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1486 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 82

[ver tabela na imagem]

As possibilidades energéticas do Zambeze ultrapassam assim os 35 000 GWh no rio principal (sem o escalão a jusante de Lupata) e os 7000 GWh nos seus afluentes (80 por cento no Luia e Revuboé)
São números extraordinários em qualquer parte do Mundo.
Só Cabora Bassa permitirá uma produção anual do 17 000 GWh, ou seja, em cerca de quatro vezes a produção total da metrópole e duas vezes a produção total de [...], quando estiver aproveitada toda a sua capacidade.
Cabora Bassa é, assim, a chave de todo o esquema do Zambeze.
As finalidades múltiplas deste aproveitamento permitirão.
Regularizar os escoamentos do rio, de forma a garantir caudais mínimos suficientes para o tomar navegável a jusante de Mepanda-Uncua,
Reduzir a intensidade e frequência das cheias a jusante da barragem,
Dominar as irregularidades de escoamento resultantes de anormalidades verificáveis em Kariba,
Reter o caudal sólido de uma bacia hidrográfica que, incluindo a área já dominada por Kariba, é de 900 000 km2,
Tornar praticável a navegação fluvial entre Cabora Bassa e a fronteira do Zumbo, ao longo da própria albufeira, dando saída aos produtos da região e até da Rodésia e da Zâmbia, nomeadamente às extraordinárias disponibilidades em carvão e ferro atrás referidas,
Produzir energia nas quantidades refundas e a um preço estimado de menos de $10/kWh nas barras da central

A possibilidade de colocação destas quantidades fabulosas de energia constitui a base de todo o esquema de arranque do Zambeze.
Volumes de tamanha envergadura não poderão ser absorvidos, mesmo a prazo médio, por Moçambique. Daí a necessidade de exportação, considerando o grande mercado consumidor da República da África do Sul ou ainda as necessidades da Rodésia, Malawi e Zâmbia.
Deus permita que as negociações indispensáveis a um propósito desta natureza conheçam sucesso e que Cabora Bassa se transforme, dentro de poucos anos, em elemento fundamental para a paz e o progresso dos povos da África meridional

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E certo que, paia lá das possibilidade de exportação de energia, há naturalmente a considerar os consumos resultantes do desenvolvimento, na bacia do Zambeze, das actividade extractivas e indústrias transformadoras.
Com base nas perspectivas mineiras atrás referidas pensa-se possível considerar as seguintes indústrias transformação dos titanomagnetites em semiaço ou aço, titânio [...], utilização dos carvões (especialmente da bacia de Mucanha Vuzi) para coquefacção e subsidiárias, electrometalurgia do alumínio (com base em bauxites do Malawi), concentração de fluorites, adubos azotados, e cobre electrolítico.
Com base na agricultura e silvicultura terão viabilidade as indústrias de celulose, madeiras exóticas ou indígenas refinação de açúcar, algodão, quenafe e finta, óleos vegetais, embalagem e conservação de frutos e derivados moagens e amidos.
Um esquema da grandeza do plano do aproveitamento do Zambeze não pode, evidentemente, ser simultâneo, quer no espaço, quer no tempo.
Por outro lado, o grau de intervenção do Estado ou das actividades privadas é variável conforme a própria natureza dos empreendimentos
Crê-se que a autuação directa e imediata do Estado deve ter em conta.

O desenvolvimento comunitário da população nativa (desde logo a deslocada das áreas inundadas pela barragem de Cabora Bassa), com vista á sua promoção económico-social e integração na economia de mercado.
A ocupação das manchas agrícolas seleccionadas, distribuindo-as a nativos e a populações provenientes do exterior, criando-se explorações convenientemente dimensionadas.
O alargamento da ocupação aos sectores da silvicultura e da pecuária, tendo também presente a valorização das actividades tradicionais existentes.
A eficiente cobertura sanitária e escolar das zonas de desenvolvimento, com futura expansão de tais serviços a toda a bacia do Zambeze.
O estabelecimento de infra-estruturas indispensáveis ao sucesso das zonas polares de desenvolvimento, nomeadamente no que respeita a transportes e comunicações, energia e comercialização

Já da conjugação da actividade estatal com a intervenção privada resultarão soluções para os seguintes empreendimentos.
Aproveitamento de Cabora Bassa para a produção de energia, ou aproveitamentos posteriores, escalonados de acordo com a evolução dos consumos.
Construção das linhas de transporte de Cabora Bassa às fronteiras e rede interior de Moçambique.
Exploração intensiva dos recursos mineiros e possível transformação local.
Obras de regularização fluvial e navegabilidade do Zambeze com os portos fluviais de Mucanha, Cabora Bassa, Mepanda-Uneua, via férrea para transporte de barcaças anfíbias, porto fluvial de Tete e fluviomarítimo da bacia do Cuama, se forem estas as soluções adoptadas.

Feita a avaliação das principais possibilidades do vale do Zambeze e seleccionados, tanto no aspecto técnico como no económico, os empreendimentos considerados de maior relevo, elaboraram ainda os responsáveis por estes trabalhos esquemas de programas de arranque.
Alem do aproveitamento de Cabora Bassa, os mais importantes pólos de desenvolvimento residem na transformação das titanomagnetites da Machédua e na coquefacção dos carvões de Mucanha. Espera-se que o interesse internacional despertado à volta destas extraordinárias potencialidades permita as grandiosas realizações que as mesmas possibilitam