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25 DE NOVEMBRO DE 1967 1863

Esta circunstância não passou despercebida ao admitir-se a criação de sub-regiões. Ora, por exemplo, o distrito de Faro, que limita a província do Algarve, tem necessariamente de constituir uma dessas sub-regiões com carácter independente, como aliás se prevê no Plano, visto que nele, como é sabido, são bem diferentes as suas raízes económicas em relação aos restantes distritos da região em que está inquistado.
A sua agricultura, por virtude das condições ecológicas da região, tem aptidão para produzir e está produzindo produtos de qualidade, designadamente primores hortícolas, frutos e flores, que, uma vez sujeitos a uma exploração mais cuidada e intensiva, pode encantar os que o visitam e conquistar com facilidade os mercados exteriores. Pois, apesar das qualidades dos frutos e da sua precocidade de maturação, está-se proibindo, sem fundamento sério, o plantio de vinhas para uva de mesa, com manifesto prejuízo da dieta alimentar e do valor da exportação.
A saída dos seus frutos secos é, desde há muito, valor apreciável no conjunto das nossas exportações. Têm vindo a sofrer progressivamente uma quebra de valor, devido a um descuidado procedimento na selecção das castas que os países concorrentes têm procurado melhorar e afinar.
Outra origem da sua riqueza é o mar. É ele que alimenta e faz movimentar duas das suas mais importantes e tradicionais indústrias: a da pesca e a das conservas de peixe.
Crises periódicas se verificam, não só em razão de haver épocas de carência de pescado, mas também provocadas por desactualização das artes de pesca e da estrutura industrial e ainda por indisciplinada comercialização.
São tudo factores a analisar e a equacionar devidamente e que não deviam ter passado despercebidos nas providências programadas para os respectivos sectores.
Dentro da orientação a imprimir ao planeamento regional, deve ter primazia pôr em ordem as actividades existentes, explorando integralmente as fontes de matérias-primas e de produtos naturais, com processos que garantam a maior produtividade e melhorando as condições do seu transporte e comercialização.
Uma vez este objectivo alcançado, é então altura de criar as actividades previstas na estratégia do planeamento geral, para servir o regional, com excepção daquelas que sejam complementares das actividades já existentes, que, como tal, têm direitos de prioridade.
Naquilo que o Algarve é bem diferente e pode contribuir para uma expansão mais rápida, com grande projecção económica e social, salienta-se a sua vocação turística. Ela constitui a principal preocupação das entidades responsáveis pelo estudo e apreciação do Plano Regional do Algarve.
Nas considerações que se fazem no capítulo «Planeamento regional», confirma-se esta asserção e dá-se conta dos reflexos que o turismo tem na vida económica da região e, depois de se referenciarem os pontos de vista de carácter regional a integrar no desenvolvimento geral do continente, recomendam-se os estudos tidos como prioritários e urgentes:

A conclusão do plano turístico do Algarve e avaliação dos seus efeitos sobre a região;
O estudo das linhas orientadoras da reorganização e de diversificação das indústrias de cortiça e de conservas de peixe no Algarve.

É fora de dúvida que o Algarve tem um bem estudado e programado planeamento turístico, a mais viva contribuição para o seu progresso.
Ao turismo foi o País buscar um recurso novo, que tem facilitado a continuação do crescimento económico e garantido a manutenção do valor do escudo nos mercados internacionais.
Se o turismo é, hoje, para nós, forte actividade adjuvante, pode amanhã vir a ser a mais florescente indústria exportadora, medindo bem as nossas possibilidades à luz das perspectivas mundiais da expansão turística.
A importância, mundial do turismo pode ser avaliada, em certa medida, pelas receitas dele provenientes. Em 1965, foram estimadas em 11 000 milhões de dólares as do turismo internacional e em 43 000 milhões de dólares as do turismo nacional.
Segundo peritos consagrados, a sua evolução e as perspectivas continuam a ser prometedoras, pelo que deduzem do volume e do ritmo de crescimento que consideram ainda muito longe de atingir o estado de saturação.
As viagens de turismo estão quase limitadas aos países mais prósperos da Europa ocidental e à América do Norte e ainda restringidas a uma pequena parte das suas populações.
Pouco mais de metade fazem viagens de turismo de mais de quatro dias e, ainda destes países, aqueles que as fazem para o estrangeiro estão dentro de uma pequena percentagem, que varia entre 6 e 16 por cento. Estas percentagens estão francamente em aumento, accionadas pelo desejo, de viajar que se estende a novos sectores da população.
Este desejo está sendo satisfeito, em grande parte, em virtude da melhoria do nível de vida que se verifica, mais ou menos, por toda a parte, entre algumas classes e pelas conquistas sociais representadas por férias pagas proporcionadas por grandes empresas aos seus trabalhadores de todas as categorias.
Por sua vez, as empresas de transportes e as agências de viagens, conhecedoras desta tendência, colaboram efectivamente, facilitando as deslocações, reduzindo tarifas e permitindo a sua liquidação em pagamentos suaves.
Deste modo, o turismo, que a princípio era apenas prazer e hoje é também desconcentração e descanso, deixou de ser privilégio de ricos, depois de o ter sido de milionários, para passar a ser de quase todos, tornando-se hoje já uma qualificada indústria. Pelo facto, assiste-se a uma diversificação na concepção das instalações e é bem diferente o critério da escolha dos meios de entretenimento e de exaltação dos motivos que possam satisfazer mais variadas culturas e predilecções.
São dificuldades a juntar àquelas que já existiam na complexa indústria de turismo. Complexidade que lhes advém, essencialmente, do jogo de factores não económicos que a caracterizam.
É uma indústria que exporta serviços e prestígio, e não mercadorias, e as matérias-primas mais apreciadas com que trabalha são gratuitas. Esta delicadeza de que ela se reveste e os altos benefícios com que brinda as nações que bem a exploram constituem uma constante preocupação dos governantes; preocupação que se não limita a elaborar os programas e a ditar as normas que devem orientar o sector particular nas suas iniciativas de carácter turístico, mas também a intervir directamente, repartindo obrigações e responsabilidades.
Ao sector público compete, além de facilitar o crédito e aliviar os encargos fiscais e tomar a seu cargo as infra-estruturas, mais o dever de:

Estar atento à evolução dos mercados turísticos vistos à luz das perspectivas gerais de ordem económica, para que os seus poderes orientadores e de decisão se exerçam com a maior segurança;