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14 DE MARÇO DE 1964 3657

o rendimento. Este ponto, que reputam essencial para a atracção rio capital, levou-os a recomendarem, sublinhadamente, uma análise das condições de exploração e de rendimento de todos os projectos apresentados.
Mas não suo só estes abalizados pareceres que podem pôr em dúvida o acerto do plano agora elaborado. Os mesmos peritos, ao preconizarem a construção imediata de novas unidades hoteleiras, não colocam estas na área de Lisboa ou do Estoril, que reputam já suficientemente dotadas.
Aconselham a que as mesmas sejam distribuídas por todo o País. e muito especialmente pelas zonas privilegiadas da Madeira e do Algarve, onde reconhecem condições excepcionais para um turismo de permanência em larga escala.
Ora a Madeira está a mais de 500 milhas dos portos do continente e o Algarve, embora se encontre na continuidade da Andaluzia e de toda a costa espanhola mediterrânica, nem por isso deixa de estar em situação extrema da Europa.
Se amanhã ao custo mais elevado da viagem se somar o preço mais subido do hotel, não hesitará o turista menos abonado em transpor a lonjura do Atlântico ou até mesmo as escassas centenas de metros do Guadiana?
Outro aspecto que é preciso ponderar é o da próxima abertura do aeroporto de Faro ao tráfego internacional.
Não sei o que pensa fazer o Governo acerca da sua exploração. Natural é, porém, que siga o exemplo da Espanha, isentando completamente de taxas e de outros embaraços todos os aviões que o demandem.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se assim for, dentro de pouco tempo, são os voos fretados, quase sempre organizados por agências de viagens internacionais, a preços relativamente baixos e incluindo a cama e a comida durante a estada, aqueles que, com mais frequência, animarão as pistas daquele campo.
E neste caso ocorre perguntar: serão esses preços compatíveis com os hotéis de luxo e de 1.ª classe?
Sem duvida que o serão em certos casos, mas naqueles em que o não forem, e esses constituirão de certeza a maioria, que faremos nós?
Recusá-los-emos ?
Julgo, meus senhores, que nós não estamos em posição de desperdiçar seja o que for, mas, mesmo que assim fosse, nunca o deveríamos fazer, tal o efeito nefasto que isso traria à propaganda turística do País.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Há ainda outra questão a considerar.
A estimativa prevista para a efectivação deste Plano é de 2 050 000 contos, não entrando nela o melhoramento de praias, dos vestiários, dos bares e das escadas de acesso; a beneficiação das vias de comunicação ou dos meios de transporte, especialmente estradas, caminhos de ferro, portos, aeroportos, e veículos para determinados percursos; a instalação de recintos de diversão ou de desporto, como casinos, piscinas, campos de golf ou de ténis; a compra de terrenos para evitar excessivos agravamentos no custo dos hotéis ou outras obras turísticas a realizar no futuro; os elementos complementares da hotelaria, como sejam os arruamentos, a água, a luz, a segurança e a limpeza; a melhoria das condições de certos atractivos históricos, artísticos ou naturais, tais como monumentos, museus, miradouros, etc.. e outros investimentos com utilidade turística, no número dos quais estão os restaurantes, os estabelecimentos de venda de produtos de artesanato, de lembranças, de artigos fotográficos e de praia, as estações para automóveis, etc.
Tudo quanto o capital particular e o Estado possam, pois, poupar na qualidade sumptuária dos hotéis não poderá reverter a favor desta multidão de infra-estruturas tão intimamente ligadas ao desenvolvimento turístico, ou em benefício de outras modalidades de alojamento que não foram previstas no Plano, tais como motéis, aldeias e campos de férias?
O assunto merece pois ser ponderado não só à luz das estatísticas que representam o passado ou quando muito o presente, mas ainda dos variados factores e das múltiplas exigências do futuro.
Muitas destas infra-estruturas - encontram-se, decerto, já resolvidas.
A luta sem tréguas dos últimos 30 anos por uma vida mais ampla e mais digna tem levado a todo o País melhoramentos sem conta e benefícios sem par.
Ela tem mesmo arrancado, aos domínios do sonho, grandiosas realizações que ontem ainda pareciam atreitas à utopia.
Mas, apesar desse grande esforço, quantas outras se encontram esquecidas ou postergadas?
Quantas, embora delineadas, aguardam a hora e os meios que ainda não chegaram?
Quantas se revelam ultrapassadas ou deturpadas?
Na visão ampliada da panorâmica geral do turismo português há grandes e pequenas coisas que afloram ao pensamento com o seu poder reconfortante ou desanimador provocando inúmeras interrogações.
Assim, quando se sabe já ter sido inaugurada aquela obra-prima da engenharia portuguesa que é a ponte da Arrábida e se conhece que já 14 km de boa auto-estrada a prolongam para o sul; quando se vê rapidamente surgir das profundidades do Tejo e da superfície das suas margens as alterosas torres e os imponentes pilares que hão-de sustentar uma das mais gigantescas passagens rodo e ferroviárias do Mundo e quando se lê que já se entabularam conversações e já se começaram os estudos preliminares de outra grande obra que será a ponte de Vila Real de Santo-António a Alamonte, não se fica logo tentado a traçar no mapa turístico de Portugal a grande rodovia que da fronteira do Minho descerá até Sagres, depois de atravessar as cidades do Porto e de Lisboa, e que de Sagres seguirá na direcção nascente até encontrar o Guadiana?
Quando se percorrem a mais de 100 km à hora e com plena segurança os 25 km da auto-estrada de Vila Franca, não nos ocorre logo a ideia do seu prolongamento até à fronteira do país vizinho, criando assim a grande perpendicular rodoviária que há-de ligar um dia Lisboa às outras capitais da Europa?
Abertas assim estas três largas portas nas fronteiras do Norte, do Centro e do Sul da Espanha, por elas não poderão passar, à vontade e sem perda de tempo, todos os muitos milhões de turistas que a visitam todos os anos?
Quando se tem a informação de que o aeroporto de Faro será, dentro em breve, uma grande e consoladra realidade, para bem não só dos habitantes do Algarve, mas também para todos os que viajam pelo ar e que tantas vezes, impossibilitados pelos nevoeiros do aeroporto de Lisboa, sua escala de destino, vão parar a Madrid ou a Barcelona, contra a sua vontade e contra os seus interesses; quando se experimenta a rapidez e a comodidade dos pequenos aviões ou dos modernos helicópteros e se sabe que são capazes de aterrar em pequenas pistas de terra batida, apenas com 800 m de comprido, ou em simples praças ou parques de estacionamento, que não custam