O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

2572 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 141

No que respeita ao comércio externo, o parecer recomenda uma integração cada vez mais perfeita no espaço económico português e insinua intercâmbio regular com a vizinha, Austrália.

Quanto ao primeiro problema, não se afigura fácil deparar-lhe uma solução cabal. Importaria, antes de mais, intensificar em certa medida as carreiras marítimas nacionais entre Timor e outras províncias ultramarinas e a metrópole e fixar-lhes uma periodicidade curta. Na frequência actual, ou se fazem encomendas muito modestas, e então, depressa se atinge a carência, ou só opta por volumes maiores, e. então, haverá que se imobilizar, por tempo dilatado, uma percentagem assaz elevada de capitais, nu sua- generalidade muito exíguos. Além disso, os riscos de deterioração, as quebras, seriam demasiados para economias tão frágeis. A par de tudo isto, talvez se não possa ainda afastar inteiramente a hipótese do uma situação internacional menos tranquila ou menos favorável à nossa navegação naqueles mares do Sudeste da Ásia. Uma situação em que teríamos que recorrer forçosamente a transportadores c mercados estrangeiros. Estes, por uma reacção que facilmente se pressente, poderiam então oferecer-nos um acolhimento algo diferente daquele que desejaríamos.

Por outro lado, a prática de preços mais convidativos e a extraordinária proximidade dos mercados estrangeiros do Extremo Oriente tornam inevitavelmente mais difíceis as relações comerciais du Timor com a metrópole c os outros territórios nacionais, com excepção do Macau.

A tudo isto acresce ainda o facto de que praticamente, o comércio da província se efectua através de cerca de 300 comerciantes chineses, nos quais se incluem uns 20 importadores-exportadores. Esses comerciantes estabeleceram há muito, em Singapura c Hong-Kong, relações comerciais bem definidas o reforçadas por laços de amizade c de família que muito dificilmente se lhes podem deparar no espaço económico português, a não ser em Macau. O assunto necessita estudo mais cuidadoso.

No que se refere a um intercâmbio regular entre Timor e Austrália, diversas tentativas só têm feito já nessa direcção, com interesse cada vez maior de ambas as partes. Mas a província terá de elevar muito mais a sua produção para interessar, em termos de continuidade, um país tão industrializado e desenvolvido como a Austrália. As quantidades presentemente exportáveis da nossa produção situam-se em nível ainda bastante doméstico, perdoe-se-lhe; o ilogismo da expressão.

Do lado indonésio também se verificaram contactos no mesmo sentido, que podem vir a ser muito úteis, tendo-se ultimamente registado o seguinte movimento comercial com aquele país: exportação, cerca de 1000 contos; importação, cerca de 8000 contos. Deste movimento, porém, resultou o saldo negativo de 7000 contos, que virá a agravar o desequilíbrio da nossa balança de comércio. Acresce que a quase totalidade das divisas entradas são escudos de Timor pagos pela importação do produtos indonésios, que. depois, terão de ser reexportados c constam da tabela seguinte:

[... ver tabela na imagem]

Um reajustamento parece ser absolutamente, necessário para se evitarem operações tão pouco lucrativas de futuro.

De tudo o que ficou dito, sem dificuldade se poderá concluir por um desenvolvimento mais acelerado e significativo das fontes de receita do nosso território de Timor. As principais dessas fontes devem procurar-se no sector agro-silvo-pastoril, no turismo e, no aproveitamento do subsolo.

No capítulo da pecuária tomaram-se as medidas necessárias para proteger a riqueza existente e aumentá-la c aperfeiçoá-la, inclusivamente pela aquisição, sobretudo, de novas raças de gado bovino.

Na agricultura procurou-se incrementar as quantidades e melhorar a qualidade de milhos, arroz c café. Para tanto, empreenderam-se obras de hidráulica, pura garantir uma conveniente irrigação dos campos de arroz. Duas destas obras, porem, construídas nas ribeiras de Lacló Lóis, foram destrocadas e soterradas logo após a sua construção, havendo-se nisso perdido largas centenas de contos. Ignoro se posteriormente, se procedeu a qualquer inquérito no sentido de se aclararem as verdadeiras causas. Além das obras du irrigação, criou-se em Manatuto um campo experimental para a cultura de arroz e importaram-se novas e mais aperfeiçoadas alfaias agrícolas, inclusive tractores.

Quanto ao café, ainda o produto mais rico da província, instalaram-se nas zonas principais da sua cultura várias unidades de despolpa, que vêm, assim, substituir com larga vantagem os processos tradicionais do seu tratamento, que muito o depreciavam nos mercados de sua procura. No intuito de elevar, em quantidade e qualidade, sua produção, abriu-se no vale de Gleno um campo experimental dirigido por técnicos da M. E. A. U. e já com resultados positivos.

O café Arábica do Timor é o seu ex-libris, com posição soberana, conquistada há muito, nos mercados do Norte da Europa. É um café de altitude e sombra. Gostaria, por isso, de perguntar porque será então que se experimentam plantas deste tipo na planície e a descoberto? Será porque no seu habitat normal o Arábica é mais sensível ou muito sensível à Hemileia vaxtatrix! Ou será pelo propósito de desenfeudar a sua cultura da mão-de-obra local, cada vez mais rara e mais dispendiosa e facilmente substituível nu planície, onde se podem empregar meios mecânicos, ao contrário do que sucede nos cafezais plantados na encosta dos montes?

O Arábica de Timor é um café de grande procura, mas n sua produção é mais cíclica do que ânua. Esta particularidade moveu os plantadores a preferirem-lhe o híbrido, que segundo presumo, não é mais do que uma variante do Arábica, mas com a vantagem de ter uma produção ânua abundante e quase com a mesma cotação comercial do primeiro. Este híbrido é planta indígena de Timor, e creio estar já a ser requisitado por vários países cafeicultores através dos nossos serviços especializados. Resiste bem ao fungo acima referido.

A produção de 1966 foi apenas do 1496 , que renderam 27 828 contos. O parecer sugere a colocação do café de Timor nu Austrália, que, todavia, ainda não é grande consumidora deste produto. O que ela importa é segundo penso, sobretudo o café Robusta, de cotação comercial bastante inferior à do Arábica.

Penso que u defesa do café de Timor se pode enquadrar neste raciocínio. Os grandes produtores de café encontram-se na América do Sul e em África, ao passo que é na Europa se encontram os melhores mercados do produto. Torna-se, assim, patente que Timor não pode