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27 DE NOVEMBRO DE 1970 1027

Peço ainda licença a V. Ex.ª para dirigir também uma palavra de agradecimento aos Srs. Deputados que, sem medirem incomodidades, nos deram, este ano, o prazer e a honra de uma visita a Angola, rápida embora, mas julgamos adivinhar quão útil terá sido e da qual, em qualquer oportunidade, nos darão o seu agora mais válido testemunho. Pois entendemos que a melhor forma de compreender as nossas verdades e os nossos problemas será precisamente verificar, pormenorizadamente, a forma como se materializa o nosso viver.

Sr. Presidente: Pedi a V. Ex.ª a minha inscrição para o dia de hoje, por imperativo de consciência e de coração. Cumprirei assim um mandato em nome de outros e do meu próprio. E me perdoem os mandantes se não conseguir expressar a nobreza moral e bela intenção dos seus desejos. Espero que a sinceridade das palavras supra a modéstia da forma. Bem desejaria desempenhar com elevação e à altura da Circunstancia tão magnífico encargo, pois trago comigo a homenagem de 5 milhões de portugueses.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: É honrosa a minha missão de hoje, demasiado pesada, para os meus frágeis ombros, mas tenho de me sentir profundamente feliz e orgulhoso por me ter sido confiada.

Na justíssima homenagem, prestada, no mais alto órgão da representação nacional, ao homem que reintegrou a Nação nas suas linhas de força e realizou uma obra que lhe marca lugar entre os maiores homens da História de Portugal não deve faltar uma palavra vinda de Angola e, em especial, uma palavra vinda do Congo Português.

Bem sei que não posso dizer nada de novo ou interessante nesta solene Assembleia, perante personalidades tão ilustres, onde todos serão mais cultos, mais eloquentes e mais capazes de exprimir a gratidão do povo português a um português do povo, que foi grande entre os maiores estadistas do nosso tempo.

Mas acontece que vivo em Angola, que vivo no Congo Português. E estava lá, nessa bela terra de Angola, em Abril de 1961, quando em toda a Nação, na formosa Lisboa ou nos redutos defensivos do Noroeste angolano, aos ouvidos dos militares e civis que vigiavam em Carmona, em São Salvador, no Quitexe ou na pequenina povoação isolada da Caipemba, quando aos ouvidos de todos esses saturam, aquelas palavras de milagre: "Para Angola, rapidamente e em força."

Palavras que representaram bem o símbolo dos nossos ideais e polarizaram e dinamizaram todas as energias da Nação.

Meus senhores, eu estava lá, também de arma pronta a disparar contra os inimigos da Pátria, num dos postos da milícia da cidade de Carmona. E sou testemunha presencial e viva do efeito prodigioso que o mais breve discurso de Salazar produziu em mim e em todos aqueles que comigo estavam, depois de muitas noites sem dormir, bem despertos e atentos a mensagem dessa voz firme e serena, que nos vinha de tão longe e que parecia vir do fundo dos séculos, com toda a força e com toda a autoridade da alma milenar da grei.

Um clarão de confiança iluminou todos aqueles rostos marcados pela enorme tensão dos dias precedentes. Senti-mo-nos, repentinamente, quase curados de todas as angústias dos dias de desespero. Em ninguém se notou a mais ligeira dúvida, antes certeza confortante, de que a promessa de Salazar seria cumprida. E, presos à estupenda ressonância histórica daquelas palavras sortilegas, momentaneamente nos esquecemos de que, a volta da cidade, os assassinos continuavam a espreita de uma nova oportunidade de mais sangue, de mais pilhagem, e de mais destruição. Uma nova oportunidade que nunca mais tiveram...

Nunca julguei possível, meus senhores, que três ou quatro frases, compostas com
Palavras simples pudessem a tamanha distância produzir um tão espantoso efeito psicológico em homens de todos os níveis sociais e de várias simpatias ideológicas. Nunca, antes ou depois, vivi um momento de tão alta, tão profunda e tão geral emoção, a que ninguém pode resistir, nem mesmo os mais convictos adversários políticos do Presidente Salazar.

E tal aconteceu porque, em boa vontade, nesse momento histórico, certamente um dos mais altos em toda a vida da Nação, Salazar não era um chefe político, nem o defensor de um determinado sistema de governo - era, sim, para todos nós, em toda a sua dignidade e na sua máxima grandeza, a expressão da vontade soberana de um. povo com oito séculos de independência, a própria voz infalível, imperativa e augusta de Portugal.

Por isso mesmo, Sr. Presidente e Srs. Deputados, essa voz não se calou com a morte física do homem que, durante quarenta anos, sempre soube escutar na própria alma e transmitir aos seus concidadãos a voz resoluta e permanente da alma milenar da Grei. Essa voz continua e não só pelas resolutas e claras palavras do sucessor de Salazar, mas também na vontade e nos sentimentos de todo o nosso povo, continua a gritar-nos que é preciso defender o ultramar português.

Vozes: - Muito bem!

Nós, os portugueses de Angola, estamos inteiramente decididos a respeitar a ordem histórica de Salazar. Sejam quais forem os circunstâncias, os perigos e as dificuldades, a presença portuguesa em Angola cada vez se firmará com mais vigor, pois nós defenderemos Angola até ao fim dos nossos recursos e até ao sacrifício total das nossas vidas.

Vozes: - Muito bem!

Porque é esse o nosso direito, porque é esse o nosso dever.

A voz de Salazar continua e continuará a soar em toda a enorme vastidão de Angola, província que tanto lhe deve, inclusive a sobrevivência como terra portuguesa, pois foi Salazar que salvou Angola. E, salvando a Angola de hoje, tornou possível a Angola do futuro.

Entendemos que a melhor homenagem que podemos prestar à sua memória é demonstrar, com a vitória que já começou e há-de ser completa e definitiva, que Salazar, nas suas memoráveis palavras de Abril de 1961, indicou o rumo certo, deu renovada dimensão ao conjunto nacional e formou a sólida consciência do que somos, do que valemos e do que podemos, e abriu uma nova era que, se todos nós quisermos, há-de ser uma era de glória e grandeza para Portugal.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Almeida Cotta: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Os desígnios de Deus são insondáveis, mas no falível juízo dos homens as pátrias, grandes searas de seres humanos, têm dias bons e dias maus. Dias em que o sol esplendente brilha por sobre o orbe, fecundando A terra-mãe; em que a luz das estrelas ilumina as