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1010 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 56
cheio de dedicação e coragem, que bem os distancia dos pobres falhados que vivem na embriaguez do tédio, no exibicionismo das velocidades ou na agitação das coisas mínimas.
Quando regressam à metrópole, estes rapazes, orgulhosos na plenitude das suas personalidades e forças, robustecidos numa profundidade de riquezas e destinos, entram necessariamente em conflito com o nosso meio naquilo que ele possa ter de posições conquistadas no favoritismo, de riquezas acumuladas na protecção ilegítima, de mediocridade acalentada no conformismo.
Eis mais um conflito de gerações.
Que fazer? Todos acreditamos que esses jovens têm razão. Importa, pois, que os responsáveis sejam fiéis à lucidez e à justiça.
A Nação, repito-o, não poderá desculpar, ainda, que os interessados invoquem o pretexto da unidade, as lutas estéreis em que se comprazem os medíocres e os ambiciosos, os interesses ilegítimos da plutocracia.
A guerra de África é, em suma, mais uma razão para o Governo encarar de forma resoluta e segura a obra educacional que se lhe impõe, de corresponder às exigências de uma melhoria na situação económico-social dos portugueses de aquém e de além-mar.
A presença de Portugal em África não se pode afirmar apenas pela força das armas. A grande batalha da paz é a do desenvolvimento económico-social em que toda a Nação se deve ocupar, é a da promoção sócio-cultural das populações nativas.
Urge, assim, multiplicar os esforços para instruir e educar, em toda a extensão, as gerações do ultramar. Importa, complementarmente, assegurar-lhes trabalho e nível de vida.
São aspectos indivisíveis, pois, se generalizarmos a instrução sem promovermos um desenvolvimento - harmónico da economia e uma justa repartição da riqueza, formaremos apenas candidatos ao terrorismo.
Sr. Presidente: Creio que são de Jaspers estas palavras:
Nós vivemos uma época espiritualmente incomparável e grandiosa, porque rica em possibilidades e em perigos; mas, se ninguém for capaz de se colocar à altura das suas exigências, ela poderá converter-se na era mais miserável da história, marcando a derrota da humanidade.
Parece-me que tal afirmação, guardadas as devidas proporções, se ajusta particularmente à hora que vive a comunidade portuguesa.
Façamos, pois, tudo para que as possibilidades e perigos que estamos enfrentando nos justifiquem perante a história e nos honrem no juízo das gerações que nos sucederem.

Vozes: — Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: — Vou encerrar a sessão.
O debate continuará na próxima terça-feira, dia 17 do corrente, à hora regimental, sobre a mesma ordem do dia.
Está encerrada a sessão.

Eram 17 horas e 35 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:
Albano Carlos Pereira Dias de Magalhães. António Augusto Ferreira da Cruz. António Barbosa Abranches de Soveral. António Calapez Gomes Garcia. António Dias Ferrão Castelo Branco. António José Braz Regueiro. António dos Santos Martins Lima. Arlindo Gonçalves Soares. Armando Acácio de Sousa Magalhães. Armando Cândido de Medeiros. Augusto César Cerqueira Gomes.
Gonçalo Castel-Branco da Costa de Sousa Macedo Mesquitela.
Henrique Ernesto Serra dos Santos Tenreiro.
João Duarte de Oliveira.
José Alberto de Carvalho.
José Dias de Araújo Correia.
José Gonçalves de Araújo Novo.
José de Mira Nunes Mexia.
Júlio Alberto da Costa Evangelista.
Luís Folhadela Carneiro de Oliveira.
Manuel Henriques Nazaré.
Manuel Marques Teixeira.
Mário Amaro Salgueiro dós Santos Galo.
Martinho Cândido Vaz Pires.
Rui Pontífice de Sousa.
Teófilo Lopes Frazão.
Tito de Castelo Branco Arantes.
Tito Lívio Maria Feijóo.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Agostinho Gabriel de Jesus Cardoso.
Alberto Henriques de Araújo.
Álvaro Santa Rita Vaz.
Aníbal Rodrigues Dias Correia.
Antão Santos da Cunha.
António Magro Borges de Araújo.
António Maria Santos da Cunha.
Aulácio Rodrigues de Almeida.
Custódia Lopes.
Deodato Chaves de Magalhães Sousa.
Elísio de Oliveira Alves Pimenta.
Ernesto de Araújo Lacerda e Costa.
Fernando Afonso de Melo Giraldes.
Fernando Alberto de Oliveira.
Francisco Elmano Martins da Cruz Alves.
Francisco José Roseta Fino.
Joaquim de Jesus Santos.
Joaquim José Nunes de Oliveira.
José Guilherme Bato de Melo e Castro.
José Henriques Mouta.
José Pinheiro da Silva.
José Rocha Calhorda.
José dos Santos Bessa.
Leonardo Augusto Coimbra.
Luciano Machado Soares.
Manuel Amorim de Sousa Meneses.
Manuel João Correia.
Manuel Lopes de Almeida.
Raul Satúrio Pires.
Rui Manuel da Silva Vieira.
Simeão Pinto de Mesquita de Carvalho Magalhães.

O Redactor — Luiz de Avillez

Imprensa Nacional de Lisboa