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2046 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 108

só fazerem conquistas operantes no fortalecimento dos grandes ideais de justiça social e de progresso. A administração mais sábia não atrai nem aquece as almas, se descuida realidades e conveniências políticas e deixa decair forças morais e intelectuais, seu verdadeiro suporte.
Onde idealismo que resista ao adiamento de anos e anos da política de valorização regional sem se efectivar uma autêntica, promoção social das populações rurais? Onde idealismo que não se sinta fenecer quando se suspende a execução de uma lei para a substituir por outra, olvidando-se princípios e responsabilidade? Onde idealismo quando na lei se assume o compromisso de uma regulamentação e se deixam aos interessados os prejuízos morais e materiais da inexistência dessa regulamentação? Onde idealismo quando se tende para intervenções de significativo auxílio e se entrega ao tempo a resolução dos problemas? Onde idealismo quando durante anos se arrastam decisões sem alternativa que correspondem a justos anseios do grupos sociais com larga projecção na opinião pública?
Onde idealismo quando se reconhece a viabilidade de economia de gastos e se contemporiza com o erro?
Onde idealismo quando se assiste a dispersão de iniciativas que se chocam e enfraquecem?
Onde idealismo quando se deixa de praticar uma política de criteriosa austeridade?
Onde idealismo quando não se vai ao encontro de aspirações legítimas que não transcendem o quadro burocrático?
Se explicitasse cada uma destas interrogações, faria demagogia. O meu propósito é fazer um apelo ao revigoramento do idealismo político. Sim, porque não será com as projecções do Plano de Fomento que se retemperam as almas e engrandece a fé. É na acção constante de criar e renovar, de prometer e cumprir, de decretar e executar. Dar a cada problema, com o apoio dos meios responsáveis, a solução exacta é, a grande exigência da hora presente.
Não descreio dos planos de fomento nem da sua operosidade. Não descreio das certezas que eles comportam. Deixo-me arrastar pelas projecções na esperança de que quanto a rentabilidade se irá investir melhor.
Aprovo e voto o Plano na firme convicção de serem mobilizados homens com energia para não se quedarem perante os impedimentos de teóricos, formalistas e polemistas, a infindável seita de entorpecimento da vanguarda militante. Temos um pensamento, temos um comando de acção para o sexénio. Saibamos servi-lo corajosamente e arredemos os vencidos de corpo e alma. Dirijamos todas as nossas atenções para a educação, dando-lhe prioridade absoluta nos investimentos. A defesa tem prioridade natural. É a vida e a segurança. O País para viver e prosperar precisa de homens esclarecidos. Só a escola os forma e os dá.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A raiz dos nossos problemas de expansão reside fundamentalmente na carência de homens qualificados para as grandes missões de direcção e execução.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Demo-nos em força à obra da educação, se queremos ter fontes de produção para o trabalho e bem-estar de todos os portugueses.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O povo, este grande povo, afirma em todo o mundo a sua capacidade de trabalho e de realização, quando encontra enquadramento responsável. Quer-se em todos os territórios da Pátria e interroga-se, com dor, quando parte e quando regressa. Temos a dar-lhe condutores, que o sejam, na mais nobre acepção da palavra. Só a escola os pode preparar. Não seguiram outro caminho as grandes nações.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quando penso que a Alemanha Federal, completamente desfeita, sem recorrer a planos de fomento, conseguiu gindar-se ao segundo lugar na economia mundial e que o Japão, também desfeito, dentro do mais estrito respeito das regras da economia de mercado, elevou, sem qualquer plano de fomento, o seu produto bruto de 10 biliões de dólares, em 1950, para 100 biliões, em 1966, igualando-se à França e à Inglaterra e colocando-se em terceiro lugar, depois dos Estados Unidos da América do Norte (700 biliões) e da Alemanha Federal (110 biliões), quando penso, dizia, sinto que temos fortíssimas razões para persistir na luta.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Julgo-me, por isso, no direito de dirigir um veemente apelo àqueles que crêem no poder das ideias para nos unirmos e entregarmos, com o peso da nossa força, a uma missão constante de recuperação política.

Vozes: - Muito, bem!

O Orador: - Temos um chefe de ânimo indefesso. Quer e sabe querer. Prega a resistência, estimula a confiança e cria certezas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tem o nosso apoio. Nada lhe pedimos. Queremos viver com ele os triunfos da Revolução em que se empenhou e nos empenhamos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.
A próxima sessão será na segunda-feira dia 11, à hora regimental. A ordem do dia será a conclusão do debate na generalidade da proposta de lei em apreciação, para a qual há apenas um orador inscrito, e o debate na especialidade, esperando-se que o mesmo se conclua nesse próprio dia, ficando, portanto, votada a proposta de lei relativa à elaboração o execução do III Plano de Fomento.
Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas e 45 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Albano Carlos Pereira Dias de Magalhães.
Alberto Henriques de Araújo.
André Francisco Navarro.
Antão Santos da Cunha.
António Augusto Ferreira da Cruz.
António Barbosa Abranches de Soveral.
António Calapez Gomes Garcia.
António Calheiros Lopes.