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3900 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 157

mesmo tempo que entrevemos nos seus desenvolvimentos informativos a profundidade do labor de gabinete sob a égide dos mais actualizados conceitos e moldes da ciência financeira e económica. Dignidade científica e exposição acessível ao vulgo não são (muito longe disso!) incompatíveis - podendo acontecer que seja coisa difícil de processar-se esse binómio, valha a verdade.
Sr. Presidente, prezados Colegas: É para mim ponto de convicção profunda que muito se ganhará em, além do mais, se promover, por meio de informação sistemática e não menos sistemática instrução junto das grandes camadas que devem formar a audiência necessária e conveniente, que estas tenham a noção exacta da que significam afirmações fartas vezes feitas de que, por exemplo, o nosso crescimento industrial se tem processado a uma taxa anual dupla da do conjunto da E. F. T. A., e uns 33 por cento mais elevada do que a da O. C. D. E. (parte europeia) e o mesmo, quase, em relação a todo a Mundo (e para o caso já o douto parecer da Câmara Corporativa foi chamando a atenção de todos, pondo bem os pontos nos ii a tal respeito, quando ao confronto chamou exactamente o conjunto dos países em vias de industrialização de todos os continentes, que se apresenta, este último conjunto, com um ritmo de crescimento um quase nada mais elevado do que o nosso, afinal).
Não cheguei nunca a saber se foi por ironia ou com plena convicção que certo indivíduo que seguia de comboio em conversa com outro - este. parecendo-me algo entendido em questões de economia nacional - disse que:

... dado, então, que na produção industrial no continente estamos a crescer a um ritmo da ordem dos 7 a 8 por cento, enquanto o conjunto da E. F. T. A o tem da ordem dos 3 a 4 por cento, e o da O. C. D. E. (países da Europa) é de uns é por cento - dado que assim é, porque é que nos estamos a mostrar tão «afobados» na" procura de «tanto que já temos»? ...

Enfim: há que não esquecermos o ensinamento de que o pouco dobra mais rapidamente do que o que já é muito. Esta noção deve ser bastante difundida, para que no espírito dos desprevenidos não fique a ideia de que estamos a trabalhar por um erguimento económico só pelo prazer de virmos a ser mais desenvolvidos do que os que já são grandes em matéria industrial. Os pontos de partido foram diferentes, acontecendo que, no próprio tempo, já uns andam tranquilamente pelo Mundo, enquanto outros procuram ainda a forma de o fazerem também.
Posto isto, meus senhores, passo, com vossa permissão, a outro assunto - aliás, assunto de que já me ocupei nesta sala.
Sr. Presidente: A desperequação dos rendimentos por pessoa, consideradas as regiões de uma mesma nação ou das nações de um mesmo continente ou das nações de todo o Mundo, coisa é ela que, sem dúvida, muito deve preocupar os governantes respectivos. E a todas as regiões ou nações englobo, porque tenho na mente o conjunto não apenas das de menor rendimento, mas também das que o tem mais elevado, naquele jeito (a que julgo já ter-me referido noutras falas aqui mesmo) de que não pode, diga-mos, uma nação sentir-se bem quando à sua volta as outras não estão assim. Naquele jeito que levou um antigo presidente dos Estados Unidos da América o afirmar, categoricamente, não poderem os Norte-America nos sentir-se repousadamente prósperos se as demais nações não estivessem prósperas também - indo mesmo ao ponto de considerar essas tais demais nações não sómente as que lhes ficam próximas, mas também: as que ficam nos restantes continentes. E, com isto, naturalmente, estou a considerar que, dentro da mesma nação, também uma sua região não deverá sentir-se bem se o resto nacional não se encontra à mesma altura de bem-estar.
Então, é messes termos que não posso deixar de continuar a pugnar por uma decidida e rápida disseminação pelo País de pólos de desenvolvimento económica - entendendo-se por tal não uma anárquica disseminação ou descentralização geográfica da indústria, não uma disseminação levada ao infinito, mas sim conduzida dentro dos mais convenientes princípios de aproveitamento racional das potencialidades nacionais em todas as facetas predominantes de um crescimento harmónico. Sou, naturalmente, contrário a que se instalem fábricas indiscriminadamente - mas sou a favor de um estudo muito rápido para o assentamento das grandes premissas do êxito industrial do todo nacional pelo êxito de cada um dos nós da rede que se forme, ponto sendo que a rede seja tecida convenientemente.
Sou, pois, para já, contrário a que o distrito de Lisboa tenha o seu habitante -critério «capitação» - com um poder aquisitivo cerca de cinco vezes maior do que o dos distritos de Bragança, Vila Real e Viseu - exactamente os conjuntos geográfico-administrativos, estes três distritos, de menor poder aquisitivo per capita de todos os conjuntos similares da Europa a que pertencemos, que não apenas a Europa da E. F. T. A. e do Marcado Comum.
Ora, se é preciso que os planos de fomento dados si Nação para seu erguimento económico tenham aceitação tão plena quanto possível de todos, bem julgo que preciso se torna, da mesma sorte, que o poder económico per capita atinja ponto elevado e o mais homogéneo que possa ser por todo o País, para isso se formando convenientes pólos de desenvolvimento industrial, numa estratégia de prospecção, projecção e execução que não deixe margem a dúvidas quanto à necessidade de nos distritos de Lisboa e Porto não se inserir todo o alfobre das possibilidades do crescimento económico em Portugal.
Meus senhores: Não nos esqueçamos desta verdade: a uma nação não basta que saber-se inferiorizada no campo económico perante as demais é motivo para se desfazer a desigualdade ou pelo menos, atenuá-la. Há, sim, que trabalhar muito para tal - mesmo com muitas renúncias -, uns promovendo o surto de planos que não se limitem a ser sérios, mas que se apresentem a altura de concitarem, pelo sugestivo dos seus termos de fácil entendimento, a adesão imediata, firme, consciente, de todos, em especial dos industriais e outras pessoas ligadas a estes e com os quais é normal contar-se para constituírem pedras de interesse no tablado económico do País; e outros englobando os observadores e divulgadores o máximo da população - que, todos, quererão colocar-se ao lado das nacionais dos outros países, desfazendo-se os fossos económicos que os separam. E que fossos, Santo Deus, eles são!: e que fossos, sim, nos estão a separar, do ponto de vista económico, de todos os restantes países da E. F. T. A., dos do Mercado Comum e de tantas das demais nações que, como a nossa, pertencem à chamada Europa ocidental!
Em recente trabalho que trouxe a público sobre aspectos que tocam a Portugal no âmbito da Convenção de Estocolmo - trabalho muito sério, na esteira de outros, e que mereceu do prestigioso diário O Século um dos seus sempre oportunos e esclarecedores artigos de fundo o conhecido publicista Prof. Guilherme Rosa, sem dúvida (é o próprio O Século que o diz, nas apreciações que dele tem feito) um dos nossos mais ilustres economistas e financeiros e mais qualificados observado-