O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

13 DE MARÇO DE 1965 4539

a atingir as três dezenas Muitos dos colégios, fundados e administrados pelas ordens religiosas, funcionaram apenas como residências de escolares universitários.
A sua memória ficou atestada no valor das personalidades que os habitaram, dos monumentais edifícios que ainda hoje enobrecem a cidade, das preciosas livrarias que possuíam, uma das quais, a do Colégio de S. Pedro, ainda hoje se conserva integrada no património da Universidade.
Só depois da extinção das ordens religiosas e consequentemente dos colégios universitários é que surgiu o recurso ao alojamento em repúblicas e em pensões.
As insuficiências das actuais soluções são bem no conhecimento de todos os que estudaram em Coimbra.
As futuras residências universitárias não devem limitar-se a constituir um hotel ou pensão, mas deverão transformar-se em centros de estudo e de convivência
Cumpre ao Governo fomentar, por todos os] meios, a sua construção em Coimbra
As entidades que de antemão ofereçam garantias de «são critério directivo e de continuidade na prossecução da obra formativa da juventude» deverão beneficiar de auxílio traduzido em subsídios, comparticipações e utilidades de crédito
Mas passemos deste problema do alojamento dos estudantes para o outro igualmente importante obras instalações do ensino.
Infelizmente as obras da Cidade Universitários de Coimbra têm conhecido um ritmo extraordinariamente lento, o que se projecta, bem negativamente, no desenvolvimento das actividades fundamentais da Universidade Mesmo pondo de parte o problema das novas Faculdades, a que Coimbra tão justamente aspira e de que me ocuparei mais adiante, todos reconhecem a insuficiência de algumas das actuais instalações escolares e a necessidade de acelerar o ritmo das obras projectadas ou em curso.
A construção dos novos laboratórios d« química e de física constitui uma necessidade indiscutível.
O actual laboratório de química, por exemplo, dispõe, para os seus 1 300 alunos, de 60 lugares laboratoriais A sua rica biblioteca espalha-se pelos corredoras e vãos das janelas Os investigadores e os técnicos não já dispõem de um mínimo de condições satisfatórias de trabalho.
Logo que estes dois laboratórios se instalam em nova construção será oportunidade para se adapto o edifício dos «museus» a museu e laboratório mineralógico e a museu e laboratório zoológico Quanto ao atraia edifício do laboratório químico sugeriu a respectiva! Faculdade que fosse destinado a museu da ciência.
Também as obras do observatório astronómico deveriam conhecer um desenvolvimento que possibilitaste a sua conveniente utilização.
Igualmente clamoroso é o problema do Inóspita! escolar Amiudadas vezes se tem salientado como as «instalações actuais do Hospital da Universidade. O completamente impróprias para os fins a que sei (destinam e inadaptáveis às exigências da medicina contemporânea» A moderna Faculdade de Medicina de Coimara não tem, assim, um hospital que a coadjuve na realização de seus fins docentes Os projectos do novo edifício encontram-se elaborados, mas a sua construção tem si< a prejudicialmente protelada.
A imperiosa reforma dos estudos de Farmácia tornará mais flagrante a necessidade de construção fe um edifício adequado A escolha do local para a futurai faculdade de Farmácia deverá, pois, seguir-se a elaboração do projecto definitivo do novo edifício e, sobretudo, a se construção.
Quanto à Faculdade de Letras - construção nova na velha Universidade -, as suas instalações são já hoje exíguas Este facto é eloquente não só quando ao desfasa-
mento entre os nossos projectos e a sua tardia execução, mas ainda relativamente a um certo espírito maltusiano que domina as concepções de alguns planeadores Uma solução, no acanhamento dos condicionalismos criados, será a construção de um 7.º piso em todo o actual edifício Finalmente, no que respeita à Faculdade de Direito, a sua expansão justifica uma adaptação conveniente nos edifícios centrais da Universidade.
A Universidade, conforme acentuou o Prof. Braga da Cruz no ensaio já citado, não deverá fechar-se sobre si, numa torre de marfim, afastando sistematicamente todos os ramos do saber que lhe batem à porta, de tempos a tempos, e pedir ingresso. «Essa é a razão por que a Universidade de Coimbra, com a responsabilidade que lhe advém de quase sete séculos de história, ao mesmo tempo que reclama a restauração da sua Faculdade de Teologia, deseja hoje ardentemente a criação no seu seio de novas Faculdades para o ensino da Engenharia, da Agronomia, das Ciências Económicas, etc , na certeza de que o ensino desses ramos de saber só terá a lucrar em Ser feito nos quadros de uma Universidade de fortes raízes clássicas» Detenho-me com mais pormenor na justificação destas pretensões.
A Faculdade de Teologia de Coimbra - como tão expressivamente afirmou o nosso colega Dr. Finto Carneiro nesta tribuna -, pela sapiência dos seus mestres, pela excelência da sua produção bibliográfica, pela sua cintilante irradiação, agigantou-se com especial relevo entre as que mais concorreram para o prestígio que a Universidade de Coimbra conquistou aquém e além-fronteiras. A sua extinção, como resultado prático do Decreto de 23 de Outubro de 1910, repercutiu-se bem deletèriamente na cultura portuguesa.
Parece-me oportuno repetir, a tal propósito, as considerações constantes de uma moção aprovada pelo Senado Universitário já em 22 de Janeiro de 1954
A cultura portuguesa, pela carência de estudos teológicos superiores, apresenta, em confronto com o saber de quase todos os países que pertencem à nossa civilização, uma lacuna que não se compadece com os esforços de ressurgimento em que a Nação se vem empenhando há um quarto de século.
Ao passo que, por toda a parte, se empreende uma restauração e dignificação da Teologia, verifica-se em Portugal, neste importante sector das ciências do espírito, a mais lastimosa decadência, nem possuímos institutos de altos estudos religiosos, nem centros de investigação histórico-doutrinária, nem revistas ou outras publicações da especialidade. Esta apagada e triste condição reflecte-se não só na ilustração do clero, mas até no nível da ciência portuguesa, de gloriosas tradições no domínio da investigação teológica, e do próprio ensino universitário, mutilado na integridade que outrora o caracterizou.
A, restauração da Faculdade de Teologia em Coimbra é, assim, indispensável ao desenvolvimento cultural do País e ao equilíbrio da Universidade. Mas será ainda oportuna quando se anunciam outros estudos superiores de feição católica?
Também o Dr. Pinto Carneiro já respondeu a esta questão.
A Faculdade de Teologia não exclui de forma alguma a Universidade Católica, antes, pelo contrário, com ela se concilia, estimulando-lhe um ambiente mais propício, incentivando a sua marcha, coadjuvando-a nos seus labores de investigação Será demasiada ambição desejar para uma pátria, com milhões de cidadãos dispersos pelo Mundo, mais do que um Centro Universitário de Estudos