1 MARÇO DE 1968 2573
competir com os grandes produtores de café, nem nas quantidades de produção, nem nas distâncias a vencer para a sua melhor colocação. Resta-lhe apenas um título comendatório: supremacia de qualidade. Daqui se infere que todos os esforços expendidos na protecção cio café de Timor devem convergir no sentido do máximo do produção e rio melhor da qualidade.
No sector da silvicultura prestou-se mais atenção à cultura do sândalo, que foi, até praticamente meados do século XIX a maior fonte de riqueza de Timor e o seu ex-libris. Manteve-se a proibição do seu corte c intensificaram-se os cuidados com os seus viveiros.
A verba gasta no capítulo agro-silvo-pastoril atingiu 8525 contos do Plano Intercalar c foi reputada excessiva pelo parecer da Comissão de Contas, talvez em face dos resultados obtidos.
Turismo. O turismo é uma indústria moderna e complexa, mas oferece largas perspectivas, podendo definir-se como um filão de ouro, desde que a sua estrutura esteja bem montada e o seu funcionamento se processe a nível satisfatório.
A riqueza paisagística e folclórica de Timor, a beleza das suas praias e a amenidade do seu clima nas altitudes constituem título justificativo da atracção turística exercida principalmente sobre os territórios do Norte e Oeste da Austrália. Durante o ano de 1966 entraram em Timor cerca de 1000 turistas estrangeiros, australianos na sua grande maioria. As entradas era divisas devem ter atingido a soma de 3200 contos. As de 1067 terão, porventura, subido a 4000 contos, embora rigorosamente se devessem contabilizar 5000. em face do aumento de turistas que nesse imo se verificou. A diferença é imputada a fugas difíceis de controlar no presente condicionalismo. Presume-se que o sector comercial e a própria actividade hoteleira sejam os principais, quase únicos, responsáveis desta diminuição.
A verba anual atribuída ao turismo polo Plano Intercalar foi de 2500 contos, o que é nitidamente insuficiente para as deficiências n suprir e as grandes vantagens a esperar.
A indústria hoteleira ao serviço do turismo em Timor conta já onze unidades: quatro pousadas do Estado, duas estalagens no interior e cinco pensões na capital, duas das quais se podem considerar pequenos hotéis, com mais de vinte quartos cada uma.
Para as excursões e outras deslocações dos turistas dispõe a C. I. T. de transportes terrestres próprios, além de outras viaturas, que aluga quando se torna necessário.
O turismo é tombem servido por carreiras aéreas internas mantidas com dois pequenos bimotores de oito lugares, cuja tripulação, apenas de quatro homens, se multiplica heroicamente em esforços e sacrifícios para corresponder às necessidades da província e ainda atender a certo número de voos solicitados pelo surto turístico.
O turismo em Timor, Sr. Presidente e Srs. Deputados, encontra-se praticamente numa fase embrionária. O seu desenvolvimento depende das infra-estruturas, que infelizmente, não correspondem, por enquanto, a todo o potencial latente na terra timorense e ao interesse cada vez mais patente do estrangeiro, sobretudo do Australiano.
O sistema rodoviário da província, ainda bastante imperfeito, precisa de importantes rectificações e melhoramentos. A verba que lhe foi assinada para o ano de 1963 não excedeu os 7806 contos, o que é de uma exiguidade extrema para as grandes necessidades deste capítulo, mesmo que não se adopte como termo de confronto o custo de uma auto-estrada, cujo metro quadrado pode avaliar-se em 12 contos aproximadamente.
Atento o panorama 'actual da indústria turística em Timor e também as enormes limitações financeiras da província, seria porventura mais avisado conceder-se a exploração turística ali a empresas particulares nacionais ou estrangeiras que mais garantias oferecessem e às quais coubesse construir e manter as unidades hoteleiras julgadas necessárias e montar e explorar carreiras de camionagem turísticas. O Governo estudaria as condições a impor-lhes: licenças, impostos, taxas, número de empregados nacionais a terem em vários escalões, etc. Ficaria, assim, a província mais liberta para melhor atender à sua rede de estradas, aos pequenos aeródromos, etc.
Já várias conversações só realizaram, nos últimos dois anos, entre as companhias aéreas australianas T. A. A. e A. N. S. E. T. e o Governo de Timor para o estabelecimento de carreiras aéreas regulares entre a província e o país vizinho, pura servirem o movimento turístico vindo, sobretudo, dos seus territórios do Norte e Oeste. Além disso, penso estar em vias de formação, e com sede em Díli, uma empresa de turismo estrangeira acreditada, com capital volumoso inglês e australiano.
Do lado da Indonésia também se tem notado interesse no turismo do Timor português. Sobre o assunto, transcrevo o que se lê no relatório da C. I. T. de Timor relativo ao ano de 1966:
A criação de uma atmosfera turística em Timor chamou a atenção da Indonésia para a conveniência do Darwin ser ligada por carreiras aéreas à ilha de Bali, com paragem em Baucau, Díli e Kupang. Assim continua o texto] o turismo dos dois países será grandemente fomentado.
Acrescentarei somente que no ano transacto o presidente e director técnico da G. A. R. U. D. A. - companhia indonésia de transportes aéreos - e o gerente de uma agência de turismo da mesma nacionalidade visitaram o Timor português para uma rápida sondagem, e conversações com o Governo da província tendentes ao estabelecimento de um intercâmbio turístico enfare esto e a Indonésia. É de presumir que aquelas conversações venham, num futuro próximo, a concretizar-se em termos proveitosos para ambas os partes.
Resta-me agora, Sr. Presidente e Srs. Deputados, falar dia exploração das riquezas do subsolo timorense. Circunscrevo-me aos petróleos que se presume existirem no Timor português.
Já em documento datado de 26 de Maio de 1019 se referia a estes problema o comandante Júlio Celestino Montalvão e Silva, nos seguintes termos:
O que em Timor tem aparecido no género de companhias de petróleo tom sido o que os Ingleses chamam «cil cats», coisas para bluff c transferência.
Noutra parte do referido documento, aquele ilustre oficial dá-nos esta informação:
Ultimamente apareceu em Timor um engenheiro inglês, Scott, representante da Langkat Company, grande companhia petrolífera de Samatra, e que dizia ter comprado à Intenational Petroleum Company os seus direitos as concessões de Suai. Esse engenheiro [continua a citação ] visitou a região v procedeu a estudos que o levaram a afirmar que eram A melhor coisa que havia em Timor e mais garantias podia dar a uma companhia de bem empregar o seu dinheiro.
O que acabo de transcrever vem justificar as esperanças na existência de petróleo em Timor. Outro argumento abonatório desta tese é a própria insistência na pesquisa desses petróleos. Com efeito, devem já ser mais de uma