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13 DE MARÇO DE 1965 4541

Itália, 87 na Grécia e apenas 36 em Portugal. Dos diplomados em Agronomia, 80 por cento eram filhos de agricultores na Dinamarca e na Irlanda, 75 por cento na Grécia, 65 por cento na Noruega, 50 por cento na Dinamarca e apenas 25 por cento em Portugal (cf. Investissements Intellectuels dans l'Agriculture et Développement Économique et Social, O C D E).
A circunstância de o ensino universitário da incultura ser unicamente ministrado em Lisboa será, em boa parte, responsável pelo facto de Portugal não dispor de um número de engenheiros agrónomos que se apro xime das reais necessidades do País.

O Sr. Pinto de Mesquita: - Muito bem!

O Orador: - A Universidade de Lisboa serve, antes de tudo, como é óbvio, a população da capital. Muitos alunos do Instituto Superior de Agronomia que saem dessa população jamais tiveram um contacto íntimo com a terra, aspirando em regra à conquista de lugares burocráticos Lisboa serve ainda as regiões onde domina a grande propriedade - Ribatejo e Alentejo. Os que acorrem ao Instituto Superior de Agronomia, provenientes das regiões ao sul do Tejo, projectam, em parta dedicar-se ao exercício de actividades nas explorações agrícolas de que são proprietários.
A localização de Coimbra em região onde concorre a pequena e a média propriedade alia-se à circunstância de já aí se encontrar instalada uma escola de regentes agrícolas e de se dispor do apoio de uma Faculdade de Ciências, o que tudo fundamenta o sucesso da criação na capital do Mondego de uma Faculdade de Agronomia.

O Sr Pinto de Mesquita: - Eu contesto a V. Exa. a localização de uma Faculdade desse tipo em Coimbra - a tratar-se só de uma -, porque acho que à vista do Porto estaria mais bem localizada.

O Orador: - Não digo que não, mas entenda que a criação de uma Faculdade no Porto não prejudica b criação de uma Faculdade em Coimbra. Há em Coimbra todo um condicionalismo que justifica ali a localização de uma Vacuidade, visto que é uma zona agrária de grande concentração industrial Parece-mo, por exemplo, muito mais justificada a localização em Braga de uma Faculdade de Agronomia.

O Sr. Pinto de Mesquita: - Eu, quando falo no Porto, refiro-me & zona que tem o Porto por pólo. Não quero, pois, dizer que essa Faculdade haja, necessariamente, de localizar-se no Porto, embora integrada na respectiva Universidade, pode ser em Braga, em Guimarães tem Penafiel Mas V Exa. tocou um ponto que faz com se realmente essa Faculdade não deva estar muito longe da cidade do Porto, qual seja o de ter uma Faculdade de Ciências próximo.
Coimbra já está servida com escola secundária e no Porto não há, sequei, escola secundária de Agronomia.

O Orador: - Mas há muitos rapazes de lá que não seguem para a escola superior porque não têm meios.
Um outro aspecto que milita a favor de Cambra quanto a infra-estrutura escolar é a circunstância de aí haver uma Faculdade de Ciências, onde se professa todo o conjunto de cadeiras.

O Sr. Pinto de Mesquita: - Mas no Porto existe o mesmo condicionalismo.

O Orador: - No ponto de vista de condicionalismos universitários serão hoje os mesmos. Mas no ponto de vista de desconcentrarão e até numa planificação que se vai fazer.

O Sr. Pinto de Mesquita: - V Exa. não acha que o Porto seja também um pólo de desenvolvimento no ponto de vista agrícola.

O Orador: - O Porto já é um pólo desenvolvido.

O Sr Pinto de Mesquita: - Mas abrange o Minho, todo o Douro, Trás-os-Montes e parte da Beira Litoral.

O Orador: - Em meu entender, o problema das províncias do Norte do País, sem ofensa para o Porto, é precisamente o de se libertarem do papel polarizador que o Porto sobre elas exerce Braga, por exemplo, bem merece ser liberta do pólo de atracção do Porto.

O Sr Pinto de Mesquita: - Eu não digo que não seja em Braga, mas o conjunto de condicionalismos e a existência de uma Universidade e a Faculdade de Ciências é que aconselham que seja próximo do Porto, porque esta cidade é um ponto de convergência do Douro e do Minho.
O Porto o grande aldeão de Garrett - é ainda uma cidade quase rústica, cerca de dois terços dentro da Circunvalação.

O Sr. António Santos da Cunha: - A culpa é do Município, que não entra a esquartejar por ali adiantei.

O Orador: - A importância da sociologia entre os ramos do saber afirma-se com a maior intensidade.
A sociologia ascendeu, por todo o Mundo, à dignidade universitária [cf., por exemplo, o Traité de Sociologia (Gurvitch)].
Sociologia rural, sociologia urbana, sociologia industrial, sociologia política, sociologia religiosa, sociologia da informação, sociologia das relações raciais eis um mundo de sugestões onde o interesse não é meramente académico.
A psicologia industrial projecta-se nos métodos de organização do trabalho, na aprendizagem, na produtividade, no momentoso problema das relações humanas na empresa.
O desenvolvimento regional, o urbanismo, o desenvolvimento comunitário, têm o sucesso condicionado ao comportamento das populações.
O binómio política económica-política social faz apelo a estudos sociológicos sobre a educação, a estrutura familiar, a religião, o comportamento demográfico, a criminalidade.
Para a cultura portuguesa, produto de um contacto de i aças, e para os nossos objectivos de consolidação de uma nação plurianual, o estudo do contexto social em que estas realidades se inserem é um imperativo de dignidade e de acção prática.
Qual a situação da sociologia em Portugal?
Quando, em Setembro de 1962, se efectuou o V Congresso Mundial de Sociologia (Washington), que reuniu cerca de 1000 sociólogos de 51 países, apenas a Albânia, a Bulgária e Portugal, no que respeita aos países europeus, primaram pela ausência.
Creio ter a seguinte expansão, entre nós, o ensino da sociologia
Cadeiras de Sociologia Geral nas Faculdades de Ciências, na Faculdade de Engenharia do Porto e no Instituto Superior Técnico,