O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

3564
DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 195
progresso e activa, permanente, austera e criteriosa actuação, que saiba apresentar os seus casos, pedindo e reclamando se for preciso.
Vozes: —Muito bem!
O Orador: — Assim, o progresso, quando se tem dado, é por surtos, se alguém, isoladamente ou quase, consegue fazer-se ouvir em Lisboa, para logo se cair na inanição normal, que leva o desânimo aos dirigentes naturais e atira a população para a descrença e íntima revolta.
Ora, Sr. Presidente, uma dessas acções provocadoras de um surto de progresso pude fazê-la eu, aqui em Lisboa, quando, tendo conseguido expor esta nossa vida tão mesquinha ao Doutor Salazar, consegui abrir o seu generoso espírito às nossas fortes razões. Logo um programa de nível capaz se concretizou e começou a ser cumprido. Por isso, e por tudo o mais, aqui lhe deixo a minha homenagem mais sentida; porque nos compreendeu e ajudou, daqui lhe dirijo, nesta hora de provação, um amigo e grato pensamento, associado aos mais ardentes votos de muitas melhoras.
Vozes: — Muito bem!
O Orador: — Mas o que é estranho, embora não seja novo, é que passados alguns anos de belas realizações, que em todo o caso não chegaram para levantar Guimarães do atraso em que estava mergulhada, logo essa ajuda foi suspensa, abrupta e lamentavelmente. Procurarei mostrar que assim foi!
Criada pelo Decreto-Lei n.° 44 741, de 29 de Novembro de 1962, a Região Hospitalar, com sede em Guimarães e constituída pelos «concelhos limítrofes de Fafe, Celorico de Basto, Cabeceiras de Basto, Mondim de Basto, Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira» e informado pelos mais altos representantes dos Ministérios das Obras Públicas e da Saúde que a prioridade de construção do respectivo hospital o colocaria em quarto ou quinto lugar, logo o passaram em 1965 para décimo quinto, isto ó, para o fim da lista. E no entanto este hospital interessa a uma população de mais de 300 mil pessoas e a escassez de recursos hospitalares era e é tão grande que o citado decreto o reconheceu e que o próprio Chefe do Estado não pôde, nas visitas que fez ao Hospital da Misericórdia, entrar com a sua comitiva nas enfermarias, tal era o receio de que os soalhos caíssem.
Embora incluída no mesmo plano, encontra-se por fazer a obra de adaptação do Convento de Santa Clara a Paços do Concelho. O anteprojecto foi estudado pelo arquitecto Luís Benavente, depois de uma indicação do Doutor Salazar no sentido de se demolir o inestético barracão que desfeia a cidade e afronta o Paço dos Duques, tapando a vista da cidade antiga a quem se encontra naquele palácio.
O magnífico anteprojecto, que deveras encantava o anterior Chefe do Governo, estava a ser transformado em projecto, pensando-se adaptar as lindas madeiras das demolições da Igreja da Oliveira para decorar a parte mais nobre dos Paços do Concelho. O Ministério das Obras Públicas ponderava em 1966 os meios de se poder realizar rapidamente esta obra. Mas de então para cá nada se concretizou e faltam notícias do que se passa.
Pelo que respeita à Escola Comercial e Industrial, devo apenas dizer que, por conveniências do Ministério das Obras Públicas, entre as quais se cita a do aproveitamento de verbas, se resolveu construir uma escola que se previa estaria saturada dois anos depois de inaugurada, mas que na verdade já estava saturada no próprio dia da sua inauguração. Logo foi prometida a construção de um segundo edifício, que provavelmente seria destinado a escola comercial, ficando o actual para escola industrial. Não se cumpriu, porém, o prometido, com grave dano para o ensino da populosa região e para a cidade.
Das obras programadas para resolução dos problemas de trânsito, duas foram executadas: a primeira fase da rodovia de Covas ao Castanheiro, com a supressão de duas das três passagens de nível, e a remodelação do centro da cidade. Passados tantos anos, o problema está ainda sem solução, visto não se terem efectuado a segunda e terceira fases da rodovia — do Castanheiro à estrada de Braga e desta à E. N. n.° 101, de Guimarães a Amarante, com a supressão da terceira passagem de nível — nem a abertura de uma projectada avenida ligando esta rodovia ao centro da cidade.
Com estas construções e com a da estação de camionagem, incluída no Plano de Fomento, o problema do trânsito dentro da cidade e o das estradas que dela partem estaria resolvido: por enquanto é complicadíssimo e em muitos anos nada se fez de novo.
E falo agora, Sr. Presidente, de um dos casos que mais prejudicam e ofendem a população vimaranense: pouco depois das revoluções do 28 de Maio e do 7 de Fevereiro, Guimarães assistiu, dolorida, à transferência do Regimento de Infantaria n.° 20 e, depois, à do Batalhão de Metralhadoras n.° 2. Os argumentos dados terão sido o de a unidade de Guimarães não ter aderido ao 28 de Maio e o de se ter revoltado no 7 de Fevereiro. Só com Guimarães isto sucede: uma terra castigada por um facto de que a população não teve a menor culpa!
As nossas reclamações foram-se sumindo nos gabinetes e repartições, até que o Doutor Salazar, quando ocupou a pasta da Guerra, prometeu resolver o assunto e finalmente, em 3 de Agosto de 1956, já lá vão doze anos e meio, foi publicado no Diário do Governo n.° 164, 1.ª série, o Decreto n.° 40 724, que colocou de novo em Guimarães uma unidade militar: desta vez o Regimento de Cavalaria n.° 6.
A Câmara Municipal, por indicação do Estado, comprou praticamente metade do terreno escolhido pela CANIE, com a área de 82 000 m2, para que as obras pudessem começar rapidamente, e a sua primeira parte chegou a ser adjudicada, mas um despacho mandou suspendê-la. Porquê? Disse-se então que era para não aumentar muito o volume das obras dos quartéis, devendo fazer-se o de Cavalaria n.° 6 logo a seguir. A verdade é que depois muitos outros trabalhos se empreenderam, outros se estão a fazer e outros ainda em projecto, mas do quartel de Guimarães ninguém fala e ó preciso cumprir o que está citado no decreto-lei e respeitar a palavra pessoal do Doutor Salazar.
Do Instituto Comercial e Industrial nada sabemos, mas, pedido por nós há tanto tempo, espera-se que agora seja construído em Guimarães.
Resta, Sr. Presidente — para não alongar o rosário, pois o programa era vasto, sobretudo depois dos despachos relativos às visitas do ilustre Ministro Arantes e Oliveira —, resta, dizia eu, falar da Região de Turismo.
Pedimo-la também há mais de dez anos. Diligências, reuniões e promessas não faltaram. A Serra da Estrela, a Ilha da Madeira, Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e o Marão obtiveram despacho. Guimarães não. Guimarães não tem merecido o interesse de quem tem mandado no turismo. E não por falta de conhecimento dos problemas e da forma de os resolver.
A mesma coisa se passa com os hotéis.