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25 DE NOVEMBRO DE 1967 1859

Total de casos notificados e óbitos e taxas por 100 000 habitantes em Portugal continental

Ver Tabela na Imagem [V.T.I.]

Assim, patenteiam estes dados não só uma diminuição constante e regular do número de casos e do número de óbitos, como também um acentuado decréscimo dos mesmos no ano de 1966 e 1.º semestre de 1967, podendo classificar-se tal diminuição de vertiginosa no que respeita à poliomielite. Embora no tétano se mantenha elevada a taxa de mortalidade específica, a curva descendente é semelhante à das mencionadas doenças contagiosas tanto (sob o aspecto da mortalidade como da morbilidade) no referente ao número de casos como ao número de óbitos.
É consolador afirmar, focando ainda o mesmo assunto, que os mapas de doenças infecciosas de notificação obrigatória que as delegações de saúde distritais semanalmente dirigem à Direcção-Geral de Saúde muitas vezes revelam a ausência total de tais doenças e, sempre, uma acentuada diminuição.
Para usar de justiça, cumpre-nos afirmar que parte significativa do êxito alcançado se deve ao vivo interesse e denodado esforço que, desde S. Ex.ª o Ministro e os serviços centrais até aos serviços periféricos e pessoal auxiliar do P. N. V., animou todos quantos nela interferiram num desejo unânime de contribuírem para protecção da população em risco e o bem-estar geral.
A vitória esboçada, índice de resultados obtidos, mantidas iguais condições de luta, pode conduzir-nos à erradicação das doenças infecciosas, susceptíveis de serem eficazmente dominadas pelas vacinações, como, aliás, já se verifica com a varíola, febre-amarela e outras doenças epidémicas, tais como o paludismo, bilharzíase e ancilostomíase dos mineiros.
A tuberculose, cuja luta está confiada ao Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos, e ao qual os centros distritais de vacinação pelo B. C. G. das delegações de saúde dão a sua melhor colaboração, é flagelo social que vem sofrendo, como as restantes doenças contagiosas, marcado declínio na sua taxa de mortalidade.
Apresentava esta, em 1951, 133,3 óbitos por 100 000 habitantes, baixando para 31,8 em 1964.
Situamo-nos, mesmo assim, em comparação com outros países europeus, numa posição desvantajosa.
No que respeita à morbilidade, a frequência de reacções tuberculínicas positivas infere que o número de casos novos aumenta sensivelmente, o que leva a concluir não haver paralelismo entre os índices de mortalidade e de morbilidade. Morrem menos tuberculosos, mas não foi sustada ainda a dispersão do mal, que lavra silenciosa mas tenazmente, sem fomentar o pânico. Podemos, assim, dizer com Etienne Bernard: «A tuberculose não desapareceu, o que desapareceu foi, sim, o medo da tuberculose.»
As medidas de profilaxia contra a «peste branca», programadas no III Plano dê Fomento a nível local, poderiam, segundo supomos, ser integradas no centro de saúde a criar perifèricamente, numa tentativa, a todos os títulos aconselhável, de unificação de serviços.
A luta travada terá de manter-se sem quartel, no intuito de melhorar os índices de incidência e prevalência que permitam a obtenção de dados epidemiológicos susceptíveis de concretizar «os parâmetros epidemiológicos e sociais da tuberculose».
O alargamento dos conhecimentos de psicologia, emprestando uma maior racionalidade aos problemas das doenças mentais, suscitou uma concepção nova da saúde neste sector.
Abriram-se, deste modo, largas perspectivas aos serviços médico-sanitários, pela possibilidade que lhes proporciona de, como na saúde física, prevenir a doença e invalidez mentais.
Há hoje plena consciencialização de que a acção preventiva e acção curativa devem estar unidas e que os serviços de saúde mental locais se tornam tão indispensáveis, por exemplo, como os de protecção materno-infantil.
Deverá, assim, constituir este sector mais uma valência a instalar nos centros de saúde periféricos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O conhecimento de elevado número de casos existentes e a gama vastíssima da sua etiologia tornam premente a organização rápida de uma luta eficaz de repressão.
Se a falta de obrigatoriedade de notificação dificulta uma estatística perfeita acerca da incidência do cancro em Portugal, o número de casos apresentados no projecto do Plano que agora se aprecia, como média fornecida pelo Instituto de Oncologia - 1300 casos em 1945 e 3059 em 1964 -, permite ajuizar da gravidade do problema, que se infere tanto maior quanto se manifesta a ritmo crescente.
A título elucidativo, acrescentaremos que num trabalho que realizámos acerca da mortalidade por cancro no distrito cujo sector de saúde nos está confiado pudemos concluir que a mortalidade por tão terrível mal ocasionou:

Óbitos

Em 1962 .................. 350
Em 1963 ................... 343
Em 1964 .................. 337

Concluindo: no distrito de Viseu morre quase um canceroso por dia, o que se verifica, a todos os títulos, alarmante.
Apresenta-se desta forma indispensável, urgente e altamente valiosa a cobertura sanitária a nível nacional proposta no III Plano de Fomento.