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866 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 48

bem para que não tenhamos uma agricultura de comando só de «generais», e sem «subalternos».
Beja, com a potencialidade da sua terra, tanto de um sequeiro que se quer intenso, como de um regadio que se pretende extenso, bem merece, tal como o apontámos no ano passado, o estabelecimento nela d» sua escola agrícola.
E no distrito ficaria em condição do maior favor, atentando na expansão industrial que há-de seguir-se a um agro valorizado, que não tardará em mostrar-se, o já por nós sugerido instituto industrial do Sul, do maior interesse para a região, como igualmente o seria para o País.
A proposta é credora ainda de um muito bem pela intensificação que pretende para a cultura, estudos nucleares, ensina, bem-estar rural e saúde.
Para esta ultima dirigimos um reparo e uma petição. O reparo visa j silêncio, continuado este ano, sobre as duas mais graves andronoses que afectam o homem em nossos dias - o cancro e as doenças cárdio-vasculares -, em cuja luta, que tem de ser homérica, há que investir dilatados recursos. O pedido é para uma eficiência maior da protecção materno-infantil no distrito de Beja, aquele que ao sul do Mondego tem a mais alta taxa de mortalidade, para cima da rnédi I geral do País. Com os seus 64,7 por cento, Beja carece de uma atenção muito especial neste problema de magna importância. Necessário se tornam dotações generosas aos estabelecimentos assistênciais do distrito e a multiplicação destes para evitar hoje o desaparecimento de muitas crianças que serão homens de amanhã.
O tráfego aéreo, que felizmente está em expansão na quantidade dos passageiros e tonelagem de carga, encontra-se, no entanto limitado, na rede interna, às carreiras do Porto e Faro, o que julgamos, nos dias que vão correndo de vida intensa e acelerada, em franco desajustamento com as necessidades nacionais. Entendemos que é tempo de pôr em prática o que está equacionado para o alargamento pelos recantos mais apartados do País dessa alavanca potente do progresso que é o trânsito pelo ar.
Não se compreende que Beja, na perspectiva, para breve, de uma população sumamente acrescida, da qual grande parte é alienígena, com alto poder económico, e dispondo de um campo de aviação, cremos que regular, podendo e devendo ser beneficiado, não tenha ainda uma carreira, aérea que a ligue em escassos minutos u capital, bem como ao emaranhado, a. montar, das restantes cabeças de distrito.
E então Bragança, Vila Real e Viana do Castelo o quantas mais cidades, distanciadas, não anseiam pela rapidez das comunicações, que só a via aérea resolverá pelo melhor!
Mais nos referimos ao problema da habitação. E ele crucial em todo o País, anãs então em Beja tem hoje, com a base aérea em instalarão apressada, uma acuidade que ultrapassa em muito quanto é de tolerar. Apoiamos o pensamento expresso do estudo de conjunto do problema, por também supormos ser este o melhor caminho de correcção da estrutura.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Chegou a termo esta minha tessitura mal urdida, de apreciação da Lei de Meios.
A última palavra vai para a situação difícil do funcionário público, vergado ao peso de uma vida extraordinariamente custosa, de suportação quase impossível, e isto sem excepção para qualquer hierarquia.
A subida de preços, que dia a dia se vai acentuando, e, o que é pior, exactamente nos bens de consumo, não há força que a detenha.
Supor-se que a extrema exiguidade dos proventos do funcionalismo pode travar de alguma maneira o surto de agravamento que se processa em ritmo de vertigem é conjectura totalmente errada.
O subsídio de vencimento não resolveu problema algum, a todos tendo naturalmente desagradado, e até ao próprio Sr. Ministro das Finanças, que se confessou o primeiro descontente. Pena foi que isso houvesse de acontecer. O acréscimo diminuto serviu, sim, e tão-só, para pretexto de maiores alteamentos. Ultrapassado já antes do seu percebimento, tornou-se depois dele absolutamente improfícuo.
A assistência na doença, pouco eficiente de momento, e dizemo-lo até por sentir próprio, bem como as habitações que é possível adquirir ou construir, sempre em reduzido número, tudo isso é quase nada para o muito que seria necessário.
O que conta, portanto, é o provento directo, e é este que carece de ser urgentemente corrigido, ajustando-o tanto quanto possível ao custo exagerado da vida e ao nível do que paga a empresa privada, evitando-se assim a repulsão e o magro Rendimento de trabalho, que pelo geral se estão verificando.
Pensamos em tantos e tantos casos de franca debilidade de viver, pensamos na angustiosa situação dos reformados e das pensionistas do* Estado, que têm direito à dispensa de carinho maior que aos do activo; e não resistimos à tentação do apontamento das tão prestimosas regentes escolares que a ínfima remuneração vem afastando em debandada. O distrito de Beja tem hoje encerrados quase meia centena de postos, e no concelho de Odemira passa das duas dezenas.
Não pode haver bem-estar rural quando os homens que servem esforçadamente a gleba vêem os seus filhos caminhar dezenas de quilómetros por dia à busca da cultura, que é fundamento de vida.
Sabemos bem o cúmulo de dificuldades que sopesam o nosso erário, mas igualmente percebemos, e indicámo-lo no ano transacto, de quanto remedeio para o aflitivo viver dos servidores do Estado traria uma perfeita reestruturação dos quadros e a simplificação burocrática.
Isto nos diz, este ano, o Sr. Ministro das Finanças que está em curso adiantado.
Este pedido dirigimos a S. Ex.ª que a reforma administrativa, que anuncia, venha em bem e a tenhamos depressa.
Vou terminar com um muito obrigado para todos VV. Ex.ªs, que tiveram a atenção de me ouvir.
Disse.

Vozes: -Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão. O debate continuará na sessão da tarde, à hora regimental, sobre a mesma ordem do dia.
Está encerrada a sessão.

Eram 13 horas e 20 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Agostinho Gabriel de Jesus Cardoso.
Antão Santos da Cunha.
António Barbosa Abranches de Soveral.
António Calheiros Lopes.
António José Braz Regueiro.