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3314 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 185

mento que entendi não poder omitir. Depois do que V. Ex.ª disse, faço votos para que na realidade, com o conhecimento profundo que tem do problema, nos traga em breve algumas palavras sobre aquilo a que, neste aspecto, Guimarães aspira e de que necessita.
E estou finalmente chegado à zona marítima, onde o distrito é beijado pelo. mar, no progressivo concelho de. Esposende, num conjunto de magníficas praias, rodeadas de densos pinhais, progresso que se vem a processar de maneira a merecer os mais rasgados elogios e onde a iniciativa particular tem demonstrado o que vale a tenacidade e o querer, mesmo quando se enfrentam, por vezes, as maiores contrariedades e dificuldades. Tratando-se de uma zona importantíssima para o turismo da região, Esposende debate-se, entretanto, com problemas que urge solucionar e para a resolução dos quais não falta a acção entusiástica e persistente da sua Câmara Municipal, sem, contudo, encontrar em alguns casos a receptividade que este esforço merece e justifica.
Um dos aspectos, por exemplo, que têm entravado imenso a urbanização de Esposende e de todo o conjunto de esplêndidas praias, desde a Apúlia à sede do concelho, relaciona-se com a posição assumida pelos serviços hidráulicos. Por um lado, impedindo, segundo informações fidedignas que possuo, a abertura de indispensáveis acessos às praias, e por outro, nem sequer procurando definir a delimitação do seu domínio, de acordo com a legislação vigente. Tal situação, além de trazer as maiores perturbações à acção da Câmara Municipal, não as provoca menos relativamente à iniciativa particular, que se vê assim privada de levar por diante arrojados planos que viriam valorizar extraordinariamente esta zona marítima, qual farol a irradiar as maiores benesses a toda a região.
Estive propositadamente em Esposende a apreciar os inconvenientes que advêm das posições assumidas, e por tal motivo não posso deixar de solicitar para o caso a melhor atenção do Sr. Director-Geral dos Serviços Hidráulicos, por quanto, a manter-se a actuação até agora verificada, será altamente lesiva para os interesses e desenvolvimento de uma terra que constitui um recanto magnífico do nosso encantador Minho. E necessário boa compreensão e alma aberta às grandes realizações, numa franca e decidida vontade de entreajuda, para que possamos aproveitar ao máximo tudo aquilo com que a natureza prodigamente nos dotou e que sem rebuço concorra para o engrandecimento do País. Nesta linha de pensamento, aqui leixo expresso o meu apelo e a minha confiança na Direcção-Geral dos Serviços Hidráulicos, para que se dissipem questiúnculas e se encarem superiormente os problemas de modo a assistirmos a uma nova e frutuosa realidade no progresso de Esposende.
Do ponto de vista turístico, e no conhecimento exacto das possibilidades, existe uma aspiração, que nos tempos de hoje toma maior acuidade, que se impunha resolver e enfrentar decisivamente: eliminação dos três açudes no rio Cávado, no trajecto de Esposende a Barcelos, tornando-o desta forma navegável e possibilitando excelentes digressões em barcaças apropriadas. Só quem não conhece a beleza das margens de tão remansoso rio, salpicadas de naturais praias fluviais, cheias de policromia e de motivos encantadores, poderá julgar estas palavras uma divagação de puro romantismo. Esta obra, tecnicamente fácil de resolver, seria de um admirável alcance, a ligar o mar a uma cidade cujo repositório histórico e artístico já por mim aqui foi justamente exaltado.
E agora, como breve parêntesis, seja-me permitido chamar a atenção para a imperiosa necessidade que há-de impedir que unto deste maravilhoso rio, onde a prática da pesca adquire o mais alto interesse e pode ser fomentada, se instalem indústrias que pela sua natureza possam contribuir para a poluição das águas e para o aniquilamento de uma zona de turismo que por forma alguma pode ser sacrificada.
Ainda dentro dos aspectos que possam constituir motivo de lazer, e Esposende dispõe de condições óptimas para o efeito, impõe-se a instalação de um campo para prática de golfe, que, cabendo à iniciativa particular - esta não está alheada do problema -, necessita, como é óbvio, do auxílio oficial, do qual se aguarda a melhor compreensão.
Voltando à questão rodoviária, e atendendo ao movimento e importância da estrada nacional Porto-Valença, são na verdade justos os reparos que eu próprio tenho verificado quanto ao trajecto compreendido entre Apúlia e Ofir e da vila de Esposende ao limite com o distrito de Viana do Castelo, que, numa extensão de cerca de 15 km, se apresenta extremamente perigoso, por estreito, sinuoso e de mau piso, a contrastar com os restantes quilómetros da mesma estrada. É uma obra que necessita, sem dúvida, da atenção da Junta Autónoma de Estradas, que, sempre receptiva às causas justas, não deixará por certo de se debruçar sobre tão necessário como urgente problema.
Sr. Presidente: Estou quase no final das minhas considerações de hoje, mas não queria encerrá-las sem mais algumas referências que me parecem oportunas. Uma diz respeito à existência de desdobráveis e cartazes que possam levar a todos os recantos do Mundo o conhecimento do nosso riquíssimo património, qualquer que seja o aspecto em que o encaremos, e cuja iniciativa, dadas as débeis possibilidades económicas das câmaras municipais, já assoberbadas com numerosos encargos que as asfixiam, devia partir da Direcção-Geral do Turismo.
E extremamente desagradável, perante as várias solicitações que surgem a cada passo das agências de viagens, e mesmo de particulares, receberem como resposta estas brevíssimas palavras: "Não há."
Outra referência incide sobre festividades de vária índole anualmente realizadas no Minho e que constituem já um cartaz de projecção internacional. Daí o auxílio e o interesse que têm merecido ao departamento responsável pelos problemas de turismo, pelo que não posso omitir, por essa circunstância, uma palavra de franco louvor e de viva simpatia, mas entendo que seria de acarinhar um pouco mais tais iniciativas, pois algumas delas adquiriram de há muito uma importância e um significado que poderão atingir ainda maior projecção, com reflexos dificilmente ultrapassáveis e que todos bem compreendem.
Estão nesse caso as cerimónias da Semana Santa da cidade de Braga, as festas da Agonia em Viana dos Castelo, das Cruzes em Barcelos, as Gualterianas em Guimarães e as festas São-Joaninas em Braga, todas elas necessitando de auxílio capaz e bem orientado, pois constituem indiscutível motivo de forte atracção.
Sr. Presidente: Pelo que disse e pelo muito mais que havia para dizer, tem este maravilhoso recanto de Portugal atractivos mais do que suficientes para contagiar, reter e prolongar a estada de turistas nacionais e estrangeiros.
Comungando no mesmo pensamento de um artigo publicado há meses no jornal Diário da Manha por um amigo e conterrâneo sobre "Turismo (a sério) - Turisminhos locais", sou de opinião de que os "turisminhos locais", embora com um papel utilíssimo a desempenhar e que ninguém lhes pode negar, só por si, pouco valem, o mesmo não acontecendo já com um "turismo a sério", a nível regional.