O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

25 DE JANEIRO DE 1967 1115

E a confusão de conceitos que hoje se propõe à juventude, na miscelânea entre movimento e organismo escolar adentro do mesmo título de Mocidade Portuguesa, não é de molde a atrair a adesão dos novos.
Há que desfazer o equívoco. E só depois podemos trabalhar com êxito. Mas sobre sofismas nada de válido se pode erguer.
Em 1956, perante o IV Congresso da União Nacional, afirmámos que «a Mocidade Portuguesa, como movimento de juventude, não pode conservar-se na estagnação das posições herdadas sem esforço. Tem de conquistar de novo, pelo seu dinamismo, o carinho e a atenção do País e preencher o vácuo insubstituível da doutrinação da juventude que lhe está confiada e que tem deixado praticamente em aberto» (42).
Ao reler estas linhas, sobre que assentou o pó dos anos, verifico que nunca, como agora, a Nação em armas precisou tanto da sua Organização Nacional Mocidade Portuguesa.
A juventude não caminha para a guerra a frio - E os movimentos de juventude são o ambiente construtivo onde germinam os mais puros ideais nacionais e se formam na dura, escola da vida comunitária as vontades fortes que sabem decidir no momento de perigo e caminhar contra o adversário.
Procurar nas listas de incorporação de voluntários os que mais generosa e prontamente se ofereceram para combater na índia ou em África. Encontrareis, sem dificuldade, na raiz dessa opção de sacrifício - e quantas vezes de morte! - a escolha já feita há muito, e só então carismada, na adesão voluntária a um movimento de juventude.
Pois bem, se houve a coragem de enfrentar as realidades para devolver à escola e aos seus mestres atribuições que durante anos desviaram os esforços da Mocidade Portuguesa do seu campo específico, que não falte também agora nos responsáveis a coragem de restituírem ao movimento a sua feição própria, dando-lhe as condições básicas para conquistar de novo a juventude e chamá-la à tarefa urgente que a Nação tem a realizar no espaço português.
E a primeira densas condições básicas é a de alargar e abrir o movimento aos novos sem distinção de classes. Sem segregar o filho do operário que estuda na escola industrial, o filho do empregado que segue o liceu ou a Universidade. Sem abandonar o jovem rural nem excluir o aprendiz da oficina.
Sem retirar ao rapaz das classes privilegiadas a possibilidade de generosamente se oferecer à experiência da promoção dos mais humildes.
«A Organização Mocidade Portuguesa deve alargar a sua acção a todos os sectores da juventude portuguesa, e não apenas em relação à população escolar» - afirma-se claramente nos votos finais do II Congresso Nacional da Mocidade Portuguesa, que prosseguem.

Não se pode considerar satisfatória a actual organização extra-escolar, nem os meios disponíveis permitiriam que internamento o fosse.
Preconiza-se a elaboração de um plano de cooperação e colaboração entre os sectores da governação interessados na resolução do problema, para que, mediante a convergência dos esforços e a reunião dos meios, se torne possível uma acção social e educativa eficaz (43).

A segunda condição básica reside no voluntariado.
Em 1956, o II Congresso Nacional da Mocidade Portuguesa assentou que, «como objectivo ideal, assinala-se o da unanimidade através da voluntariedade, devendo a Mocidade chamar a si os jovens em virtude da evidente utilidade e interesse das suas actividades» (44).
Ao contrário da escola, o movimento é por sua natureza de participação voluntária. E ao passo que nos organismos e instituições para a juventude o associado tem uma função meramente passiva - adquire-se a qualidade de membro pelo Simples facto de pagar uma quota e exibir um cartão que dá, acesso a certas actividades e benefícios - pelo contrário, o movimento reserva ao rapaz uma participação activa. Mais que um sócio ou beneficiário, transforma-o em militante, pois o movimento é com ele que conta para exercer a sua acção sobre a massa e influenciar a opinião pública. Desde o vértice até à base há toda uma escala de responsabilidades, de graus de formação especializada e de canais de informação intermédia que, para transmitirem o impulso que irradia do centro para a periferia, contam com a participação consciente e efectiva de cada um dos seus militantes.
Este carácter especifico do movimento exige por isso, a plena liberdade de uma encolha por parte do rapaz e a possibilidade, por parte do movimento, de seleccionar o seu escol. Fica, portanto excluído do seu âmbito qualquer vislumbre de obrigatoriedade.

Vozes: -Muito bem!

O Orador:-Terceira condição um movimento para progredir tem de realizar um esforço permanente de adaptação dos seus programas e técnicas de acção, detectando e, simultaneamente, influenciando a evolução dos interesses juvenis o que lhe exige o contacto directo com as massas onde vai recrutar os seus simpatizantes e, depois, os militantes. Para os atrair lança mão de uma propaganda organizada e sistemática dos seus objectivos e realizações, das suas técnicas e métodos. Por isso, o volume e os gastos da actividade editorial constituem índice seguro da vitalidade de qualquer organização de juventude.
Quarta condição a orientação das iniciativas e a realização de uma variada gama de actividades em permanente aperfeiçoamento exigem um esforço intensivo e metódico de formação especialização e actualização de quadros, sejam eles constituídos pelos próprios rapazes - caso das escolas de graduados (44) - ou por instrutores e dirigentes já adultos mas, na generalidade, saídos das fileiras dos primeiros. Pelos resultados alcançados e pelas despesas na formação de quadros só pode avaliar seguramente da eficácia de uma organização.

Vozes: -Muito bem!

O Orador:-Quinta condirão, por último, se é certo que o movimento progride graças ao interesse que desperta nos filiados e se expande devido ao ardor combativo de que consegue animá-los, a sua estrutura orgânica terá de ser moldada por forma a recolher as opiniões e a fazer participar o jovem nas tarefas comuns e nos actos fundamentais da vida associativa.
A sua intervenção na eleição de representantes na escolha dos que hão-de frequentar escolas de Quadros para ascender à chefia, na apreciação dos resultados, no discutir dos orçamentos e da política geral a seguir ou no elaborar dos programas de trabalho, é indispensável e constitui um elemento fundamental de formação cívica e de desenvolvimento dialéctico da doutrina e métodos do próprio movimento.
É bem de ver que o paternalismo expresso no regime autoritário de nomeação discricionária estabelecido em todos os níveis hierárquicos pelo Decreto-Lei n.º 47 311