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13 DE MARÇO DE 1964 3613

falta é uma falta à lei, porque o recenseamento dos animais de capoeira deveria ser feito anualmente e o recenseamento das árvores de fruto uma vez em cada quinquénio.
Além de elementos desta ordem, outros, do mais alto interesse, faltam também. São frequentes as informações sobre os salários pagos aos trabalhadores agrícolas, mas são completamente ausentes quaisquer dados ou notícias sobre os efectivos agrícolas em trabalho, quer na sua composição global, quer na sua distribuição sazonal.
Conhece-se com grande pormenor quanto é que o agricultor recebe pela venda dos seus produtos, mas não tem sido possível saber-se quanto gasta para os obter.

Vozes:-Muito bem, muito bem!

O Orador: - Por certo, que hoje em dia estas informações têm grande importância como elemento interpretativo da evolução dos termos de troca, factor dos principais da crise que profundamente lavra no meio agrícola europeu; seria, pois, do mais alto interesse poder dispor de dados seguros que nos permitissem figurar a evolução dos custos, assim como se pode já figurar a evolução das receitas. Elementos são, portanto, estes cuja falta se deve lamentar, mas é devida, porém, a ressalva de que essa falta não é de atribuir à insuficiência de zelo dos serviços. Disso me inteirei eu e a convicção formada me traz aqui hoje a falar para pedir ao Governo que atente nas deficiências e providencie para que a repartição competente, que é a 3.a, salvo erro, do nosso Instituto Nacional, possa ser dotada com os meios que há muito anda a pedir, quer em pessoal, quer em verbas, para melhor desempenhar a sua missão.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A estatística agrícola é provavelmente das mais difíceis e dispendiosas, mas alguma coisa de melhor poderia ser feita se os elementos não faltassem tanto. Basta referir que a repartição está sem chefe há oito anos, o que quer dizer que, antes de mais nada, falta, pelo menos, um dos três únicos elementos técnicos que a deveriam compor na sua organização actual. Quem exerce a chefia nem sequer tem a «remuneração correspondente, aqui se verificando mais uma vez a falha tão vulgar na nossa vida administrativa de se aproveitarem as qualidades para chefiar, mas não para as pagar como de chefe.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - É muito cómoda, ou, pelo menos, económica, tal solução, de que aqui vemos mais um exemplo, mas não podemos decerto sancioná-la com o nosso aplauso.
Eis, Sr. Presidente e Srs. Deputados, o único fim desta breve intervenção em assunto que tem pouco de entretenimento e de atraente, numa sala onde ainda estou a ouvir reboar palavras de alto mérito literário e do mais puro valor conceptual, eis o que me fez vir hoje trazer esta nota despreocupada, mas de honesto intuito. Entendi devida uma advertência ao Governo quanto a uma falha importante de um dos seus serviços, onde, todavia e apesar de tudo, se continua corajosa e zelosamente a fazer o melhor que se pode e o mais que se pode.
Para que o Governo alivie estes servidores do Estado e lhes dê os meios necessários para melhor trabalharem é que vim fazer esta breve intervenção.
E, depois disto, posso dizer que tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem !
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Augusto Simões:-Sr. Presidente: vai começando a mostrar a grande imponência da sua arquitectura a ponte sobre o Tejo, que afirmará aos vindouros a grande valia e o poder da nossa era! Lançada sobre as lonjuras do rio, essa ponte vencerá sem dificuldade o grande espaço entre as duas margens e fará terminar um mito, deixando-as na continuidade de um mesmo caminho.
Transformou-se em bela realidade a ponte da Arrábida, que tanto enobrece a cidade do Porto, onde constitui um poema de graciosidade pela traça elegante do seu arco arrojado, cuja construção também documenta os muitos recursos da nossa época.
Continua a prestar os mais assinalados serviços a Ponte do Marechal Carmona, de Vila Franca de Xira, que nos aparece como pioneira dos grandes empreendimentos deste género. Também essa ponte, pelo equilíbrio da sua concepção, muito valoriza os técnicos da especialidade.
Em Coimbra, a Ponte de Santa Clara, que espera uma imprescindível companheira, é igualmente uma, afirmação de poder. Na airosa, traça dos seus pilares recordam-se com apurado gosto os barcos tradicionais que sulcavam o Mondego antes da grave injúria que lhe fizerem as areias arrancadas pela erosão às suas margens desnudas de arvoredo.
Todas estas pontes, que são argumentos valiosos em favor do nosso poder realizador, mais fazem avultar a grande mágoa de não estar ainda construída uma modesta ponte sobre o Mondego, ligando as freguesias de Currelos, do concelho de Carregai do Sal, à da Póvoa de Midões, no concelho de Tábua, que é desejada e vem sendo pedida há muito mais de 60 anos, cuja necessidade já demonstrei nesta Câmara mais de uma vez!
Poderá parecer pretensiosa a comparação entre uma ponte humilde e a alta magnificência das que se acabam de referir; o paralelo tem, contudo, a mais completa justificação.
E que, tendo todas elas um mesmo destino e obedecendo a uma mesma finalidade, que é a de fomentarem o engrandecimento da terra portuguesa, são todas igualmente importantes, necessárias e desejáveis no território nacional.
Não se pode compreender, por isso, que, planeadas as grandes muito depois desta tão pequena, aquelas já sejam afortunadas realidades ou estejam prestes a sê-lo, enquanto esta continua, envolta no tumultuar das burocracias, a ser melhoramento distante e quimérico que se afigura impossível ...
Razão têm assim os povos da grande região dos distritos de Viseu e de Coimbra, a quem esta ponte tanto interessa, de a terem apelidado um dia de «ponte do enguiço», designação que vinca as suas desilusões e quase torna mais apropriada e condenatória à medida que o tempo vai passando sem que a sua construção comece ...
Essa ponte, que ligará dois troços de uma mesma estrada já há muito aberta pelos Municípios de Tábua e de Carregai do Sal nos respectivos concelhos, é, na verdade, da mais alta importância para o progresso de uma vasta região.
Destinada a servir a ligação interdistrital Viseu-Coimbra e o Centro com o Sul do País, ela favorecerá a economia local, fomentado as deslocações dos povos e o escoamento dos produtos florestais e agrícolas dessa extensa região.
Isso só se conseguirá, porém, quando essa estrada se não encontre seccionada pelo rio, agora intransponível ao trânsito.
Dada a necessidade de tal melhoramento e até a conveniência de quebrar o arreliador enguiço que tanto pesa, volto a lembrar ao Governo, e em especial ao Sr. Ministro das Obras Públicas, como sentinela vigilante do pró-