DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 49 1026
tidão com que o corpo expedicionário, em Dezembro de 1941, ficou preparado para partir de Moçambique com destino a Timor, permitiu-lhe, em 1943, fazer saber ao Governo Britânico que desejávamos que às nossas forcas colaborassem com forças daquele país nas operações que tivessem por objectivo a reocupação de Timor, de modo a livrar aquela parcela do solo pátrio da ocupação japonesa. Seguiram-se negociações morosas, que levaram a assinatura de dois acordos, respectivamente com a Inglaterra e os Estados Unidos, para definição da comparticipação portuguesa, e só com os Estados Unidos quanto a facilidades em Santa Maria para 03 aviões que se destinassem à guerra no Extremo Oriente. Entenderam os Governos dos Estados Unidos e Inglês que as facilidades por nós dadas nos Açores eram já uma muito válida e eficiente comparticipação no esforço de guerra, sendo dispensada, portanto, a participação activa das nossas forças armadas. Mas foi a atitude de Salazar perante a ocupação australiano-holandesa de Timor, a posterior insistência com os aliados para que nos fosse permitida cooperação militar na libertação daquela província da ocupação japonesa e a atitude prudente que tomou para não tornar catastrófica a situação de Macau, que fez respeitar a nossa posição de país do Oriente e garantir, pelas grandes potências aliadas, o nosso direito histórico sobre aquelas parcelas do território nacional.
A luta de Salazar para manter a integridade da Nação, isto é, para manter Portugal nas várias partes do Mundo, foi sempre travada à luz da razão e da justiça, procurando, com n sua inteligência lúcida, esclarecer e fazer compreender não só a legitimidade histórica do nosso direito, mas também, principalmente, da realidade sociológica e política que constituímos. Apesar de todos os seus esforços, este direito foi ignorado e amesquinhado e no Estado Português da índia deixou de flutuar a nossa bandeira. Mas nem por isso desfalecemos na nossa convicção e, tal como Salazar, não cremos "concebível Governo Português que possa algum dia reconhecer a espoliação".
Após anos de ocupação, continuamos a resistir espiritualmente, já que não se pode, nem poderá nunca resolver militarmente o conflito. E se temos vindo a resistir é porque os nossos irmãos da índia, que lá vivem, querem continuar a ser portugueses, como portugueses são todos os de lá oriundos e que vivem espalhados pelo Mundo e no mundo português, que é o mundo que também é seu. Por isso, continuamos a pugnar, já que há e haverá sempre, como disse Salazar, "impossibilidade humana de ceder, vender e entregar uma massa de cidadãos portugueses com a sua terra, como se fossem terras com o seu gado". E Salazar, ao fazer esta afirmação, defendia intransigentemente os nossos irmãos do Oriente e interpretava, fielmente, o desejo e o sentir da Nação.
18 de Abril de 19611 Neste dia, a .Nação falou mais uma vez através de Salazar, quando Salazar disse: "... Angola! . . . Andar rapidamente e em força é o objectivo que vai pôr a prova a nossa capacidade de decisão."
Que momentos de intensa emoção vivemos em Moçambique quando, cheios de ansiedade pelo desenrolar dos funestos acontecimentos, escutámos essa ordem de comando!
Tínhamos, assim, a certeza de que o infortúnio vivido em Angola estava prestes a dissipar-se na sua fase mais cruciante, já que Salazar, mais uma vez, não hesitava tomar as decisões que a alma nacional impunha! Este frémito de emoção que perpassou Moçambique de lés-a-lés, sentiu-o também todo o mundo português, que em uníssono, aplaudia a decisão de Salazar.
E se foi ingente e dominante no seu espírito a. ideia de manter integral a herança dos nossos maiores, não menos foi persistente a sua preocupação no campo da valorização económica e humana de todo o território de aquém e de além-mar.
Assim, o interesse e entusiasmo com que encarava obrais de envergadura, como as do Limpopo ou da gigantesca Cabana Bossa, era igual ao interesse e entusiasmo com que incentivava o esforço civilizador das massas populacionais. Para melhor dizer, a força que imprimia a marcha geral do progresso económico visava, como consequência primeira, a melhoria das condições sociais em todos os seus - sectores - desde a instrução à saúde e à garantia de tornar mais geral um nível desafogado de vida, condições básicas para o pleno desabrochar das potencialidades humanos em que a Nação tem de assentar.
A criação da Universidade em Luanda e Lourenço Marques deu ia Angola e Moçambique a possibilidade de ascenderem aos cimos da cultura, através dos seus filhos. Mais fácil será agora a promoção social, já que a escola é mais acessível e a cultura, verdadeira fonte da vida, ficou ao alcance de muitos mais.
Resgatar o caminho de ferro e o porto da Beira, tornar preponderante a posição do Governo Português, na sociedade que era detentora do caminho de ferro da Trans-Zambezia e da ponte sobre o Zambeze, foram actos de administração que dignificaram Portugal através de Salazar, por se haverem libertado too importantes sectores de Moçambique.
Descrever a obra de Salazar seria descrever, em pormenor, o progresso de Portugal durante o tempo do seu governo.
Foi, pois, neste incessante esforço de fortalecer a Nação, como um todo humano e territorial, sem nunca desfalecer na vontade e no ânimo, que Salazar continuou a sua promessa de actuação: partindo do muito que fizemos, realizar o muito que temos ainda que fazer".
Salazar morreu e a sua vida consumiu-se como dádiva abnegada. Mas a promessa ficou, viva, pulsante e premente! E havemos de continuar a cumpri-la com o mesmo entusiasmo e com a mesma fé que o animava! Havemos de prosseguir na senda do progresso e operar esse muito que nos cabe realizar para dar continuidade ao legado de Salazar que é Portugal.
Vozes: - Muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Montanha Pinto: - Sr. Presidente: No início de novo período desta legislatura, sinceramente cumpro o grato dever de apresentar a V. Ex.ª os meus cumprimentos de muito respeito e do mais alto apreço.
Adivinhando que nestes próximos três anos não faltarão a V. Ex.ª preocupações e afazeres, atrevo-me a transmitir uma certeza e fundada confiança, daqueles que aqui represento, de que este período legislativo permitirá uma discussão do ideias donde resultem algumas soluções concretas e medidas actualizadas do mais alto interesse para a defesa do bem comum e da integridade nacional.
Sr. Presidente: Peço a V. Ex.ª para que me seja consentida uma saudação a todos os Srs. Deputados em geral, autorizando-me uma palavra de recolhida saudade e de respeitosíssima homenagem aos que foram nossos pares e que, no cumprimento de um dever, tombaram na Guiné Portuguesa, em holocausto a Pátria, servindo devotadamente a Nação.