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28 DE FEVEREIRO DE 1969 3301

aos distúrbios desta fase da existência, todos abrangidos pela medicina geriátrica. Depois, projecta-se no campo da biologia da senilidade e no das várias disciplinas aplicadas no estudo da própria vida e entra, ainda, no domínio da gerontologia social.
Eis porque nesta «idade da idade», como já o afirmou um espírito penetrante, se impõe que, também entre nós, se dê ao estudo e difusão destes assuntos o relevo requerido pela natureza e pela magnitude de interesses tão importantes, que, além do mais, trazem em si a marca da urgência.
Não será, assim, de criar nas Faculdades de Medicina uma cadeira de Geriatria, seguida do reconhecimento da correspondente especialidade profissional, ou, ao menos, de se organizarem cursos especializados sobre matérias relacionadas com a gerontologia?
Não será altura de, nos respectivos estabelecimentos de ensino, se promover o funcionamento de cursos para a preparação de assistentes e auxiliares sociais e de enfermeiros geriátricos?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nos serviços médicos sociais da previdência não deverá acentuar-se a diferenciação técnica e administrativa que lhes permita garantir aos velhos uma assistência mais regular e eficiente e mais adaptada às situações?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Inclino-me, em princípio, para uma resposta afirmativa, quando penso na vantagem de rever estruturas e processos de actuação,, e na necessidade de técnicos e de investigadores capazes de desempenharem tão variadas e difíceis missões, e, ainda, nas exigências que, cada vez mais, advirão do funcionamento de estabelecimentos destinados a acolher e a tratar os velhos portadores de doenças, próprias da idade ou não, entre as quais as do foro neurológico e psiquiátrico.
Com efeito, e até por uma questão de método e por se tornar mister a individualização das responsabilidades dos diferentes sectores - previdência, assistência, Estado e outros-, importa distinguir entre si, e para os fins convenientes, as casas de repouso e outros dispositivos de sentido comunitário destinados às pessoas de idade, saudáveis ou relativamente saudáveis, dos institutos geriátricos com carácter sanitário, como hospitais e hospícios, e ainda dos serviços de recuperação e reabilitação funcional para idosos diminuídos físicos ou inválidos.
Sr. Presidente: A fim de não cair numa deformante e unilateral avaliação dos aspectos negativos das questões suscitadas pelo impressivo crescimento do grupo populacional dos velhos - conquista surpreendente da ciência e da técnica e dos progressos alcançados neste século -, quero lembrar as vantagens que, para o equilíbrio da sociedade e para resolução pacífica e prudente dos problemas humanos, podem ficar a dever-se à crescente influência das pessoas idosas: à sua experiência, maturidade e sabedoria; à sua noção das responsabilidades; à sua compreensão da vida; ao seu culto da ordem e da continuidade, enfim, à simpatia pela própria juventude que têm aqueles que já foram novos e que, até por verem avizinhar-se o grande encotro com Deus, d'Ele poderão dar vivo testemunho, não apenas no amor e na fé, mas também no espírito construtivo e congregador.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quantos talentos e ao vingaram no passado, só porque os atrasos, as carências e os preconceitos do seu tempo lhes encurtaram a vida?!
E quantos, por outro lado, felizmente para a sociedade, já na nossa época, e mercê das melhorias e avanços que estão na base da maior duração da vida, puderam, por isso mesmo, nas artes e nas ciências, na política e na religião, na família, na profissão, em cargos de chefia ou nas actividades mais humildes, prestar serviços inestimáveis que os tornam credores do nosso respeito e da nossa gratidão!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A verdade destas minhas palavras acudirá também, como a mim próprio acudiu por súbita associação de ideias, ao pensamento de todos os verdadeiros portugueses e de todos ou autênticos católicos de Portugal, que sabem quanto devem à Providência Divina por dois mestres de Coimbra, erguidos pelos seus méritos e virtudes aos mais elevados postos da magistratura política ou do apostolado da Igreja, terem podido, desde a mocidade até ao embranquecimento dos cabelos, cada um no mundo das suas gloriosas vocações, confirmar que a juventude do espírito e das grandes mensagens não morrem quando os homens, apesar do peso dos anos e das vicissitudes da vida, as mantêm luminosas e fecundas e as transmitem, em altura e profundidade, ao perto e ao longe, para que fiquem e perdurem.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Srs. Deputados: Só esta palavra mais para dizer, a concluir, que juventude e velhice - duas faces da mesma realidade, dois momentos da mesma vida - exigem, para além das características e peculiaridades próprias, uma política que não separe ou destrua aquela admirável e transcendente unidade de origem e destino que se chama Homem.
Política da velhice ... e também política da juventude? Sem dúvida, mas feitas, no espírito e nas finalidades últimas, uma só, verdadeiramente uma só política - a da dignificação da pessoa humana.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra para encerrar o debate o Sr. Deputado avisante.

O Sr. Agostinho Cardoso: -Sr. Presidente: Chegámos ao fim do aviso prévio em que tive a honra de pôr à consideração da Assembleia Nacional, e através dela ao Governo e à Nação, as generalidades de um vasto e apaixonante problema de interesse nacional.
Dezassete Srs. Deputados ilustraram o tema com a sua preciosa colaboração, ao longo de um interessantíssimo debate em que se completou com excepcional riqueza de pormenores o que o Sr. Deputado avisante, num instável equilíbrio entre multifacetada largueza do assunto proposto e a rigidez da ampulheta regimental, forçosamente reduzira a genérico e incompleto enunciado.
Com efeito, as valiosas intervenções realizadas nesta tribuna insistiram nas linhas mestras da política de velhice a preconizar e nos elementos básicos da protecção à pessoa idosa a estabelecer, analisaram e documentaram os diversos capítulos da complexa problemática enumerada, iluminando assim a pertinência e a flagrante actualidade do objectivo.