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14 DE MARÇO DE 1964 3659

dantes disponibilidades, já porque os materais e a mão-de-obra a empregar nessa grande empresa são todos, ou quase todos, de origem nacional. Pelo contrário, julgo até que da sua efectivação resultarão imediatamente grandes benefícios de ordem económica para as várias actividades internas que nela participem.
Pelo que respeita a outros investimentos, também essenciais ao turismo, mas que se integram no desenvolvimento económico geral do País (aeroportos, estradas, portos, melhoramentos urbanos, transportes, etc), penso que, a despeito das restrições obrigatórias da hora actual, eles virão a seu tempo, tais como os sonhamos, na sequência lógica das grandes e pequenas obras a que já estamos habituados.
Finalmente, não quero, nem posso, terminar este resumo sem dizer o que penso do turismo nas outras partes da metrópole onde o Sol não aquece a terra com a mesma intensidade com que o faz na Madeira ou no Algarve, mas que, nem por isso, deixam de vestir outras esplendentes galas da Natureza.
O turismo, seja qual for o sítio da metrópole onde se fixe temporária ou permanentemente, em larga escala, nunca poderá dispensar este cosmorama de surpresas que é Portugal.
Nós nunca conseguimos oferecer a qualquer estrangeiro, num só local, distracções bastantes que o prendam e entretenham durante todo o curto período das suas férias.
E na diversidade da nossa paisagem, na traça simples dos nossos povoados, na curiosidade dos nossos usos e costumes e a originalidade dos nossos monumentos que ele irá quebrar a monotonia, sempre igual, das atracções internacionais da dança, da pesca, dos jogos e das piscinas.
Penso, pois que nenhuma região deste país pode deixar de entrar, com as prendas valiosas que Deus lhe deu para o triunfo do turismo em Portugal

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E, para isso, é necessário que prioridade não signifique exclusividade.
Acho bem que o grosso da nossa equipagem turística se espalhe, em densidade, pelas zonas onde gosta de permanecer o visitante. Mas seria imperdoável que se deixasse um ponto culminante da paisagem ou o brio natural de uma cidade sem a pousada ou o abrigo que mais comodamente permitisse a sua contemplação ou sem o restaurante ou o hotel que melhor exemplificasse a sua categoria.
Há um mínimo de coisas que têm de surgir ao mesmo tempo em toda a parte, se queremos que as grandes coisas não morram de tédio em certas partes.
Ao alongar a vista por terras de Portugal, não posso deixar de falar agora sobre as ilhas maravilhosas onde nasci.
Faço-o, não para as exaltar, visto que essa exaltação foi já aqui feita pela vibrante eloquência dos meus ilustres conterrâneos Conselheiro Armando Cândido e Dr. Orneias do Rego, mas sim para revelar a VV. Ex.ªs alguns aspectos do seu turismo.
Os Açores, meus senhores, há muito que vivem envoltos em densa- neblina que não deixa ver nitidamente, ao longe, a beleza sem par que o mar guarda, cioso, no seu seio ...
Poucos são os continentais que os visitam.
Escassos os governantes que os conhecem.
Daí para pouco servirem os brados dos homens que através dos tempos têm gritado as excelsas virtudes da sua.
gente ou a sublime magia nas suas montanhas e das suas lagoas.
No âmago daquele solo instável há vulcões que não dormem, e perigos que não cessam. Mas a terra, à superfície, embora acuse aqui e além a presença constante daqueles monstros, veste-se permanentemente de tais encantos e de tais esperanças que ninguém, ao vê-los, os ,teme ou considera.
No meio daqueles pequenos mundos de exuberante verdura todos vivem fiéis a Deus e à Pátria, certos de que estas grandes forças jamais os abandonarão. E, todavia, quantas decepções e quanta.» amarguras não os vêm surpreender em cada dia ...
Há 31 anos os Açores sonharam também com o turismo.
Um grande entusiasta que a morte roubou há pouco mais de um mês - e que S. Miguel jamais deixará de recordar, com saudade e reconhecimento, como sendo o seu maior amigo -, depois de conhecer as mais belas paisagens do Mundo, abrasou-se por tal forma no amor à sua terra que nunca deixou de a ela se entregar, de corpo e alma, no decorrer de toda a sua tormentosa vida.
Esse homem, que se chamou Augusto Arruda, foi o fundador da Sociedade Terra Nostra, aquela benemérita sociedade que ele, juntamente com o prestigioso Dr. Agnelo Casimiro e o dinâmico Dr. Francisco Bicudo de Medeiros, idealizou em certo dia de 3933 e que a mecénica generosidade de Vasco Bensaúde corporizou com o alento financeiro que ainda hoje mantém.
Essa Sociedade, logo de começo acarinhada também pelos espíritos gentilíssimos do Dr. Silvestre de Almeida, do Dr. Luís Bernardo, do Dr. Francisco Machado dê Faria e Maia e de Albano Pereira da Ponte, iniciou logo a sua acção, edificando nas Furnas - esse mirífico recanto do Paraíso e fabuloso laboratório da mais rica e variada hidrópole minero medicinal do Mundo- um belo e confortável hotel, adquirindo e salvando da ruína total a que estava condenado um dos mais sumptuosos parques da Europa, erguendo um bom casino e construindo um dos mais encantadores campos de golf que se conhecem.
Em Ponta Delgada inaugurou também um bureau de turismo, adaptou uma casa a hotel e abriu uma loja com oficina de artefactos regionais. Mais tarde construiu também na ilha de Santa Maria outro hotel, com mais de 100 quartos, que passou a prestar grandes serviços ao seu aeroporto.
E depois de todos estes arrojados e valiosos empreendimentos quedou-se à espera dos turistas.
E os turistas nunca chegaram, e nunca chegam porque também nunca melhoraram as carreiras, com horários deficientes, dos paquetes das ilhas, nem nunca apareceu em S. Miguel aeroporto capaz de receber um simples e convencional avião médio de passageiros. O próprio acesso às Furnas só ao fim de 29 anos viu asfaltado ou empedrado o último troço da estrada que ligava a cidade àquele povoado.
Por outro lado, a extraordinária estância termal, que conhecera, um século antes, vida intensa e prestigiosa, fora quase abandonada, e assim todo esse dispendioso apetrechamento turístico só não ficou completamente inerte e inútil porque raros naturais o passaram a utilizar na roda do ano e em número mais expressivo durante o mês de Agosto.
Os resultados económicos da. exploração não puderam ser outros senão estes: 30 000 contos de prejuízos após 30 anos de vida estóica, só capazes de serem suportados por alguém que tivesse e tenha tão grande a alma como o cofre ...
Passado todo esto tempo, os Açores, com as suas nove ilhas, todas igualmente formosas, mas todas diferentes no