O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 174 3122

e formar o jovem, proporcionando-lhe uma aquisição e armazenamento de conhecimentos. Mais não sei se se estará a abusar demasiadamente da memorização para atingir tal fim. Pude apreciar o critério de alguns professores que desciam ao pormenor cansativo e despersonalizante de exigir dos alunos, e certamente lá teriam as suas razões, a palavra precisa e libertadora que fazia no compêndio.
Pode ser que esteja errado, mas parece-me de utilidade imediata que, desde principie, se cultivem as qualidades de iniciativa do aluno, dando-lhe confiança na sua procura, incentivando-o n exprimir-se com vocábulos seus, mesmo para reproduzir as ideias de nutrem. Auxiliando-o, em suma, na descoberta do uma forma de expressão, quer falada, quer escrita, que lhe vai ser de capital importância na sua vida futura.
Sou, por outro lado um adepto fervoroso do regresso do latim aos cursos gerais. Talvez de um latim ensinado do outra forma, um dialéctica na sua conjugação com o português. Não aquele latim que de certa forma me foi ministrado e que era o meu "papão" e a minha dor de cabeça. E de alguma coisa me serviu, apesar de tudo, a sua aprendizagem. Para além das possibilidades francamente instrutivas que lhe adivinho, noto-lhe indubitavelmente a virtude de se tornar um óptimo elemento de disciplina mental e, por conseguinte, da formação intelectual do aluno.
Os considerandos que tenho vindo a desenvolver casam-se, na minha opinião, mais do que perfeitamente, com as dificuldades que de uma maneira geral, vem a experimentar o aluno que ingressa no ensino superior. Para além de uma maior mi menor soma de conhecimentos adquiridos, o universitário vem a reconhecer, até logo de início, uma dificuldade de expressão que o coíbe de se utilizar plenamente do sumo do ensino posto ao seu dispor - não discuto a qualidade deste e que obedece a outras coordenadas muito diferentes daquelas a que vinha habituado.
De tudo isto, podemos extrair certo número de conclusões nada animadoras. E a título exemplificativo e com o seu sabor anedótico, posso testemunhar a existência de universitários que, debatendo-se com problemas próprios de expressão das suas ideias dão com direito mais do que a palmatória, erros crassos de ortografia.
Não desejo generalizar e que será menos verdadeiro. Mas limito-me a verificar exemplos incompreensíveis que é necessário banir. E com esta agravante - vivemos num país grandemente dependente das suas élites universitárias, de quem há muito a esperar, ate no simples aspecto dos contactos:, donde se pode extrair um afinamento da linguagem, no grande papel que o convívio desempenha na melhoria das relações

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas, se propugnamos pela intensificação e melhoria do ensino do português nas escolas, reconhecemos igualmente a insuficiência da medida, já que há a adoptar uma acção que possibilite ao" graduados, seja em que meio de ensino for meios que lhes permitam aperfeiçoar-se metodicamente, alargando os conhecimentos que lhes fossem facultados e que no fundo, se limitam a ser uma base de partida para a sua realizarão social, que tem de processar-se hora a hora.
Há, assim, necessidade da fomentar o gosto da leitura da boa leitura - fornecendo livros escolhidos e por preço acessível. Como há necessidade de intensificar a formação de bibliotecas, de facilitar a sua utilização, cabe aqui uma palavra de louvor à Fundação Gulbenkian, que através das suas bibliotecas fixas e móveis, tem desenvolvido uma obra altamente meritória, e seria curioso elaborar-se um estudo que permitisse aquilatar as preferências e gostos do público, de várias origens, que utiliza tais serviços. Como cabe outra palavra de louvor às Casas do Povo e respectivos departamentos do Ministério das Corporações que fornecem uma literatura séria aos meios visuais, inclusivamente no aspecto de problemas de índole técnica.
O nosso problema, editorial assume aspectos a que há que pôr cobro. O livro atinge um preço incomportável para a média da população e nem sempre a encolha do que se publica obedece a normas de conveniência, editando-se muita matéria circunstancial e de interesse relativo, na pengada de um sensacionalismo de rejeitar, e apresentado, o que se lamenta, como factor válido de cultura.
E medidas de polícia mas imediatas, está a reclamar o sector editorial. Fazemos parte de um mundo inconsequente e despersonalizado, vivendo sob o signo de uma velocidade estonteante, em que se proclama a carência de tempo disponível o se aceita uma literatura de evasão que invade os escaparates e que, pela sua acessibilidade, inunda os nossos lares.
Não há muito que um semanário se debruçou sobre o fenómeno e percorreu os locais de venda ambulante, de procura popular, para ajuizar do volume de vendas verificadas. Pois, num pais em que não há o hábito de ler, chega a pasmar-se com o que se consome, e com o volume, que se consome. Desde a novela de ficção científica até ao livro policial prenhe de violência e de um sexualismo doentio, desde o contozinho cor-de-rosa, passado no melhor dos mundos possíveis, até à historiazinha em quadrados sincoparia, e inoperante, tudo se lê e se gasta. A preços módicos e em primeira, segunda e terceira mão. E com a virtude, dificilmente alcançável, de ser escrito no mais detestável e deseducativa português.
Isto sem falar, evidentemente, na literatura infantil e juvenil, que constitui o prato forte dos nossos rapazes. Inscrita numa língua amorfa e depauperada, o que é o normal, e fazendo gala de sentimentos e qualidades que talvez, não sejam os mais aconselháveis para uma mocidade, sadia, que deve procurar nos grandes exemplos e nas sublimações, que libertam, o sentido de uma vida, o sentimento daquela vida que está nos seus propósitos e na generosidade do seu coração.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Outro aspecto de divulgação me parece adequado versar nesta ligeira súmula. Referimo-nos à imprensa que se convencionou chamar de regionalista.
Uma imprensa que tem vivido de muita dedicação e sacrifício, votada a assoberbados problemas de ordem financeira. Há que reparar-se no papel de suma importância que lhe está reservado, dado o seu poder de penetração nos meios vedados a uniras formas de imprensa. Dai lhe advém, para além de certa missão informativa, o dever de uma participação na discussão dos problemas regionais, no seu esclarecimento, fornecendo elementos formativos que possibilitem uma crítica séria, uma explanação de necessidades locais que urge resolver, a criação de um espirito de gregarismo na defesa dos interesses Inçais, que cada vez mais se impou corporizar, dando-lhe forma e sentido lógico, independência e visão prática.
Mas, analisado o panorama, mais ou menos geral, dos nossos jornais de província, talvez tenhamos de reconhecer que não têm correspondido ao que deles se exige, em profundidade e em exposição. Sob orientação a que, muitas