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18 DE MARÇO DE 1964 3687

demonstrada na visita que os Srs. Ministros das Obras Públicas e da Educação Nacional ali fizeram em Julho de 1962 e que tive ensejo de acompanhar.
Parece que as obras só ainda não começaram por falta da respectiva dotação do Ministério das Finanças, que para a primeira fase importaria em dois milhares e meio de contos.
Atenta, porém, a urgência já denunciada, é de esperar que tal dotação seja imediatamente concedida.
É que se tem de colocar esta importante escola em condições de criar bons e numerosos técnicos agrícolas não só com as máximas habilitações que concede actualmente, mas ainda com a preparação de feitores e capatazes agrícolas, que ali podem e devem ser instruídos no futuro, até a expensas das explorações privadas da região, que eu sei estarem dispostas a fomentar tal ensino e preparação.
Não pode esquecer-se que o ensino agrícola é bastante mais dispendioso do que o dos outros graus de ensino; mas além de tão imprescindível como eles, pode tornar-se materialmente rentável se forem aproveitadas convenientemente as respectivas explorações agro-pecuárias em que ele tem de ser ministrado.
Ainda dentro de um critério de racional aproveitamento dos elementos que possuímos, deveria criar-se, junto desta escola, uma estação agrária, pois para tal se dispõe da área necessária dentro dos 140 ha de terreno de todas as espécies que a esta escola pertencem.
As vantagens desta estação agrária são por de mais evidentes, dada a sua localização próxima dos campos do Mondego, que se pretende aproveitar racionalmente, como cumpre!
Para fomentar e disciplinar as lavouras da parte interior do distrito, devia esta estação criar um posto agrário em qualquer dos concelhos serranos. São medidas do mais alto alcance, e tão necessárias e urgentes que não poderão deixar de ser consideradas nos planeamentos em estudo para o aproveitamento da bacia hidrográfica do Mondego, no qual perfeita e justamente se integram.
E para terminar as ligeiras considerações sobre a necessidade de técnicos agrícolas, resta ainda referir a conveniência de dotar a Universidade de Coimbra com uma Faculdade ou um instituto onde se pudessem adquirir os graus do ensino superior agrícola.
Caminhamos cada vez mais para a imprescindibilidade dos técnicos no processamento da dignificação da vida, de modo que não é arrojo, nem bairrismo doentio, a sugestão de que me faço eco.
Ligado à grande carência de técnicos agrícolas anda também o da falta de médicos veterinários.
Relembro quanto a este respeito foi dito já nesta Câmara pelo Sr. Deputado Urgel Horta, na outra sessão legislativa, e que tive o gosto de apoiar calorosamente.
Está a decrescer assustadoramente a formação destes técnicos, porque, não tendo uma situação suficientemente esclarecida, pelo menos os médicos veterinários municipais, a frequência da Escola Superior tem diminuído.
Chegou até a mim, como certamente chegou a muitos de VV. Ex.ªs, uma interessante publicação em que estes valorosos servidores apresentam os problemas que lhes são criados pela sua grave situação.
Magnificamente organizada, essa publicação, que chegou aos mais altos cumes da nossa hierarquia administrativa, não pode deixar, por certo, de obter a consideração que merece.
Nela se trata de um grave problema de interesse nacional e para se ver que assim é basta ter em mente que aos médicos veterinários municipais incumbem as mais valiosas tarefas, não só no fomento pecuário nacional, como ainda e principalmente na defesa do bem-estar e da saúde da grei, pela valorosa actuação que em tal sector eles têm de desenvolver.
Mais não é necessário para, de novo, eu apoiar, com o mesmo coloroso interesse com que já o fiz, as justíssimas reivindicações desta prestantíssima classe que vive as amarguras de um condicionalismo iníquo que urge banir, até por coerência com os primados de justiça do nosso regime político.
E passo, Sr. Presidente, a tratar de alguns problemas ligados com o turismo, que me parece ser ainda conveniente evidenciar.
É certo que todos ou quase todos foram magistralmente considerados pelo Sr. Deputado Nunes Barata no seu notável aviso prévio, mas, mesmo assim, ainda há mais alguma coisa a dizer sobre eles.
Notei com satisfação que se reconheceu que uma verdadeira política de turismo não pode deixar de considerar todo o território nacional, aproveitando quanto nele ofereça interesse de ser admirado.
Tal reconhecimento ficou expresso por forma muito elevada na alínea d) da moção que tivemos o gosto de aprovar no fim do respectivo debate e dá-me a grata esperança de que se entrará, finalmente e em breve, em política de ajustada dimensão neste opulento sector!
Tem-se trabalhado, por mercê do sistema que actualmente vigora, em compartimentos estanques, longe das realidades e com limitações de toda a ordem, que é necessário fazer terminar.
Devem estabelecer-se fórmulas de ampla colaboração entre todos os responsáveis pela administração geral ou local, por forma que os grandes interesses do turismo sejam sempre tidos na devida conta.
Será, por exemplo, o caso dos estudos da construção das estradas nacionais ou concelhias, que não devem obedecer apenas a critérios de estrita economia, mas respeitar também as necessidades de, com elas, se servirem os locais de assinalado valor turístico.
E será também o caso de se procurar defender esses locais da poluição da construção desordenada ou exótica, tanto do gosto de certas pessoas que não tem gosto nenhum!
E é ainda a necessidade de não deixar que nas nossas ridentes aldeias essas mesmas construções, sem nenhuma das características locais, as transformem em povoações pretensiosas, apenas notáveis pelas suas tonalidades berrantes e aberrantes!
Ora, para se alcançarem defesas de tão valioso conteúdo é mister que todos os serviços públicos colaborem sem sobreposições, sob a coordenação de um organismo superior!
Ouvi também, com muita satisfação, defender nesta tribuna o alto valor do nosso artesanato. Assunto que sempre me interessou, aqui o tratei com certa largueza na anterior sessão legislativa, mas sem quaisquer resultados conhecidos.
Continua o mesmo estado de coisas.
Ainda não são suficientemente conhecidos entre nós todos os nossos produtos artesanais nem estão definidos os seus tipos.
Nenhuma ou muito pequena é a protecção concedida a tão valioso labor, que sofre as grandes vicissitudes da vida difícil dos centros em que se situa.
Daqui, que cada vez seja mais de temer o perigo da extinção de alguns produtos artesanais, por não haver ,quem continue a fabricá-los.
É o que está a suceder, por exemplo, com os interessantes panos e bragais de linho, que são já difíceis de en-