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15 DE DEZEMBRO DE 1966 861

racial, com a vantagem evidente para as novas Libarias africanas, que passariam a ter, além de mão-de-obra valiosa, possibilidades infinitas de capital para todos os necessários investimentos; podendo, e como contrapartida pode também, antever-se nova possibilidade de surto de crescimento económico da grande democracia da América do Norte com um mercado de consumo enormemente ampliado e com as suas indústrias fartamente alimentadas de ricas matérias-primas. E neste aspecto é conveniente não esquecer que, por exemplo, quanto ao ferro, as minas norte-americanas já estão muito próximas do seu esgotamento.
Quanto à Rússia, e talvez a sua situação actual perante a China não tivesse sido prevista nas conversações de Viena, não lhe falta na realidade espaço vital para os seus 225 milhões de habitantes.
Porém, necessita hoje, mais do que nunca, de uma Europa forte, que lhe faculte retaguarda sólida na luta fatal contra o seu vizinho chinês. For isso, partidária de uma Europa progressiva, ela aceita-a mas somente sob a égide eslava, e não germânica, que não admite, com receio do reacender de novo do poderio alemão. Este o fundamento da declaração russa, ainda muito recente, feita em Paris, de que os dois Estados alemães independentes é situação que a Rússia considera definitiva, e isto como prevenção ao general De Gaulle, que hoje personifica o nascimento de uma terceira força mundial - a europeia - e que decerto não deseja ver dominada pelo espectro comunista ou nazista.
A Europa, possível terceira força nesta ciclópica luta que hoje se trava nas chancelarias e fora delas para o domínio do (Mundo, tem um papel medianeiro que a sua elevada civilização lhe faculta. E só ela poderá evitar que deflagre no Mundo uma guerra atómica, que fatalmente, destruirá a vida do nosso planeta.
Com os seus quase 400 milhões de habitantes, não coutando com os eslavos de Leste, reúne a Europa um potencial de cultura, valor científico e técnico, riqueza de matérias-primas, caso não perca a sua influência em África, de energia e de potencialidades industrial e agrícola, num total que ultrapassa, significantemente, qualquer dos actuais colossos mundiais.
Criado o Mercado Comum e diluídas já muitas das disparidades que dificultavam o progresso económico das nações associadas nesse espaço, bem como a E. P. T. A., que realizou já trabalho igualmente importante no mesmo sentido, não virá longe, digo, o momento em que a Europa unida, nações de facto diferentes mas constituindo um todo harmónico, será uma importante força dissuadora entre totalitários de várias índoles no mundo da política e da finança.
Esta rota, já hoje aceite por grandes responsáveis, não é mais do que a realização de uma política de que Salazar foi genial antevisor. E a, política portuguesa em África é seu natural corolário. As gloriosas forças armadas de Portugal, defendendo as fronteiras da Guiné, de Angola e de Moçambique, não lutam só pela sobrevivência de um Portugal que há-de ser eterno, imas estão lutando também pela civilização cristã, de que temos sido, sempre, o mais valoroso defensor.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tendo em atenção no que fica dito nesta breve síntese sobre a actual conjuntura política internacional e enumeradas as principais linhas de acção que, presentemente, a condicionam no seu processo evolutivo, tudo leva a crer que a Europa, importante força política e económica em reestruturação no mundo contemporâneo, terá de se apoiar, no seu guindar ao lugar que lhe compete no concerto internacional, numa sólida economia e numa sã estrutura social. Para tal se verificar é mister ter em linha de conta não só a dimensão do espaço vital europeu, suficientemente vasto se o considerarmos projectado nas zonas africanas e do Médio Oriente, onde tradicionalmente se expandiu a civilização cristã, mas também o progressivo acréscimo do nível de vida já nojo relativamente elevado da sua população.
Contudo, haverá ainda que corrigir inúmeras assimetrias espaciais de carácter restrito, bem como outras mais amplas, como as do Sul e Sudeste, motivadas em grande parte por uma mesologia imprópria para uma agricultura intensiva generalizada ou para um crescimento industrial de elevado ritmo.
Nesse indispensável esforço de nivelamento das condições de existência das populações europeias haverá muito a esperar da compreensão dos países industriais hoje mais evoluídos. Estes retirarão, decerto, também, desta evolução, notável benefício ao verem significantemente aumentada a dimensão do mercado para os produtos das suas: indústrias e mesmo para os das actividades mais especializadas do sector primário.
Uma palavra de justíssimo louvor é aqui devida, sem dúvida, ao ilustre Ministro da Economia, Dr. Correia de Oliveira, pelo brilho com que sempre tem defendido esta tese e os êxitos indiscutíveis já conseguidos para a efectivação desta política, a única que, na realidade, poderá contribuir para a constituição de uma Europa susceptível de continuar no futuro os progressos da civilização que, durante séculos, foi fecundo centro de irradiação através do Mundo.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: -Haverá, certamente, que admitir, ainda, que se verifiquem grandes sacrifícios por parte das nações industriais e de outras onde domina a população activa, dedicada, em grande parte, aos trabalhos da terra, e, talvez, o maior de todos esses sacrifícios terá de ser feito pela outrora industrial e próspera Grã-Bretanha, que, de primeira potência mundial no período vitoriano, terá de transitar para uma situação inferior de simples potência europeia, integrando-se, como os restantes países do continente, nos problemas vitais de uma Europa unida, independentemente dos interesses de uma comunidade de povos que a política socialista wilsoniana acabou por liquidar.
De banqueira e consequente beneficiária, em grande parte do Globo, das actividades de centenas de milhões de brancos, de pretos e de amarelos, a Grã-Bretanha de hoje terá, para sobreviver, de ingressar, com toda a sua esplêndida energia, superior experiência e faculdades de labor científico e técnico, no ritmo de trabalho europeu, onde contará apenas a produtividade do seu labor, e não os jogos malabares, em que também foi perita exímia, no sentido de dividir em lutas sangrentas os povos desta sacrificada Europa e recolher depois, nos rescaldos, os tristes frutos de tais desavenças.
E não será só a Grã-Bretanha que terá de abdicar dos ideais do poderio. A Europa unida não aceitará da mesma forma este tipo de hegemonia, quer sob os signos germânico, latino ou eslavo. E, por isso, só é de admitir uma política europeia válida quando a meta a atingir seja a da valorização geral do trabalho das suas gentes.
É do conhecimento de todos os contemporâneos que a Europa, mercê dos auxílios conseguidos através do Plano Marshall p de outras organizações subsequentes que lhe