O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

3614 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 144

gressivo engrandecimento de todo o território nacional, a urgência de tal ponte ser construída pelo Estado.
A esta forma de solução do problema não deve obstar o facto de serem municipais as estradas que esta ponte se destina a ligar. Cada uma tem, de facto, essa característica agora. Contudo, logo que sejam servidas pela ponte que tão desejada é, deverão ficar integradas na rede das estradas nacionais, formando uma única rodovia.
Estou certo de que este problema não deixará de merecer o interesse cio Sr. Ministro das Obras Públicas e que, por isso, se congregarão todos os esforços para que tal ponte seja em breve uma grande realidade a atestar naquele bonito rincão da Beira, que, finalmente, e por mercê do mesmo devotamento ao interesse nacional que fez erguer as grandes pontes, também esta se ergueu, quebrando para sempre o temível espectro de inércia a que os povos chamavam enguiço.
E porque estou a tratar de vias de comunicação do distrito de Coimbra, relembrando necessidades já por mais de uma vez por mim aqui apresentadas, não quero deixar sem referência algumas das mais .prementes dos concelhos de Pampilhosa da Serra, de Gois e de Arganil, que também já procurei evidenciar nesta Câmara.
O elevado teor de civilização dos nossos dias já não torna de nenhuma maneira aceitável que os povos tenham de viver à margem de recursos do progresso por falta dos acessos necessários aos centros onde tais recursos estão ao serviço da comunidade e donde têm de partir os elementos fomentadores da elevação dos seus níveis de vida.
Populações isoladas são hoje povoações inteiramente condenadas a um desterro que mais ou menos lentamente acabará por ditar a sua extinção.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É que, tendo-se modificado completamente as fórmulas restritas da vida local, que tanto perduraram infelizmente, já se abandonaram muitos dos antigos sistemas de viação, nomeadamente os da utilização das veredas serranas cavalgando pacientes alimárias.
Ao jornadear vagaroso que essas fórmulas permitiam substituiu-se a febricitante necessidade da viação acelerada, que se tornou exigência geral.
Daqui a necessidade de vias de acesso por onde possa circular sem detença toda a sorte de veículos que se tornaram os integrantes elementos da vida moderna.
A necessidade de acessos principais ou secundários aparece, portanto, em nossos dias como da mais transcendente importância, já que o isolamento desvitaliza e flagela como dolorosa gangrena os povos que a ele estão submetidos.
Ora, o concelho de Pampilhosa da Serra é, no distrito de Coimbra, uma das regiões ainda mais especialmente carecidas do estabelecimento de uma ampla rede de comunicações, necessidade sentida, de resto, em toda a área serrana.
Dotado de numerosos agregados populacionais que se incrustam nos alcantis ou nos vales, em obediência a determinismos que só o fascínio da terra pode explicar, este concelho e a sua sede viveram durante um longo período as agruras da inexistência de vias de comunicação com saída e seguimento.
Por outro lado, à falta de estradas principais, também acresce a da insuficiência da rede secundária, vivendo as populações quase isoladas ou com acessos difíceis e precaríssimos.

Vozes:- Muito bem !

O Orador: - Este estado de coisas está hoje bastante melhorado, principalmente no tocante à rede secundária, porque a grande maioria das povoações vai tendo acessos construídos ou pelos serviços florestais, cuja acção em tal capítulo é verdadeiramente notável, ou pelas agremiações regionalistas, ligas e comissões de melhoramentos, que são instituições prestantíssimas constituídas pelos naturais de cada povoação vivendo em Lisboa, já notabilizadas pelo seu acendrado bairrismo.
A estas se deve a realização de uma vasta e importantíssima série de melhoramentos de toda a ordem, implantados nesses pobres e ignorados rincões que viviam à margem do progresso.
É muito pela devoção integral dos naturais desses desprotegidos pedaços da terra portuguesa que a vida vai tomando neles expressão de dignidade, com os seus requisitos indispensáveis.
Mas, a despeito de lutarem bravamente pelo seu progressivo desenvolvimento, e nessa luta terem encontrado as preciosas ajudas do Estado nas comparticipações do Ministério das Obras Públicas e na actividade tão valiosa dos serviços florestais quando procuram criar acessos indispensáveis, essas agremiações regionalistas e a própria câmara municipal não podem resolver o importante problema do estabelecimento da indispensável rede de estradas principais ou nacionais onde os referidos acessos têm de ser ligados.
Desta sorte, é ainda muito grande o número de povoações isoladas ou tão insuficientemente servidas, que os seus naturais se sentem como que injustamente desterrados na própria Pátria!
É para a sorte de tais povos que venho chamar a atenção do Governo e nomeadamente do Sr. Ministro das Obras Públicas, que não desconhece, de resto, este estado de coisas.
Efectivamente, quando, em Junho de 1962, deu ao concelho de Pampilhosa da Serra e ao limítrofe de Gois a honra insigne da sua visita, pôde este ilustre governante certificar-se, por observação directa, da grande falta de comunicações principais e secundárias que tanto aflige estes concelhos e toda a região serrana.
Os povos que o receberam em apoteose, gratos pela sua presença que tanto os enobreceu, puderam expressar os seus anseios e ouviram palavras de reconfortante esperança. E pelo forte mandamento dessa esperança havida como certeza por aquela multidão de almas justamente sedentas do progresso, e que não devem ser iludidas, que venho lembrar a imperiosa necessidade de serem, construídas estradas nacionais indispensáveis ao desenvolvimento do concelho de Pampilhosa e de toda a vasta região que com ele confina.
Muitas delas já estão incluídas no plano de construções da Junta Autónoma de Estradas actualmente vigente, o que de certo simplificará a realização destes imprescindíveis melhoramentos.
Entre essas estradas contam-se as seguintes: a estrada nacional n.º 343, entre a Catraia do Rolão e o Paul, passando por Fajão, Covo e Cebola, que ficará a constituir uma rodovia de extraordinário valor.
A estrada nacional n.º 344, entre Coja e Alvares, destinada a estabelecer a ligação entre as estradas nacionais dos concelhos de Arganil e de Oliveira do Hospital com as do concelho de Pampilhosa da Serra.
Destinada a servir uma região afrontosamente isolada, mas formada por grande número de povoações, esta estrada tem sido repetidamente solicitada ao Governo pelas forças vivas dos concelhos do Fundão, Oleiros e Pampilhosa, que sentem a sua necessidade muito intensamente.