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3338 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 186

cado resultou dá uma qualidade inferior, pois as cotações encontram-se fixadas legalmente. Acresce que a produtividade é muito Variável. De 1500 kg/ha em Malanje, desce para 437 kg/ha na Huíla.
A instalação de unidades industriais para a transformação do milho faz prever nos próximos anos uma substituição da exportação do milho em bruto pelos seus derivados.
Igualmente favoráveis sãos as perspectivas quanto ao algodão. A produção duplicou de 1964 a 1967, tendo ultrapassado neste último ano, as 27 000 t.
O nítido incremento na produção do sector empresarial ficou a dever-se ao alargamento das áreas de cultivo.
Uma redução nos produtores tradicionais, nomeadamente no distrito de Malanje, poderá atribuir-se ao êxodo rural ou à preferência em trabalhar por conta de outrem.
O forte apoio do Estado à produção tradicional concretizou-se numa maior produção média por hectare. De 449 kg, em 1965, passou-se para 515 kg, em 1967. Esta intervenção, realizada pelo Instituto do Algodão de Angola, quanto à disciplina da produção e comercialização, e pelos Serviço: de Agricultura e Florestas, no referente à produção, merece ser salientada e deve
intensificar-se. A escolha de variedades de algodão adaptáveis às regiões, a prospecção de novas zonas, os ensaios de adubações, a distribuição de sementes, etc., devem conjugar-se com a mentalização d is populações, de forma a tirarem-se os melhores resultados das indiscutíveis potencialidades existentes.
Não obstante e desenvolvimento substancial na produção de algodão-caroço, diminuíram as exportações de algodão em rama. O aumento interno do consumo é assim uma realidade, que se acentuará nos próximos anos. Deste modo, a manutenção do nível das exportações só se obterá à custa de um sensível incremento na produção.
O que se passa com a economia do açúcar no espaço económico português justifica igualmente um comentário.
Portugal figurou, há anos, no Acordo Internacional do Açúcar, como país exportador, a quem oportunamente foi atribuída deter ninada cota. Mas, com estranheza dos representantes de outros países na Conferência Internacional do Ac içar, apresentámo-nos de facto como importadores.
As importações dos últimos anos atingiram montantes relativamente expressivos, o que tem conduzido muitos a perguntar das razões por que no açúcar - como nas oleaginosas ou, até, no tabaco - a conduta económica da metrópole parece continuar esquecida de que dispomos no ultramar de incontestáveis possibilidades para a produção deste; bens.
Em 1967 a produção de açúcar em todo o espaço económico português atingiu 279 200 t, as importações do estrangeiro 57 500 t e o consumo total 318 800 t (cf. Sugar Year Book, 1967).
Da produção, 199 5001 pertenceram a Moçambique, 67 000 t a Angola e 12 700 t aos Açores e Madeira.
O continente consumiu 186 600 t, Moçambique 64 200 t, Angola 42 700 t, Açores e Madeira 16 100 t, Cabo Verde 3600 t, Macau 2800 t, Guiné Portuguesa 1100 t, S. Tomé e Príncipe 820 t e Timor 602 t. A Índia Portuguesa consumiu, em 1961,
8900 t.
Das 57 500 t importadas do estrangeiro, 53 200 t destinaram-se ao continente, 2800 t a Macau e 1400 t à Guiné Portuguesa.
O espaço económico português, além de estar, infundadamente, a importar açúcar do estrangeiro, tem baixíssimas capitações anuais de consumo.
Em 1967 o continente consumiu 21,5 kg por habitante, as ilhas adjacentes 26,9 kg, Cabo Verde 15,5 kg, 8. Tomé e Príncipe 13,7 kg, Macau 10,1 kg, Moçambique 9 kg. Angola 7,9 kg, Guiné 2,2 kg e Timor 1,1 kg por habitante. Em 1961 a capitação no Estado Português da Índia foi de 13,6 kg por habitante (cf. o citado Sugar Year Book. 1967).
Deste modo, um desejável incremento nos consumos absorverá toda a possível expansão da produção nacional.
Será despiciendo assinalar que, enquanto o continente consumiu os referidos 21,5 kg por habitante, as capitações foram, em 1967, de 43,2 kg por habitante na Áustria, 53,3 kg na Dinamarca, 65,8 kg na Irlanda, 63 kg em Malta, 58,3 kg na Holanda, 46,6 kg na Noruega e 51,9 kg na Suíça?
No caso de Angola, verifica-se que nos últimos tempos o consumo interno aumentou de 20 por cento, enquanto o acréscimo da produção não foi além de 6 por cento. Isto é, se não nos equipássemos tempestivamente, poder-se-ia até dar a singularidade de um grande território ultramarino vir a importar açúcar!
Mais grave ainda é a situação no espaço económico português quanto ao
auto-abastecimento de gorduras vegetais. Em 1967 a metrópole importou 138 900 t de amendoim, num montante superior a 800 000 contos, das quais apenas 11 500 t provieram da Guiné e 1800 t dos restantes territórios ultramarinos. «Patriòticamente» gastamos anualmente centenas de milhares de contos nas compras de amendoim a países que, em compensação, se mostram, nas organizações internacionais, zelosos no seu antiportuguesismo.
O nosso ilustre colega engenheiro Araújo Correia, todos os anos, no parecer sobre as contas públicas, chama as atenções para uma situação que tem tanto de incompreensível como de onerosa.
A posição modesta de Angola quanto à produção de amendoim deve, por outro lado, ser vencida não só através de medidas locais de fomento, mas ainda por ajustada comercialização.
As exportações baixaram de 17 000 contos, em 1965, para 7000 contos, em 1967, e as cotações de 5100$ por tonelada para 4600$ por tonelada, nos mesmos anos.
A produção anual estima-se em 13 500 t anuais, o que, face aos consumos metropolitanos, indica largas possibilidades de expansão.
Quanto ao óleo de palma, as exportações têm crescido nos últimos anos ao ritmo de 7 por cento. O valor de exportação, que foi de 63 800 contos em 1965, subiu para 80 600 contos em 1967.
A acção desenvolvida por intermédio dos Serviços de Agricultura e Florestas, nomeadamente junto das populações económicamente mais débeis, traduz-se num propósito de aumento da produção (recorrendo mesmo à introdução de novas variedades) e na obtenção de óleos com menor acidez, com vista à melhoria nas cotações.
O coconote e a crueira acusaram em 1967 incrementos na exportação relativamente ao ano anterior, mas o preço médio por tonelada, tanto num caso como noutro, caiu igualmente (de 1702$ por tonelada, em 1965, para 1514$ por tonelada, em 1967, quanto à crueira, e de 4354$ por tonelada em 1965, para 3660$ por tonelada, em 1967, quanto ao coconote).
Quem em Angola ou Moçambique contacta com os colonos e indaga das possibilidades de introdução ou generalização de culturas ricas não raro os ouve falar do tabaco em rama. Mas, à medida que nos relatam as suas experiências, avulta um insucesso atribuído aos problemas de conquista dos mercados.