DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 146 2696
papas ou por eles reconhecidas e subsidiadas em fecunda colaboração com os reis e príncipes.
Não estou a sugerir que se desmantelem nas nossas cidades universitárias, apenas que se não faca delas cidades com exclusivos, que não respondem às aspirações e necessidades das populações do todo nacional. Sugere-se até que se aperfeiçoem os institutos ou se completem ou cresçam, nos aspectos complementares das matérias do sua jurisdição, científicas, literárias e artísticas. E não apenas em homenagem a uma tradição, como valor afectivo e ato efectivo, no plano da pedagogia .... mas obedecendo ao mesmo princípio de ir no encontro das populações .... mais especificamente das populações escolares. Aliás, foram, estas, com a, fama dos mestres e a geografia, as determinantes da localização das primeiras Universidades, orgulho da Idade Média cristã, irmãs espirituais das catedrais românicas e góticas. E, hoje como sempre, não se pode ignorar que Lisboa, Porto e Coimbra, em grau de proporções diversas embora, são grandes e centrais aglomerados urbanos e escolares. Por isso mesmo, entendo que as Faculdades fundamentais da Universidade Católica devem erigir-se em Lisboa.
Descentralizar, com efeito, não é desmantelar, nem a subordinação do bem comum ao particular se pode considerar legítima, li todos os organismos ou institutos de utilidade pública e social devem convergir no sentido da eficiência ou rendimento, princípio indiscutível o que não pode subtrair-se a estruturação de uma Universidade. Assim, para ir ao encontro da juventude ou do pensamento de alunos e professores para exercer a sua função especifica, o núcleo da Universidade Católica deveria ficar a trabalhar, ser e existir em Lisboa, onde converge a grande massa estudantil da Nação e onde exercem o magistério e a investigação mestres em grande número e representando os mais variados sectores da ciência e da cultura, em razão do número e diversidade de Faculdades, especialidades e institutos com sede na capital.
Ora, do núcleo de uma Universidade Católica não podem cindir-se as retirar-se as Faculdades de Teologia e de Filosofia, matérias de especial poder pedagógico, capacidade de irradiação, autoridade, aferidora c força indicativa. Sou pela restauração da Faculdade de Teologia em Coimbra, não apenas em homenagem a tradição gloriosa, mas porque também ali tem missão específica e transcendente. Porém, tal restauração não deverá prejudicar a fundação em Lisboa de uma outra Faculdade de Teologia, como a Faculdade de Filosofia de Braga não impedirá, certamente, a criação, em Lisboa, de uma segunda Faculdade de Filosofia. Nada todavia, de concentrações exageradas. Não escapa a ninguém que nos grandes aglomerados humanos a massa tende a evoluir de comunidade para rebanho e o colectivo ameaça n pessoa e dificulta as deliberações individuais. Neste aspecto considero os grandes centros universitários das pequenas urbes mais perigosos que os das grandes metrópoles, onde é mais fácil subtrair-se ao determinismo e retracção dos movimentos de massas. Ninguém propõe uma, Universidade para cada cidade ou distrito, coisa sem tom nem som. Apenas que se não fique na concentração monopolizadora c congestionante.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Por esse mundo além há Universidades como Faculdades dispersas por várias cidades e províncias. Ainda recentemente o Diário popular chamava a atenção para a descentralização universitária na Alemanha. Holanda. Inglaterra e noutros países. A .Itália couta nada menos de 23 centros universitários. A França é uma excepção, Mas também ali se regista uma tendência descentralizadora. Em livro recente, três professores, um do Instituto, outro da Faculdade de Letras e Nantes e Sorbona apresentam depoimentos afirmações escandalosas:
Paris tornou-se um inferno para os estudantes, por dificuldades de habitação, de habitação, de circulação e de clima de trabalho: a urbe do Sena deixou de ser a imperatriz das cidades: a ditadura da capital tudo emperra: as Faculdades estão mortas; a imperalismo da Sorbona é ruinoso: a Soborna já não é Sorbona!
São muito exageradas estas e outras lamúrias, e o mais deplorável é a dificuldade, de pôr os pareceres de acordo, sobre que é por natureza e funções, uma Universidade. Todavia, e embora confinado na modéstia da minha perspectiva, não deixarei de reconhecer algum fundamento a certos pontos de vista: quando se pede presença, relevo e até um certo primado da língua materna no ensino da Universidade: quando se preconizam novas Universidades nu orla das cidades de hoje, que será o centro de cidadãs de amanha; quando se proclama que se não se salva a capital sem a província nem a província- sem a capital.
Cem a rapidez das comunicações hoje não há distâncias entre, parcelas da mesma pátria, como entre Faculdades c institutos da mesma Universidade. As Faculdades e institutos da mesma- Universidade instalados no mesmo edifício podem estar muito distantes, solitário, e não solidários. E, ao contrário. Faculdades e institutos da mesma Universidade dispersos por diversas e longínquas províncias podem estar mais perto uns dos outros, solitários n solidário, unidos pelo ideal científico, pela comunidade, e afinidade de tarefas, independentes, mas coordenadas e com urgentes. Tudo dependo da orgânico- e da estrutura ... o, sobretudo, dos homens quu estiverem à frente.
Entre nós e por iniciativa particular, embora no rasto lê uma tradição no caio di1 Évora, as instituições universitárias começam de expandir-se. Braga tem a sua Faculdade, já oficialmente reconhecida ... e muito merecida e louvavelmente. E Luanda, Sá da Bandeira, Nova Lisboa. Lourenço Marques com seus estudos Gerais a evocar o Estudo Geral de Lisboa ou Coimbra, foram oportuna e justiceiramente contempladas com institutos, superiores, integrados na Universidade Portuguesa, que serve a comunidade nacional.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Viseu não oculta as suas aspirações, fundada; na sua posição geográfica, nas suas potencialidades económicos, na sua expansão urbanística, no seu crescimento demográfico, na sua população escolar e no volume e variedade da? suas actividades mercantis, que fazem da cidade um dos primeiros, centros comerciais da metrópole, do que também, é índice uma dezena de casas bancárias que rela se foram instalar. Em Viseu ficaria bem situado, por isso mesmo, um instituto comercial, pura servir a sua economia e a de vários distritos daquela zona. Só no distrito já se contam três escolas técnicas com alguns milhares de alunos. E só a cidade capital do distrito ultrapassa o meio milhar de estabelecimentos comerciais especializados, com cerca de 50 ramos de negócio diferentes. O número de empregados de balcão, armazém e escritório, associados nos respectivos sindicatos, caminha para 1000 na cidade e aproxima-se de 2000 no distrito. Mas as aspirações de Viseu não se confinam ao número médio.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Pela geografia c pela história, pelo passado, pelo presente e pelo futuro, diria até pelo destino, se não fosse fatalismo .... mas seguramente por uma longa, contínua e gloriosa tradição, Viseu está indicada para servir a cultura nacional, através de uma escola superior de pintura. Não se trata de mm utopia, nem de um luxo, nem de um capricho, nem de