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14 DE JANEIRO DE 1967 1003

Ali se lhes devem ensinar os ideais maiores que formam um carácter e um homem com a perfeita noção do seu valor e da dignidade que a cada um cabe no concerto social.
Ainda ali se devem couraçar os nossos jovens contra os perigos que os esperam nos primeiros contactos com o exterior.
(E, assim, a educação familiar terá de ser um diálogo contínuo entre pais e filhos onde aqueles terão de apresentar os conhecimentos dos seus estudos e da sua vivida experiência e estes as naturais perguntas de tantas dúvidas e procurar resposta conveniente para elas.
Infelizmente, esse diálogo não se estabelece, mercê da vida agitada do presente e do censurável esquecimento que, muitas vezes, os pais votam à obrigação de amparar e educar os filhos.
Quando muito, há uns rápidos momentos de encontro à mesa das refeições para, no fim, cada um deles seguir rumo diferente até ao dia imediato, pois nem sequer, em muitos casos, existe o cuidado de verificar se o filho já recolheu ao quarto quando o pai se propõe fazê-lo.
E há particularidades de educação decisivas no futuro do homem que não podem ser ensinadas nas escolas, pois só no seio da família podem ser apreendidas.
Assim, a curiosidade natural do jovem, não vendo dada satisfação às interrogações que a sua alma formula, em breve se transforma em perturbadora inquietação à espera de resposta aos problemas que o preocupam.
Não encontrando uma resposta dentro do lar, muitas vezes por criminosa inércia ou comodismo dos pais, tenta encontrá-la no meio exterior, num ambiente desconhecido e pouco propício à salvaguarda das virtudes generosas da juventude.
Aqui é que começa a acção nefasta das doutrinas esquerdistas — permanente, actualizada e persuasiva, como proclamou o ilustre Deputado avisante.
Equipas devidamente preparadas e, infelizmente, espalhadas pelas diversas actividades tomam à sua conta a juventude desprevenida que aliciam e instruem para a transformar em instrumento da sua própria actividade.
Pouco a pouco, a juventude vai-se pervertendo e desmoronando, acabando por um espectáculo degradante das tendências e das suas possibilidades.
Os jornais dão conta dos desmandos que essa mesma juventude pratica, esquecendo os sentimentos de generosidade, da colaboração, da lealdade e da bondade, que eram o seu apanágio.
Felizmente que em Portugal, salvo um ou outro caso esporádico e sem valor apreciável, a nossa juventude ainda não enveredou por esses caminhos.
Mas há, é evidente, que tomar as devidas precauções a tempo de evitar que o mal assente arraiais em terra portuguesa.
E indispensável um esforço conjugado de todos os departamentos ou instituições a que cabe a honrosa responsabilidade de dirigir e preparar os homens de amanhã.
No mesmo dia em que se efectivou nesta Assembleia o aviso prévio sobre a nossa juventude, anunciava o Sr. Ministro da Educação Nacional a publicação de um novo Estatuto de Educação Nacional, acabado de receber há momentos.
E de esperar do ilustre estadista que no estatuto anunciado se encare o problema frontalmente e com decisão, por forma a conseguir uma solução que proteja e oriente a juventude e mobilize todos os recursos e actividades para tal efeito.
Há que pedir à família portuguesa uma atenção cuidada aos familiares mais novos, acompanhando-os nos primeiros contactos com a vida e não permitindo que eles se precipitem, inadvertidamente, nos braços dos inimigos da moral, da ordem e do bem-estar de um povo.
Nesta hora em que estamos numa luta gloriosa e plena de heroísmo, na defesa do rico património nacional, com vários séculos de existência, em que os nossos jovens se agigantam, que os pais de família sejam os combatentes da retaguarda, dando a seus filhos o entusiasmo da sua fé e a noção exacta do valor do homem, face à riqueza dos conceitos morais, religiosos e sociais que os orientam na vida.
Serão esses os pais dignos de tal nome, dignos do respeito de todos os bons portugueses que desejam viver a vida maravilhosa de reconstrutores de uma pátria, na preparação cuidada, dos homens do futuro.
Na sequência da educação familiar, há que pedir ao professor a sua valiosa contribuição na educação da juventude, não se esquecendo que a instrução ministrada tem de correr parelhas com a educação.
E o professor, se quiser, pode ir muito longe nos trabalhos de educação da juventude.
Invoco aqui o testemunho do Prof. Marcelo Caetano, que diz:

Sei que não basta a nomeação no Diário do Governo, nem a presunção do saber, nem o prestígio da idade, para ser um mestre daquilo que não está nos programas escolares.
E que a esses mestres procura-os a juventude onde -os encontra, vivos ou mortos, novos ou velhos, doutores de capelo, ou autodidactas, filósofos ou poetas, nas academias ou mansardas.

Mas, infelizmente, casos há em que a inércia ou o fanatismo político destes educadores concorrem para a perdição do jovem.
Se a maior parte do professorado estima a tradição dos bons educadores, acompanhando a evolução do aluno no campo da inteligência, da moral e do conhecimento, outros há lamentavelmente arredados dessa tradição e que são os primeiros a contribuir para o desmoronamento do jovem e para o destroçar de uma alma.
Considero crime grave a acção deletéria exercida junto da juventude por aqueles que têm responsabilidade na sua formação para a vida.
E, porque assim é, torna-se indispensável uma acção fiscalizadora sobre tão maus servidores da Nação, pois desvirtuam a alta missão que lhes foi confiada.
São bem conhecidos estes atentados à integridade moral e social dos mesmos jovens e não menor atentado à unidade, ao progresso e ao bem-estar nacionais.
Na escala das pessoas e organismos que podem ter acção de relevo junto do jovem encontra-se a Mocidade Portuguesa, desde que lhe sejam facultadas as possibilidades para isso.
Talvez que a ideia estivesse presente no lúcido espírito do Sr. Ministro da Educação Nacional quando decretou novas directivas para esta patriótica organização.
Ou fosse por deficiência das normas regulamentares ou por falta de preparação adequada de quem tinha de exercer a actividade complementar educativa, a verdade é que a Mocidade Portuguesa nem sempre correspondeu ao que dela se esperava.
Certo, porém, que ela mostrou ser uma organização útil e ser capaz de ter acção de relevo na educação da juventude.
Os frutos foram de tal modo promissores que conduzem ao reconhecimento da necessidade da sua continuação em bases que lhe dêem maiores possibilidades para