3 DE DEZEMBRO DE 1970 1033
tisfação dos requerimentos apresentados por diversos Srs. Deputados, aos quais já foram entregues os respectivos elementos.
Estão na Mesa os elementos fornecidos pelo Ministério da Economia, destinados a satisfazer o requerimento apresentado pelo Sr. Deputado Pinho Brandão na sessão de 15 de Abril; os elementos fornecidos pelo Ministério da Educação Nacional, destinados a satisfazer o requerimento apresentado pelo Sr. Deputado Camilo de Mendonça na sessão de 29 de Abril; os elementos fornecidos pela Secretaria, de Estado da Informação e Turismo, destinados a satisfazer o requerimento apresentado pelo Sr. Deputado Aguiar e Silva; os elementos fornecidos pelo Ministério das Obras Públicas, destinados a satisfazer o requerimento apresentado pelo Sr. Deputado Leal de Oliveira na sessão de 8 de Abril; as publicações requeridas pelo Sr. Deputado João Manuel Alves, e os elementos fornecidos pelo Ministério da Educação Nacional, destinados a satisfazer o requerimento apresentado pelo Sr. Deputado Silva Mendes na sessão de 30 de Abril último.
Está também na Mesa uma nota do Ministério do Ultramar visando o esclarecimento do Sr. Deputado David Laima quanto à matéria do aviso prévio apresentado na sessão de 29 de Abril último. Essa nota fornece elementos sobre as medidas adoptados no campo do turismo e respectivas estruturas nas províncias ultramarinas e vai ser publicada no Diário das Sessões, tendo já sido entregue uma fotocópia dela àquele Sr. Deputado.
Há na Mesa várias notas de perguntas e as respostas do Governo a elas relativas, as quais serão lidas noutra sessão.
Pausa.
O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: No passado dia 2 de Novembro faleceu o Sr. Deputado António Covas Lima, que, em representação do circulo de Beja, pertencia à actual legislatura. O Sr. Deputado Covas Lima era homem de grande projecção social e política, como frequentemente acontece aos médicos que aliam a uma alta capacidade profissional um grande espírito caritativo.
A enorme reputação e estima que o Sr. Deputado Covas Lima tinha adquirido em toda a região, onde carinhosamente prestava os seus serviços a todas as camadas da população, quis ele também pô-la, de certo modo, ao serviço nacional através de uma acção política que vinha de longe e que culminou na aceitação da candidatura para Deputado à Assembleia Nacional na corrente legislatura. Tivemos ocasião de o ouvir e, através da sua intervenção, medir com quanta profundidade ele se dedicava aos problemas que tocavam o bem-estar dos seus doentes e, sobretudo, à numerosa classe dos mineiros, que ele tão intensamente acompanhou e que tanto mostravam estimá-lo. Em representação da Assembleia e por impulso próprio acompanhei o seu funeral, e tive ocasião de ver, pelo número de pessoas que a ele concorreram, pela evidente diversidade de situações sociais dos elementos dessa multidão, pela expressão de pesar patente em muitos rostos, quanto o Sr. Deputado Covas Lima era estimado pêlos seus amigos e vizinhos e quanto foi sentida a sua perda. E, portanto, com dobrada confiança que proponho a VV. Ex.ªs que exaremos na nossa acta um voto de profundo pesar pelo seu passamento.
Faleceram durante o interregno parlamentar três antigos Deputados. Proponho que exaremos também em acta um voto de pesar pêlos seus falecimentos.
Faleceram ainda, infelizmente, os pais dos Srs. Deputados Barreto de Lara e Mota Amaral. Igualmente proponho outro voto de pesar pela sua perda.
Informo a Assembleia de que no passado dia 7 de Outubro o Sr. Embaixador do Brasil deslocou-se aqui pessoalmente e pediu-me para transmitir a VV. Ex.ªs cumprimentos que quis deixar para a Assembleia, juntamente com os que fez o favor de me apresentar.
Tem a palavra o Sr. Deputado Lopes Frazão.
O Sr. Lopes Frazão: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: Está vazia a bancada n.° 14 desta Casa, e por infelicidade nossa, dos seus pares de círculo, das gentes de Beja e seu termo - "O meu Alentejo", no seu dizer - , mesmo do País, que tanto lhe ficou devendo, não torna ela a ser preenchida enquanto durar esta legislatura. Cada vez que a olhamos, cada vez que notamos ali a falta daquela grande figura, de extraordinária nobreza e de exemplar abnegação, que a ocupava tão bem com o primado do seu humanismo, tolhe-se-me a alma de dor profunda, marejam-se-me os olhos de lágrimas de saudade infinda.
O Dr. António Covas de Lima, que não nos sai do pensamento, tanta e tão forte a amizade que nos unia, mais robustecida agora pelo perigo que em comum vivemos no tão fatídico quão triste acidente da Guiné, era a personificação do homem autêntico, do homem todo escrito a maiúsculas, do homem só espírito, inteiramente despido da vil materialização terrena.
Daquela bancada, enquanto ele ali teve assento, para além da irradiação plena da sua natural simpatia, só escorriam palavras,, sempre tão simples, repassadas da mais intensa humanização, da bondade que à sua volta espalhava a rodos, do saber profundo da sua radiologia, que exercia em verdadeiro sacerdócio, da solidariedade sem limite, do idealismo político, o mais alevantado, totalmente vivido em princípios da máxima rectidão.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Todo ele era, no seu sentir arreigadamente social, persuasão e apaziguam era, sim, decidido na acção, mas sempre dominado da generosa ideia, que tanto o nobilitava, da mais franca concórdia.
O Dr. Covas Lima era, na expressão bem ditada de Ramalho, também um "colosso de bondade".
Não havia virtude alguma que ele não possuísse em grau de alta elevação, isto o dizemos em consciência plena de aperto. Isso lhe valeu, ainda não há muito tempo, pois foi em Junho de 1969, no seu quadragésimo ano de exercitação médica, em que Beja inteira lhe prestou justa e relevante homenagem, a apelidação, por colega seu e verdadeiro amigo, com boa propriedade, de "Santo António de Beja".
Nessa "jornada ímpar de consagração", como alguém lhe chamou, e bem, o Prof. Aires de Sousa, na exaltação da personalidade desse homem bom e tão magnânimo, afirmou que "no seu esforço para curar os outros, perdeu a própria vida, como as suas mãos o atestam, queimadas na chama de uma mística", aquela mística, dizemos nós, da medicina radiológica, que o dominou na vida e o entregou à morte, mas tão-só o seu corpo, que o espírito, esse, tão grande e generoso, dela se libertou, e, pairando acima de todos nós, aponta-nos o exemplo, de "como deve ser a vida para merecer a pena vivê-la".
E porque Covas Lima viveu a vida sempre para os outros e pêlos outros, o Governo entendeu, tão justamente, agraciá-lo, aquando da homenagem, com o grande-oficialato da Ordem de Benemerência, insígnia que lhe foi entregue por S. Ex.ª o Sr. Presidente da República, já no seu leito de dor e agonia, em data recente da inauguração do