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4542 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 188

Cadeira de História da Agricultura - Sociologia Rural no Instituto Superior de Agronomia.
Cadeiras de feição mais ou menos sociológica no Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, na Academia Militar, no Instituto de Estudos Sociais (Decreto n.º 44 620) e nos institutos ou escolas de serviço social.

Daqui poderemos tirar duas ilações.

1) A ausência da sociologia nas Faculdades de Letras, Direito e Economia, ou seja naquelas Faculdades onde se cultivam as ciências com maiores afinidades com a sociologia.
2) Inexistência de uma Faculdade inteiramente votada à sociologia, onde estes estudos ganhem autonomia e dignidade universitária, tornando-se possível obter a correspondente especialização.
O actual condicionalismo não é assim propício à formação de professores e de investigadores.
Daqui ainda uma carência de mestres que professem os estudos de introdução à sociologia, ou sociologia geral, nos centros de ensino superior atrás referidos, B uma ausência de investigação base.
A falta de investigação base torna ainda difícil o sucesso dos sociólogos práticos No entanto, a carência destes é já hoje notória em sectores como o do desenvolvimento económico, produtividade industrial, bem-estar rural, habitação e urbanismo, saúde e assistência, segurança social, política ultramarina
Não será assim utópico advogar a criação em Coimbra de uma Faculdade de Sociologia.
Dentro de uma visão harmónica e unitária do saber humano (Universitas scientiarum) não se pode esquecer a sociologia.
For outro lado, numa visão prospectiva das ciências do homem, a integração das disciplinas especializadas ganha relevo. Daí o valor do contributo de uma Universidade como a de Coimbra.
A pedagogia deixou de ser uma arte empírica para se transformar numa técnica científica Em nossos dias as técnicas educativas e didácticas conheceram um desenvolvimento tal que se tornou corrente falar em «organização científica da escola», «racionalização da técnica escolar», «normalização das técnicas de ensino» (cf. Emile Planchard, A Organização Cientifica da Escola).
A maioria das Universidades criaram instituições adaptadas ao ensino científico da pedagogia, conduzindo os estudos que nelas se fazem à licenciatura e ao doutoramento em Psicologia Pura e Aplicada e em Pedagogia.
Justifica-se inteiramente a pretensão da Universidade de Coimbra relativa à criação de um curso de Ciências Psicopedagógicas, integrado na Faculdade de Letras, da qual seria uma secção, do mesmo modo que a Filosofia, a História e as Filoíogias (cf. Prof. Doutor Ferreira Gomes, Para Uma Licenciatura em Ciências Psicopedagógicas).
Tal como no estrangeiro, esta secção permitiria conferir o grau de licenciado em Ciências Psicopedagógicas e o grau de doutor em Psicologia e de doutor em Pedagogia.
Está demonstrado não existirem problemas relativamente ao recrutamento de professores, à existência de alunos e às possibilidades de emprego dos novos diplomados (professores de Psicologia, Pedagogia e Didáctica das escolas do magistério primário, professores das escolas normais para professores do ensino infantil, psicólogos escolares, professores de Psicologia nos liceus, conselheiros de orientação e selecção profissional, psicólogos militares,
investigação científica nos domínios psicológico, pedagógico e psicotécnico) Melhor pode mesmo dizer-se que são as perspectivas que estes aspectos nos oferecem que parecem impor a solução a que Coimbra bem justificadamente aspira.
No relatório do ano escolar de 1962-1963 escreveu o magnífico reitor de Coimbra, Prof Doutor Andrade de Gouveia.
Apesar de deficientes instalações, quase todas muito sobrelotadas de estudantes, apesar do seu diminuto pessoal docente, científico e técnico, apesar das suas deficiências em material, instrumentos e bibliografia, são ainda as Universidades as instituições mais apetrechadas e as mais próprias para a investigação básica, porque, além do meio e de apetrechamento apreciável, toda a sua consequência corresponde não só aos resultados científicos obtidos, mas também a precioso investimento no corpo escolar, donde resultará o levantamento do nível de produção da escola e a formação de pessoal superiormente habilitado para desempenho de funções em instituições universitárias e extra-universitárias
O pessoal altamente competente da Universidade, o seu valioso equipamento e a sua riqueza bibliográfica, condições necessárias para a produção científica, merecem bem o suporte do Estado e de particulares, pois esses esforços serão largamente reprodutivos. A criação e desenvolvimento de verdadeiros institutos, com pessoal científico, técnico e auxiliar próprio, muito contribuiria para aquela finalidade.
Um desejo já manifestado pela Universidade de Coimbra diz respeito à criação de institutos de investigação nas Faculdades de Ciências. Tal solução «com um quadro de pessoal de investigação, em regime de tempo integral, seria um forte impulso e um passo importante na organização da investigação universitária»
O mundo da investigação abrir-se hoje à economia Superando repugnâncias de outros tempos, o investigador compreende que tais preocupações, longe de degradarem o seu esforço, garantem a sua fecundidade e asseguram o emprego de recursos limitados para melhor servir a colectividade Esta tomada de consciência, de que a informação científica e técnica é um bem económico, está na base da integração da investigação científica nos modelos de desenvolvimento (cf., por exemplo, o n.º 2/3 de 1961 da revista Econômie Appliquée, dedicado a «Théorie Economique et Recherche Scientifique»).
No caso de Coimbra não será despicienda uma palavra relativa ao contributo da Universidade para o desenvolvimento regional da bacia do Mondego
Esta solução não é inédita, mas já hoje bastante vulgarizada entre as Universidades de todo o Mundo.
Exemplifique-se, em França, com o contributo dado pela Universidade de Rennes ao desenvolvimento regional da Bretanha ou com os Centros de Estudos de Desenvolvimento Regional das Universidades de Bordéus e de Montpelher. Nos Estados Unidos destacam-se o Instituto de Investigação e Ciência Regional da Universidade da Pensilvânia, o Instituto Tecnológico de Harward e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
Em Itália ganharam distinção as instituições das Universidades de Catania e de Messma, além da colaboração prestada pelas Universidades de Cagliari Sassau e Nápoles. Na Alemanha, a Universidade de Kiel teve intervenção não só no desenvolvimento da região que serve, mas ainda ao planificar a reconstituição de Kiel, duramente destruída pela guerra Finalmente, em Espanha, pode fa-