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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 61 1110

cer, viver e vivificar uma experiência africana - é para os moços de hoje uma certeza e um dever que todos tem sabido honrar.

O Sr António Santos da Cunha: -Muito bem!

O Orador: - E pensar que até há meia dúzia de anos o Tesouro não dispunha de verba para enviar às províncias de além-mar mais que umas escassas dezenas de jovens pertencentes às duas organizações nacionais da Mocidade.
Como deveríamos agradecer àqueles que nos atacam não só a oportunidade esplêndida que nos deram de os vencer em combate e na corrida ao desenvolvimento social e económico, mas ainda a de denotar, ao mesmo tempo, certas barreiras de inércia interna, bem mais impenetráveis e pantanosas que a densa selva tropical!

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: Pois hoje, gloria lhe seja, a Nação tem dezenas de milhares de rapazes em África, e essa experiência, as mortes dos camaradas -que não choramos-, Os sacrifícios sem conta no dia-a-dia contra a guerrilha- que se não contabilizam-, tudo o que é a nova epopeia do uma juventude em armas, constitui, afinal, o cimento que liga, a traço forte, a geração que se bate às gerações do passado que construíram «este Reyno que é obra de soldados».

Vozes: -Muito bem!

O Orador:-E a juventude tem a agradecer a Salazar essa voz de comando que, ditada pela razão de séculos, nos mandou ficar e acudir ao sítio do Padrão, quando decidindo por todos, ordenou que seguíssemos «para Angola rapidamente e em foiça»!

Vozes: -Muito bem!

O Orador:-Decisão histórica que abriu as portas da África à nossa geração metropolitana e apontou, no pelourinho dos covardes, aqueles que comodamente já transigiam para fazerem de Angola a Argélia portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Se a juventude tem hoje legítimo orgulho do Exército em que serve e da missão que desempenha, não podemos, porém esquecer que o Exército opera sobre os jovens uma profunda transformação. Ao serem desmobilizados, eles são diferentes, psicologicamente vêm outros do que partiram.
Os dois ou três anos passados nas fileiras deram-lhes uma formação nacional e um conceito político eminentemente prático de que sumos de facto uma obra em acção, nunca o apenas um pagado histórico.
A vida colectiva em contacto com as populações que se acolhem à sua protecção deu-lhes o sentido da responsabilidade e de convivência racial sem discriminações.
Sob outro ângulo o exército moderno com as suas tácticas e a complexidade dos, seus equipamentos, exige cada vez mais a aprendizagem de múltiplas especialidades e técnicas às quais o nosso soldado se adapta com natural facilidade e particular intuição.
No regresso ao seu meio depois de desmobilizado, ele não pensa já segundo os estreitos horizontes da sua aldeia. Tem aspirações mais largas e procura naturalmente um emprego no sector secundário ou terciário que lhe garanta um salário conveniente quando não encara o caminho do emigrante.
E aí deve residir toda a preocupação de uma política, a intensificai no ultramar no sentido de ir fixando nessas províncias cada vez mais desmobilizados, criando-lhes condições de salário e segurança social atractivamente superiores as que deixaram na metrópole - o que não será difícil -, mas que tendam a aproximar-se dos níveis europeus dos países de imigração.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Paralelamente, que se multipliquem aqui os meios de formação profissional para trabalhadores adultos já existentes permitindo aos que regressam novas oportunidades de adquirirem uma especialização, trampolim para alcançar melhores estádios de salário.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Outra medida prática de largo alcance consiste, em dar equivalência na vida civil a certas especializações militares que representam um precioso investimento humano realizado pelo Exército.
E voltamos ao ponto de partida destas considerações - o estágio no ultramar.
A permanência do povoamento e do desenvolvimento económico dos maiores territórios africanos não se compadece com delongas ou indecisões. A guerra que nos é imposta é no fundo mais económica que militar. Ditada por interesses económicos estrangeiros - supostamente disfarçados de móbeis altruístas-, apoiada por grupos financeiros e forças políticas que operem de fui a para
o continente africano. O material utilizado contra os nossos soldados é checo, americano, russo, chinês. Pois bem, a intensificação desse esforço não nos permitirá admitir a par da mobilização militar a própria mobilização civil dentro de certos limites?

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - A criação dos Estudos Gerais Universitários é bem a demonstração desse princípio, que permita por à prova a capacidade realizadora da nossa Universidade, embora lutando a braços com carências de meios materiais o pessoais de todos sobejamente conhecidos.
A intercomunicação de certos quadros civis metropolitanos e dos seus correspondentes ultramarinos, abrindo novas perspectivas de acesso e promoção hierárquica e de elevação do nível de vencimentos a muitos milhares de funcionários não deixará por certo de influir decisivamente no desenvolvimento efectivo do espaço português.
É difícil por exemplo de aceitar que há dois anos se tivesse de recorrer ao expediente do limitar as admissões as escolas do magistério primário do continente, fixando um numerus clausus para obviar a um desemprego localizado e transitório quando todo o ultramar tem tão acentuada carência de mestres e de professores e estarmos em vias de prolongar a escolaridade obrigatória para seis anos.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Seja este ou outro o caminho a escolher, o certo é que se as guerrilhas de África impuseram a mobilização da nossa juventude no Exército e a dos nossos recursos financeiros para sustentar o esforço ultramarino,