portugal por forma tão agradável, foram postos aos órgãos do turismo problemas que terão de ser equacionados e resolvidos com brevidade, se não quisermos perder a melhor oportunidade de rios darmos a conhecer ao Mundo e de receber dele, em compensação, as divisas tão necessárias à nossa economia.
A variedade e complexidade de tais problemas, porém, podem levar-nos a fracassar no empreendimento, se não se conjugarem esforços e não se fizerem fortes sacrifícios para se vencerem as dificuldades que surgirão.
Por amor à verdade, temos de concluir que a preparação do equipamento turístico do País, com uma eficaz cobertura através dele, está por fazer na maior parte.
O Algarve, em pleno desenvolvimento, com a constituição das estruturas apropriadas, deverá vencer a sua batalha em prazo curto e proporcionar aos turistas a possibilidade de gozarem as suas belezas naturais, que muitas são.
Entretanto, no Norte do País pouco ou nada se fez no sentido da atracção turística e, até, para a dispersão necessária, já que uma só província se veria a braços com dificuldades insuperáveis se o meio milhão de turistas tivesse de ser canalizado exclusivamente para lá.
Numa publicação da O. E. C. D., editada em 1963, reconhece-se que «há uma tendência de os turistas desejarem explorar novos países cada ano, deixando até alguns países que tradicionalmente eram mais visitados.»
A mesma publicação diz-nos que em 1962 foi de 58 por cento o número de turistas que alcançaram as nossas fronteiras por estradas.
E quem se dispõe a percorrer distâncias enormes para chegar até ao nosso país é evidente que desejará percorrê-lo de norte a sul e tomar conhecimento de todos os motivos de atracção que lhe possam ser proporcionados.
Ora é exactamente neste ponto que os órgãos do turismo terão de fixar uma cuidada atenção, impulsionando actividades particulares ou intervindo directamente para que, na verdade, o País possa vencer a apregoada batalha do turismo.
Estão em marcha algumas iniciativas para o corrente ano, como sejam a repetição do Abril em Portugal, a Festa da Vindima e outras.
A elas se poderiam juntar o espectáculo admirável das amendoeiras em flor nas duas ribas do Douro, desde a Foz Côa à Barca de Alva, e as tradicionais romarias do Norte, tão típicas e tão castiças, a regalar a vista dos turistas.
Para já, a concorrer para a infra-estrutura turística destas regiões, há apenas o benemérito esforço do Ministério das Obras Públicas tornando transitáveis as estradas.
Quanto ao resto, não obstante tratar-se de uma região tão vizinha de um posto fronteiriço de grande movimento - Vilar Formoso -, nada existe para acolher quem viaja, a não ser o Hotel de Turismo na Guarda, em boa hora construído.
E toda essa região, prolongando-se por Trancoso, Lamego e Resende, até alcançar o Porto, continua ignorada nos seus monumentos seculares, nos seus castelos e na série de panoramas admiráveis que se vão desbobinando aos olhos do viajante em cada curva da estrada.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nem hotéis, nem parques de campismo a média altitude, nem roteiros turísticos, nem uma referência sequer, indicam estas regiões, que a Natureza e a mão do homem dotaram de tantos motivos de encanto para serem visitadas.

O Sr. Pinto de Mesquita: - Muito bem!

O Orador: - Estamos, assim, muito longe de vencer a anunciada batalha se um esforço porfiado e até oneroso não lançar as sementes susceptíveis de produzirem abundantes frutos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Há que aumentar as receitas do Fundo de Turismo, não obstante a anunciada elevação de que beneficiaram no corrente ano, a fim de fornecer ao departamento governamental responsável os meios necessários