3340 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 186
aumentou o número de criadores de bovinos registados, bem como os afectivos que lhe pertencem (188 criadores em 1967 com 208 000 bovinos), o que revela um progresso de interesse.
Por outro lado, os mercados rurais, já referidos, têm desempenhado papel relevante na valorização dos efectivos das populações nativas. Em 1965 tinham sido transaccionadas 4900 cabeças, no valor de 6300 contos. Pois em 1967 o numere de cabeças vendidas nos mercados rurais foi já de 23 000, no valor de 31 000 contos. O peso médio por cabeça, que em 1965 fora de 195 kg, subiu para 251 kg em 1967.
As exportações de carne de bovino em 1967 atingiram 38 000 contos. Em relação a 1966 houve um decréscimo de 17 por cento na tonelagem exportada e um aumento de quase 100 por cento no valor médio (contos por tonelada).
Dos outros sectores da pecuária merece relevo o impulso no avícola e a continuação do esforço relativamente ao caracol.
No distrito cê Luanda a produção de frangos subiu de 450 000 cabeças, em 1966, para 2 milhões, em 1967. Cerca de 90 por cento desta produção é escoada para a capital de Angola, que consome semanalmente entre 40 t a 50 t.
Quanto ao caracul, e depois de vários anos de lutas e descrenças, parece
entrar-se em 1967 numa situação mais definida. O número de criadores era de 24 e os efectivos ovinos ultrapassaram os 30 000. No leilão de peles de caracul realizado em Luanda, os criadores particulares acorrerram com cerca de 3000 peles, número que excedeu a quantidade do Posto Experimental do Caracul.
A produção de manteiga e queijo em Angola no ano de 1967 atingiu um valor de
26 000 contos, ou seja 175 por cento de ]965. Quanto à salsicharia e conservas de carne, a situação não conheceu progresso: 97 000 contos de valor, ou seja mais 6 por cento do que em 1965.
A intervenção do Estado, além da actividade dos Serviços de Veterinária e do Instituto de Investigação Veterinária, tem como notas de relevo em 1967 a criação do já referido Fundo de Fomento Pecuário e do Conselho Plenário do Planeamento e Ordenamento da Pastorícia.
O grande esforço desenvolvido de há anos no ordenamento da pastorício do Sul de Angola merece louvor. Tem-se concretizado em dotar tais regiões com o maior número possível de pontos de água, destinados ao abastecimento das populações e ao abeberamento de gados.
De 1965 a 1967 despenderam-se mais de 58 000 contos na construção de 349 obras. Se a estas juntarmos as realizadas anteriormente, concluiremos somarem, em finais de 1967, o elevado número de 727, das quais 507 captações subterrâneas e 220 superficiais. As populações nativas, principais beneficiárias deste esforço, conheceram assim uma vida mais facilitada e até um convite ao sedentarismo.
A pesca tem igualmente figurado como uma das maiores riquezas de Angola. Mas o sector de há muito que necessita de profunda reestruturação, sendo, por outro lado, frequentes os apelos de uma actividade em crise.
Nos últimos tempos a pesca desembarcada tem excedido as 350 000 t anuais. O destino desta enorme quantidade revela, contudo, um grau de incipiência no seu aproveitamento. Era 1966 apenas 3,9 por cento deste pescado foram aprovados como peixe fresco e congelado e 1,5 por cento para cor servas. O restante foi para salga, seca e salmoura (25,3 por cento) e para farinhas e óleos (69,3 por cento). A posição melhorou em 1967 quanto ao aproveitamento em fresco e congelado (6,1 por cento), sendo de desejar que esta tendência se consolide e progrida.
Outro problema é o das qualidades. Mais de metade do pescado é carapau, seguido, embora com menos 30 por cento, da sardinha. Ora, a valorização do produto dever-se-á fazer à custa de outras espécies susceptíveis de aproveitamento mais rico e de fácil colocação nos mercados mundiais. Será o caso dos tunídeos.
Conhecida a carência dos mercados dos países ricos quanto aos crustáceos, ainda neste sector se oferecem possibilidades à província.
Finalmente, a deslocação para os mares do Atlântico Sul de grandes arrastões justifica a criação de bases frigoríficas em Angola capazes de servirem tais frotas. Estes complexos interessarão, de resto, à exportação de carnes, frutas, ovos e outros frescos.
A pesca ocupou em 1967 mais de 17 000 pescadores, mas ainda aqui será de desejar uma modernização das frotas e a valorização profissional das respectivas tripulações.
A quebra na produção industrial de 1967 relativamente ao ano anterior
apercebe-se destes números: o valor de produção baixou de 512 000 contos para 464 000. Por outro lado, a quebra nas exportações traduziu-se em 100 000 contos (401900 contos em 1966 e 300 400 contos em 1967), sendo principalmente devida à farinha de peixe (220 200 contos em 1966 e 137 800 contos em 1967).
A enorme dispersão das 375 instalações industriais existentes na província alia-se à incipiência das técnicas e à modéstia das dimensões. O ano de 1967 marcou precisamente um esforço no sentido de dotar Angola de algumas unidades industriais à altura das potencialidades dos mares da província.
Sr. Presidente: As esperanças do grande futuro económico de Angola têm-se consolidado nos últimos tempos particularmente à custa das riquezas do subsolo e do correspondente surto das indústrias extractivas. O ano de 1967 encontra-se ainda no limiar desta nova idade, mas de algumas certezas traduzidas em valores de produção e de outras perspectivas apoiadas em contratos e projectos é já possível antever o importante contributo que os recursos mineiros trarão à balança comercial da província e, consequentemente, ao desejável equilíbrio na balança de pagamentos.
Os valores de produção à boca da mina atingiram em 1967 1 500 000 contos, ou seja mais 25 por cento do que em 1964. Deste montante, 1 177 000 contos pertenceram aos diamantes, 254 000 contos ao petróleo bruto, 41 000 contos ao ferro bruto e 16 000 contos ao manganês.
No período de 1964-1967 o crescimento médio anual do valor da produção dos diamantes foi de 11 por cento.
Quanto ao petróleo, depois de se atingir 1 milhão de toneladas em 1964, a produção foi decaindo até pouco mais de metade em 1967. Os jazigos descobertos foram-se esgotando, não se tendo seguido imediatamente uma intensificação das prospecções.
Finalmente, o ferro ultrapassou, em 1967, a barreira do milhão de toneladas
(1 154 000 t), contra 790 000 t do ano anterior.
As exportações totais dos minérios de Angola renderam em 1967 mais de 1 400 000 contos, pertencendo 1 204 000 aos diamantes e 176 000 ao ferro.
Uma nova instalação para tratamento de cascalho diamantífero permitirá uma produção de mais de 300 000 a 400 000 quilates, aproximando-se, deste modo, a comparticipação da província, em lucros e dividendos, dos 300 000 contos por ano.
Quanto ao ferro de Cassinga, as exportações de 1968 alcançaram 2 675 000 t. Em Dezembro findo a exportação atingiu o nível record de 4 410 001, permitindo concluir que, no corrente ano, se excederá a previsão dos 5 milhões de toneladas!