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1076 DIÁRIO DÍS SESSÕES N.º 59

Compreende-se assim que muitos jovens fujam à influência da escola que devia ser uma das melhores defesas contra a inadaptação social.
Recentemente foi decretada a obrigatoriedade da 6.ª classe, o que constitui, na realidade uma excelente medida, mas é preciso preparar professores, fornecer-lhes os meios para o bom desempenho da sua nobre missão e, principalmente, pagar-lhes em conformidade com o trabalho que se lhes deve exigir.
Com efeito, hoje o conceito do professor-funcionário está ultrapassado para se falar do exercício de uma missão a que já se tem chamado "sacerdócio" pelo que tem de alto e sagrado. O professor deverá ser um colaborador da família que lhe
Entrega a criança em idade fortemente impressionável para que a ajude a fazer dela "alguém", podemos mesmo afirmar que a família e o professor serão os construtores da Nação, pois, em cada jovem lançam os alicerces de um cidadão válido e consciente.
Fora da escola é dos pais, como já acentuei que cabem as maiores responsabilidades na instrução e educação de seus filhos, mas, infelizmente, quantos e quantos falham nessa sua missão!
Especialmente a influência religiosa dos pais na educação dos seus olhos deixa muito a desejar.
Muitos embota praticantes sinceros, pensam que a educação e a formação religiosa de seus filhos dependem única e exclusivamente do padre e do catequista. E ficam-se na prática exterior, que faz parte integrante das tradições familiares, julgando que fazer mais seria indiscreto se não prejudicial. Esquecem-se do princípio pedagógico fundamental de que toda a educação é colaboração e que, por, consequência o educador, mesmo padre e agindo como padre não pode quase nada sem a sua influência.
Não há nada mais prejudicial à formação religiosa das crianças do que a neutralidade e mesmo a complacência dos pais. Estes, se quiserem podem facilmente adquirir uma grande influência intelectual sobre os seus filhos
A maior parte tem bastante ascendência moral para se fazer obedecer, mas
sente-se mal preparada quando se trata de exercer uma influência religiosa.
E sem a influência religiosa dos pais, sobretudo sem o seu exemplo, é quase tão difícil formar a consciência de uma criança ou de um adolescente como formar, sem autoridade intelectual ou ascendência moral, a sua inteligência e a sua sensibilidade.
A razão é simples pois, com o nosso mau exemplo, estamos a negar princípios que incutimos no espírito dos nossos filhos, como verdadeiros, e isso em vez de lhes dar aquela coesão de pensamento e de querer que é objecto do esforço pedagógico abala-os e condu-los ao pior caos.
Que deveremos então fazer? Não nos interessam os estudos dos nossos filhos? Não temos com eles um cuidado especial? Da mesma forma (diremos mesmo com maior razão) a vida religiosa dos nossos filhos deve ser para nós um cuidado constante. Se é necessário fiscalizar e controlar de muito perto a prática religiosa exterior, há uma influência interior que os pais podem e devem exercer.
No fundo, a prática religiosa deve abranger toda a nossa vida não só quando recebemos os sacramentos, mas também quando trabalhamos e nos divertimos, quando afirmamos ou julgamos, quando repreendemos ou felicitamos. É isto, que podemos observar ainda nas famílias em que se dá à religião o seu verdadeiro sentido. O que quer que se faça aí tudo é considerado, sempre, sob o ângulo dos verdadeiros princípios.
Se se fala por exemplo, ao filho do seu futuro esse futuro não deve ser só dinheiro, honrarias ou satisfação pessoal, mas sim um futuro onde ele desempenhe uma missão providencial. Quer se trate de dever cívico, de exemplo a ser dado de devotamento social de distracções a aceitar, de leituras a fazer, de espectáculos a ver - tudo depende de um princípio único, que, por isso mesmo, unifica a acção e consequentemente, a reforça.
É isso o que importa, muito mais do que fastidiosas declarações de princípios.
E é exactamente esse tipo de clima familiar que nós pais e educadores devemos implantar em nossas casas, pois sem ele pouco ou nada poderemos fazer.
E aqui está a verdadeira resposta a um problema que, a muitos tem parecido insolúvel.
Como é que jovens criados num ambiente cristão, em virtude de um método de educação especificamente católico, imbuídos da moral evangélica dirigidos e orientados durante anos não somente por pais cristãos, mas também por padres e religiosos, como é que esses jovens, depois de bem pouco tempo, abandonam a prática religiosa ou a reduzem ao mínimo?
Respondemos, sem hesitar que não se pode colher mais do que se semeou.
De facto, os pais, quando se trata da formação intelectual, moral e sentimental de seus filhos, exigem imperiosamente esse esforço porque sabem que todo o seu futuro dele depende. Mas se o exigem, também, e da mesma maneira quando se trata da sua formação religiosa o problema acima enunciado nem mesmo se porta!
Sr. Presidente. Vou terminar, mas antes não quero deixar de salientar o que já aqui foi dito algumas vazes"Que a educação terá de ser um sistema fechado e a formação integral dos jovens portugueses deverá resultar da conjugação de esforços da Família, da Escola e da Igreja".

Para conseguir esse objectivo, impõem-se:
1 Que lutemos para que as estruturas familiares tradicionais não sejam totalmente destruídas,
2 Que criemos escolas de preparação de futuros pais à semelhança do que já se vem fazendo nalguns países e mesmo entre nós ao nível paroquial. Cito o exemplo dos cursos de noivos e futuros pais, que funcionam com pleno êxito, há alguns anos, na paróquia de Santo António das Antas da cidade do Porto.
3 Que seja divulgada a psicologia da criança para que não continue ignorada e incompreendida, o que se poderá fazer
31 Pela Igreja, através dos seus servidores revelando a alma da criança e cristianizando os ambientes em que vivem,
32 Por todos os meios de propaganda modernos nomeadamente o cinema, a rádio e a televisão
33 Por brochuras acessíveis, largamente difundidas
4 Que sejam criados jardins-escola e creches destinados a todas as crianças em idade pré-escolar, especialmente para aquelas cujas mães têm longas horas de ocupação fora do lar.
5 Que seja promovida uma educação escolar e uma formação profissional que lhes permitam entrar no mundo dos adultos com máximo de possibilidades.
Sabemos Sr. Presidente, que estes problemas têm merecido a melhor atenção do Ministério da Educação Nacional onde se encontram homens dinâmicos, realizadores e sabedores e que já muito têm feito nesse sentido.