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14 DE MARÇO DE 1964 3661

Nas outras ilhas, onde se pensa também estabelecer dentro em breve aeroportos, também se deve ir já pensando nas estalagens que as devem servir.
Cito, pormenorizadamente, algumas das necessidades mais instantes do sector hoteleiro dos Açores para se poder ver quão. modestas são as suas aspirações, no momento actual, e quanto nos doeria se, na altura própria em que surgisse qualquer particular disposto à resolução de algum destes problemas mais prementes ou urgentes, o valioso auxílio da Caixa Nacional de Crédito ou do Fundo de Turismo fosse negado.
No entretanto, bom é que- s(c) repita que é no grave problema dos transportes, tanto aéreos como marítimos, que se encontra o óbice principal do desenvolvimento turístico dos Açores.
Sem que o Funchal passe a ir, pelo menos, duas vezes por mês a estas ilhas durante o Verão, isto é, de Junho a Setembro, e sem que o Cedros seja devolvido do auxílio que foi prestar à Madeira, de forma a restabelecer a regularidade e a frequência das viagens de cabotagem dos Açores (fim para que foi construído), fraca será a ajuda que do mar pode vir ao turismo açoriano.
Sem que o novo aeroporto de S. Miguel se conclua e sem que aviões de maior capacidade possam fazer rapidamente o transbordo dos passageiros que a Santa Maria cheguem nos grandes jactos, reduzida ou nula será a contribuição do ar no turismo desta ilha.
Sem que outros aeródromos surjam nas outras ilhas, facilitando a visita das suas particularidades mais notáveis, sem as demoras e os perigos que o deficiente apetrechamento dos seus portos agora ocasiona, poucas serão sempre as probabilidades de tornar o turismo extensivo a todo o arquipélago.
No rol das dificuldades expostas e de muitas outras que a escassez do tempo não me permite enumerar, há ainda dois factores perniciosos ao turismo açoriano, que desejo destacar e que é indispensável eliminar imediatamente: as taxas de utilização do aeroporto de Santa Maria, que são dupas das de Lisboa, e os vistos nos passaportes que aqui se deixaram, há muito, de exigir, mas que lá ainda persistem, não sei se para evitar que os estrangeiros se percam ou diluam na «grandeza» das ilhas, se para obstar, propositadamente, a que lá cheguem ...
Sr. Presidente e Srs. Deputados: na brilhante exposição pública que S. Ex.ª o Sr. Subsecretário da Presidência do Conselho fez no dia 7 de Janeiro do ano corrente a definir a política de turismo há um período que todos os açorianos devem guardar na memória e reter no coração. É aquele em que S. Ex.ª diz:

A terminar este capítulo sobre o turismo de passagem direi que, para certa classe de turismo, os nossos itinerários turísticos não podem esquecer as maravilhosas ilhas dos Açores, onde a progressiva melhoria das comunicações completará um quadro de altos atractivos cuja exploração se tem de fomentar.

Assim se exprimiu a reflectida inteligência do Sr. Dr. Paulo Rodrigues quando abordou o vasto assunto que agora se discute.
Para tranquilidade completa do meu espírito eu sou, porém, mais ambicioso. Desejo que S. Ex.ª aceite o convite que daqui reverentemente lhe dirijo, em nome de todos os meus conterrâneos, para que visite, ainda este ano, os Açores.
«Para se amar é preciso conhecer».
E eu estou certo de que depois de S. Ex.ª conhecer, de facto, aquelas ilhas, todos os açorianos passarão a encontrar no Sr. Dr. Paulo Rodrigues não apenas o homem estudioso e justo, que ora dá o melhor da sua atenção aos problemas do turismo nacional, mas o amigo sincero e devotado que os ajudará a retirar do olvido um dos mais preciosos tesouros de Portugal.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Lopes Roseira: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: para mim é sempre muito agradável poder intervir em debates que de algum modo possam fazer recordar a real presença de Angola no conjunto nacional. Acorri, por isso, ao aliciante debate suscitado pelo aviso prévio formulado pelo ilustre Deputado Dr. Nunes Barata. Antes, porém, que entre na matéria, seja-me consentido aproveitar a oportunidade para prestar ao ilustre Deputado avisante a modesta homenagem do meu respeito e da minha admiração pelo seu saber, pelo seu infatigável labor e pela sua real dedicação aos temas e problemas de âmbito nacional, como tão brilhantemente tem patenteado nesta Assembleia.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nada venho trazer de novo ao assunto que tanto apaixona o ilustre Deputado avisante, apenas porque foi seu mérito tê-lo tratado exaustivamente. Apenas tentarei alargar os horizontes de certos panoramas já focados, não ultrapassando, contudo, o âmbito das generalidades, quanto às possibilidades por Angola oferecidas ao turismo.
Não sou propenso a viajar. Muito dado ao sedentarismo, sou amigo do meu cantinho, que me conserva inalterável a paz do espírito; não me perturba a consciência; não desperta ciúmes ou invejas, nem me dá ensanchas para cobiçar ou maldizer o que Deus abençoou na terra alheia. Contudo, não sou ostra, nem homem atrasado ou retrógado.
Compreendo e anseio pela intercomunicação dos povos de todas as raças e nações para um conhecimento mútuo mais perfeito, a fim de que desse conhecimento resulte mais fácil a aceitação da maneira de ser de cada um e mais facilmente nos possamos respeitar.
Em matéria de turismo, prefiro ser visitado do que visitar. Mas para receber visitas é preciso, no entanto, ter a casa preparada, em ordem a satisfazer os hábitos e exigências dos visitantes.
E a gente da casa deve saber comportar-se cortesmente, praticando com o mesmo à-vontade com que respira as boas maneiras, e preocupar-se com o bom arranjo e limpeza dos filhos para que não vão aparecer aos visitantes sujos, descalços, andrajosos e pedinchões.
Por isso o turismo atingiu foros de ciência e arte fundidas de tal modo que exige de todos quantos a ele se dedicam ou por ele são afectados uma gama de conhecimentos que, não sendo complexos, se tornam complexos por exigirem a atenção constante para um sem-número de minuciosidades de que só um profundo entendimento e longa prática podem dar uma boa percepção. E ciência, para criar as condições, organizar e orientar; e arte, para atrair e dispor bem.
Desta maneira, o turismo tem de obedecer a solicitações, imposições e provocações fie várias ordens e ori-