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20 DE MARÇO DE 1969
Disse aqui noutro dia:
... O problema hoteleiro, no meu concelho, é deveras complexo, visto que há o caso da cidade, com a sua intensa actividade comercial e industrial, com os seus altos valores artísticos e as suas tradições, e o da Penha, que lhe está muito ligado.
Há também, e por outro lado, os problemas de Vizela e das Taipas, magníficas e lindíssimas estâncias termais. Em Vizela o assunto não está bem resolvido relativamente à sua categoria, mas há, em todo o caso, um hotel bastante aceitável; nas Taipas o caso carecerá ainda de mais urgente solução.
Quanto à cidade de Guimarães e à Penha, o problema poderá pôr-se assim: são precisos um hotel na Penha ou em Guimarães e uma pousada em Guimarães ou na Penha. Ou ainda a meio do caminho.
E claro que iríamos por partes. Convidámos para visitar Guimarães e estudar connosco o assunto todos os Secretários Nacionais da Informação e Turismo, desde António Ferro, e mesmo um membro do Governo. Admire V. Ex.ª, Sr. Presidente, a nossa persistência. Todos compreenderam o problema e prometeram resolver o assunto, mas nunca nos tocou a esmola de uma simples pousada.
Em Outubro de 1965 o Doutor Salazar escrevia assim num despacho sobre utilidade turística, de que me mandou cópia:
... Não esquecer que o problema de Guimarães não fica resolvido com este pequeno estabelecimento. Infelizmente não há em Guimarães nem hotéis nem restaurantes capazes, sendo que a cidade se presta a um grande desenvolvimento de turismo, ao menos de visitantes.
Aqui há um ano e tal, então, o Ministério das Obras Públicas informou de que iria adaptar a pousada um belo monumento, que precisa de ser salvo, como se fez com os Lóios, de Évora, e se pretende fazer agora com outros monumentos.
Rejubilámos com o facto, mas pouco tempo durou a nossa alegria, pois parece ter-se dado primazia a pousadas noutros sítios, e à pousada de Guimarães sucedeu-lhe como ao hospital e ao quartel: passou para o fim da lista.
Sr. Presidente: Ao afirmar aqui que a terra de Guimarães até à revolução liberal nunca dependeu de qualquer terra vizinha, não vou ressuscitar velhas querelas da Colegiada nem, sobretudo, os acontecimentos dos últimos tempos da Monarquia, que levaram ' à criação de um regime administrativo especial para aquele concelho.
Depois de haver enunciado as nossas dificuldades e enumerado as nossas queixas, tenho de concluir que o regime administrativo a que estamos sujeitos não nos convém, pois, na parte que lhe compete, não nos dá a necessária posição nem nos garante o progresso que merecemos.
Os Governos, de há anos a esta parte, não conseguem compensar a supremacia das capitais de distrito: não são a vida e os homens com os seus problemas reais que atraem a sua atenção, é apenas a ficção de uma divisão administrativa que pesa. Os governadores civis, até agora, e durante estes anos todos, livres de especiais complicações políticas, transformaram-se de magistrados administrativos que são, por isso mesmo com funções políticas, numa espécie de superpresidentes de todas as câmaras do seu distrito. Reúnem-se com elas para apreciarem os assuntos em conjunto, não podendo deixar, naturalmente, de dar primazia aos problemas das sedes de distrito. E esta espanholização da nossa vida local, com predomínio absoluto das capitais, está bem clara na actuação do dia a dia e bem expressa, por exemplo, nas conclusões do Congresso da Liga dos Antigos Graduados de 1966:
No caminho da sucessiva revisão do sistema administrativo local, impõe-se reforçar o papel do distrito como autarquia, estruturando adequadamente os seus órgãos sob a égide do princípio da eficácia e ampliando, simultaneamente, a base da sua representação.
Verifica-se, não há dúvida, que esta ó a realidade e se acentua cada vez mais o desenho dos distritos como autarquias, tomando para as suas capitais os mais avultados melhoramentos e as mais importantes delegações do Governo, mesmo nos casos em que, como sucede no meu, o concelho é, sob múltiplos aspectos, mais importante que o da sede do distrito.
De tudo resulta claramente que só há para este fenómeno uma porta de saída: a criação de novos distritos. De resto, a nossa organização está envelhecida e não atende, como no caso de Guimarães, nem aos fenómenos de sempre, nem ao desenvolvimento das regiões.
Como é preciso criar Lisboa-Maior e o Porto-Maior, também será necessário com certeza criar novos distritos, podendo os actuais ser facilmente compensados. E no caso de Guimarães, com a vantagem de fazer progredir mais rapidamente toda a vasta região que lhe está ligada, de equilibrar a vida não só do concelho sede, mas também a da zona que vai até Basto, de permitir a melhor solução dos problemas internos de Guimarães e de nos deixar melhorar as nossas relações com Braga, admirando então — sem amargura — o seu progresso magnífico.
Vozes: — Muito bem!
O Orador: -E não se diga que as distâncias são curtas. Já o eram durante toda a vida de Portugal em que Guimarães foi independente. Mas, para além disso, é preciso ter a consciência de que os problemas postos por uma população numerosa e muito trabalhadora, justamente porque respeitam a valores humanos, não se medem aos palmos: o que está em causa é uma ponderação de realidades políticas e de conveniências administrativas novas, e não a perpetuação da simetria de um desenho cartográfico ou a repartição geométrica de uma quilometragem.
Vozes:— Muito bem!
O Orador:.—¦ Sr. Presidente: Portugal não quererá assistir à deterioração da personalidade de Guimarães, cujo nome é sagrado e jamais poderá ser absorvido.
Vozes: — Muito bem, muito bem! 0 orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Leonardo Coimbra: — Sr. Presidente: O verdadeiro e fundamental tema da história é a luta do homem em torno de Deus e dos eternos valores do espírito.
Dois são os caminhos que se oferecem ao homem: afirmar-se na exaltação do seu poder autónomo e no desprezo de Deus, e por essa via caminhar para a sua destruição espiritual e mesmo física; ou renunciar ao orgulho e egoísmo e abrir-se a Deus e ao seu amor, construindo-se segundo a sua imagem e semelhança, único modo autêntico de ser.