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3682 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 146

Alimentá-los com energia térmica, mesmo pagando apenas o custo do combustível a preço especial, faria subir o valor médio da tarifa para mais do dobro do actual, o que poderia tornar incomportável o preço dos adubos e dos outros produtos. A hipótese de passar para o campo dos consumos permanentes uma parte dos temporários envolve, ou ajustamentos tarifários que transfiram para os clientes permanentes essa diferença de encargos e portanto maior preço de energia, ou uma reconversão das indústrias. e se os novos custos de fabrico forem excessivos, deverá medir-se se haverá outras razões que tornem do interesse nacional o seu fabrico.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A previsão dos consumos permanentes até 1970 mostra que a ampliação do sistema de 1964 com as três fontes já referidas não é suficiente para os satisfazer; o esquema terá por isso de ser reforçado com uma capacidade do produção em ano seco da ordem dos 1000 GWh.
A construção dos centros produtores deverá iniciar-se durante os próximos dois anos, o que obriga a incluir o sou financiamento no plano de investimentos de 1965-1967.
Se não forem tomadas decisões ainda este ano essa ampliação com contrais hidráulicas será sacrificada por condicionamentos de prazos de construção e teremos de instalar ainda mais potência térmica a entrar em serviço antes de 1970.
No triénio 3971-1973 será necessário aumentar a capacidade produtora do sistema em mais 2500 GWh, e como o início da sua construção terá de situar-se dentro do período de 1965-1970, parte do seu financiamento terá de ser já englobado no plano de transição de 1965-1967.
Atrasos nas decisões podem lançar-nos em catadupa para a solução dominantemente térmica, como meio de evitar pesadas restrições com reflexos muito graves na vida da Nação. Em alguns sectores industriais a restrição de cada kilowatt-hora fornecido na produção a cerca de $20 arrastaria nos seus efeitos multiplicadores uma quebra do valor do produto interno bruto de várias dezenas de escudos, além dos efeitos sociais, dos efeitos retardadores do desenvolvimento, etc.
O esforço de equipamento a desenvolver é enorme e por isso merece a maior atenção às exigências imediatas e às do futuro, pura evitar tanto as pontas de trabalho intransponíveis por carência de capacidade de realização como os vazios de largos períodos de inactividade, de muito graves consequências económicas e sociais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A potência térmica terá de ir crescendo com os anos porque o consumo aumenta em progressão geométrica de elevada razão e as obras hidráulicas que irão ficando para aproveitar serão cada vez mais pequenas e as menos económicas. Por isso, interessará fornecer um ritmo de trabalho constante aos estaleiros hidroeléctricos e às várias indústrias e trabalhadores a eles ligados e encher os vazios do diagrama de consumo com fontes razões imperiosas do limitações de investimentos e de possibilidades de construção podem impedir em períodos difíceis a melhor solução do problema e impor realizações possíveis porque não se pode parar, mas logo que seja possível deve caminhar-se no sentido das melhores soluções.
Temos ainda muitas obras hidroeléctricas à nossa frente que apresentam condições favoráveis de execução, entro elas citaremos: no Sul do País o Fratel e o Tejo internacional, no Centro o sistema do Mondego e no Norte do País os aproveitamentos do sistema do Douro, do rio Homem, do Alto Lindoso e do Minho.
O critério da escolha das obras prioritárias não deve limitar-se apenas a considerações de economia energética: além de oferecerem garantias quanto a firmeza de orçamentos, prazos de execução e integração no sistema, devem de preferência poder servir de base a planos de desenvolvimento regional para valorização possível de regiões atrasadas e em vias de abandono.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Na lógica das minhas considerações sintetizarei que a obra de electrificação deve prosseguir aproveitando os nossos recursos hidráulicos economicamente viáveis até à sua exaustão, mas que não pode ser excluída a sua conjugação com o equipamento térmico na medida conveniente e segundo os critérios de equilíbrio e bom senso que mais convenha aos superiores interesses do País.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: o plano de rega do Alto Alentejo a que o ilustre relator das contas públicas se refere neste parecer beneficiaria dentro da concepção actual com a construção da barragem de Fratel e na nova alternativa do esquema sugerido pelo Sr. Eng. Araújo Correia talvez possa ser reduzido o seu custo se a execução for conjugada com a construção da barragem do Alvito.
A rega do Alto Alentejo a lançar em 1971 na 3.º fase do plano geral necessita no esquema actual de três estações de bombagem para elevar a água da cota 70 no Tejo até à cota 260, de uma rede de canais, de cerca de uma dúzia de albufeiras para armazenagem de água e algum ordenamento hidráulico, etc.
A albufeira do Alvito numa das variantes possíveis teria a capacidade útil superior a 1900 milhões de metros cúbicos de água que atingiria a cota máxima de armazenamento de 255, sendo grande parte dessa água elevada do Tejo para a albufeira por grupos reversíveis turbina-bomba do esquema da central eléctrica do Alvito.
Na conjugação sugerida o Alto Alentejo seria regado directamente do Alvito; isso substituiria as três estações de bombagem estimadas em 175 000 contos por uma só muito mais barata, que elevaria a água apenas a pequena altura não do Tejo mas já da albufeira do Alvito para a cota 260 e reduziria as albufeiras de armazenamento que inundam alguns terrenos valiosos. Estamos certos de que o Sr. Ministro das Obras Públicas e os qualificados técnicos dos serviços hidráulicos não deixarão de estudar os aspectos técnico-económicos da variante sugerida, para que se adopte a solução de maior interesse nacional.
No Centro do País há o aproveitamento de fins múltiplos do Mondego, com todas as potencialidades aqui apresentadas com grande brilho pelos ilustres Deputados pelo círculo de Coimbra; a sua realização é de grande, interesse económico e social.
Também o Vouga oferece boas condições para um aproveitamento conjugado das suas potencialidades energéticas e hidroagrícolas.