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12 DE MARÇO DE 1965 4515

A Empresa de Pesca de Viana, igualmente, já não tem neste porto as condições necessárias ao exercício e económico da sua indústria.
Os barcos que hoje utiliza já raras, vezes conseguem entrar neste porto sem primeiro aliviarem a carga em Leixões, que depois têm de transportar de camião para Viana, com toda a despesa e encarecimento da exploração daí derivados.
A indústria de madeiras, uma das mais importantes do distrito, pois se destina a manufacturar a matéria-prima mais importante aqui existente, também já pouco pode contar com o porto de Viana para as suas exportações, tendo de levar os seus produtos a Leixões, com consequente encarecimento do transporte, porque a maioria dos armadores já se recusam a mandar os seus barcos carregar no porto de Viana pelas incertezas da barra.

O Sr. António Santos da Cunha: - Muito bem!

O Orador: - O hunterland do porto de Viana já não pode contar com este ponto pata o escoamento dos seus produtos nem para o seu natural abastecimento! É evidente, perante este facto, que baseai qualquer desenvolvimento desta região na existência do seu porto no seu estado actual é hoje em dia pura ilusão. Há, pois, que melhorar este ponto para as condições de exploração que dele se podem esperar e que a região necessita para o seu desenvolvimento.
Primeiro há que estudar a barra e ver até que ponto ela é aproveitável ou melhorável economicamente para as condições actuais de exploração da marinha mediante e dos calados indispensáveis previstos com prudente largueza para o futuro.
A simples cabotagem já não é hoje econòmicamente viável com os pequenos barcos com que se fazia antes, os navios de carga de longo e médio curso também aumentaram os seus calados, os barcos de pesca do alto e grandes arrastões aumentaram as suas tonelagens de tal forma que não podem facilmente, com segurança e certeza, demandar o porto de Viana com qualquer carga e com qualquer tempo.
Será possível dar à barra de Viana as condições de acesso e segurança necessárias para os barcos que devem demandar este porto e incluí-lo nas suas rotas, tendo em vista a utilizarão deste porto para um desenvolvimento industrial da região?
Esta é a primeira pergunta a que é necessário responder com exactidão.
Se é possível aprofundar a barra e o canal de entrada de maneira que se possa, dar ao ponto de Viana uma nova vida, então deve fazer-se imediatamente, em conjunto com as obras interiores correlativas, descongestionando assim Leixões e dando a esta região muitas e novas possibilidades.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se os estudos a fazer mostrarem que isso não é possível se os resultados das obras a efectuar são aleatórios, então o desenvolvimento industrial da região de Viana deve basear-se como apoio no porto de Leixões e ao porto de Viana deixam-se apelos as possibilidades actuais de porto local de pesca, como já é hoje, sem influência nem contribuição para o desenvolvimento industrial da região, a não ser para a indústria de conservas, alimentada por traineiras que podem sempre fixar-se neste porto.
Depois de nos fixai mós de uma maneira definitiva sobre as possibilidades reais da barra, já não é difícil definir exactamente quais as obras interiores necessárias paia a plena utilização do porto, visto que hoje não há barra, certa e seguia, para os barcos que normalmente utilizam este porto, e cuja tendência será só para aumentar em tonelagem e calado, e pense-se em obras interiores que não se sabe por quem poder ao vir a ser utilizadas.
Se se decide de uma vez para sempre não afundar a barra, nem melhorar as condições de acesso ao porto, então não vale a pena pensar em grandes obras interiores.
Melhorado o curso inferior do rio, beneficiada a barra e o porto, é indispensável tratar do problema do desenvolvimento industrial da região, dentro ainda dos princípios que citamos, como informadores da política regional de desenvolvimento a seguir.
Se for possível dar ao porto uma utilização fácil e permanente, poderiam aqui instalar-se um conjunto do armadores, frigoríficos e fábricas de conservas descentralizadas de Matosinhos e Leixões que descongestionassem aquela zona e beneficiassem esta região.
E atrás das fábricas de conservas quaisquer outras indústrias mais ou menos ligadas a estas e ao mar como fábricas de farinha de peixe, adubos, colas, hidrogenação de óleos, algas, etc
Não nos parece difícil dai ao porto de Viana as condições necessárias paia que essas actividades aqui se instalem, mas havia que preparar depois o porto internamente para que essas indústrias pudessem aqui viver a prosperar.
Não é muito variada nem complexa a gama dos produtos característicos da região, e, portanto, não sei á muito difícil definir o sentido de desenvolvimento industrial exigido para tirar o melhor partido de todas as potencialidades da região.
Os produtos fundamentais são cereais, especialmente o milho, vinhos e madeiras.
Os cereais devidamente tratados com as técnicas que a Junta de Colonização Interna, nas suas zonas de emparcelamento, vai instalar, ou ensinar, vão certamente produzir muito mais que actualmente, e, portanto, é natural que cheguem a ser excedentários e produzidos a muito mais baixo preço.
A ser assim, uma possível associação dos produtores da ribeira Lima ou da Federação dos Grémios de Lavoura da região devia pensar na possível industrialização desses excedentes.
E falemos numa possível «associação dos produtores ou lavradores da ribeira Lima» porque, se nos dirigimos aqui ao Governo pedindo-lhe para lançar os olhos sobre esta legião, é apenas para que os programas de acção sejam estudados com o maior cuidado, levando em conta todos os condicionalismos económicos e sociais da legião e porque só o Governo pode dispensai a estes estudos a soma avultada que eles reclamam o só o Governo dispõe dos recursos em técnicos e em dinheiro capazes de os localizar.

O Sr. António Santos da Cunha: - Muito bem!

O Orador: - uma vez os estudos feitos e os caminhos esclarecidos, é à iniciativa privada dos particularmente interessados que pertence levar avante a sua realização.
É claro que não podemos esperar mais que entusiasmo, iniciativa e trabalho, pois já no início das nossas palavras chamámos a atenção para a distribuição do rendimento nacional, e é precisamente da necessidade de o aumentar que estamos a tratar. Não se pode esperar encontrar aqui financiadores dos investimentos necessários, mas esse é precisamente outro aspecto em que o Estado