O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

30 DE JUNHO DE 1971 2281

cedimento havida ultimamente por parte das autoridades, precisamente em reforço das garantias dos cidadãos, apesar de não ter havido nova legislação?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Eis porque se mie afigura ser louvável a iniciativa da proposta como o esforço da comissão eventual, não podendo nem devendo ir-se mais longe neste particular, sob pena de poder atingir-se objectivo contrário e, para defesa do cidadão, pôr em perigo a sociedade.
Pelo que se refere aos receios e temores relativamente às inovações sobre o ultramar, embora pessoalmente não partilhe deles, começarei por afirmar o respeito que me merecem tais preocupações ou estados de alma, até porque, seguramente, a questão ultramarina é a mais importante e grave da vida nacional neste momento.
A gesta ultramarina nunca teoria sido possível, por motivos fundamentalmente imateriais, no passado como no presente. Foram sentimentos que a possibilitaram. Foram sentimentos que resultaram dela.
O problema ultramarino está paira todos carregado de sentimentos. Se isso não justifica, explica o receio e temores, funda estados de alma.
Coisa diferente é - e abro aqui um parêntesis - a campanha insidiosa, grosseira e cobarde que vem sendo desenvolvida a este respeito, fazendo tábua rasa dos propósitos dos responsáveis e julgando poder reivindicar o exclusivo de interpretar o interesse e a consciência nacionais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Apesar da origem, mais parece ordenada segundo técnica marxista e conduzida pelos métodos comunistas. O ódio tem sempre o mesmo cariz.
E nem sequer poderá deixar de registar-se o apoio e ajuda quando não a força propulsora, que alguns dos maiores empórios económicos e financeiros continentais com interesses em Angola ou Moçambique dão a essa companhia, talvez porque receiem não poderem manter a forma pouco defensável de actuação que lhes tem sido consentida, talvez porque antevejam a expectativa de as grandes empresas ali radicadas virem a substituir o seu reinado.

O Sr. Correia da Cunha: - Muito bem!

O Orador: - É impressionante este compromisso, é esclarecedor este concubinato entre as expressões de interesse económico e a inovação de princípios, a defesa de sentimentos nobres e de direitos inalienáveis.

O Sr. Miller Guerra: - Muito bem!

O Orador: - É estranho que excedam o habitual concedimento para se expor de modo tão nítido, mas é igualmente incompreensível que pessoas de certa formação procedam de maneira que, perdido o respeito por quanto devia constituir a sua tábua de valores, se convertem em portentosos obreiros da demolição ...
Com repugnância, fecho aqui o parêntesis, apontando uns e outros à consequência nacional e prevenindo incautos, e torno ao tema do meu dizer.
Estava eu a dizer que, não partilhando embora dos sentimentos de receio e temor, pelo que se refere às regras constitucionais em matéria ultramarina, respeitava na sua sinceridade e inteireza de propósitos as preocupações manifestadas nesta Câmara.
Todavia, não vi ninguém pôr em dúvida a inteireza dos propósitos, a limpidez das intenções, a rectidão e fidelidade da política preconizada na proposta do Governo.
As dúvidas estariam em expressões introduzidas, em omissões efectuadas, em inovações apresentadas, poderem, noutras condições internas e perante o entendimento externo, constituir cavalo de Tróia na nossa política de defesa de unidade e da integridade portuguesas.
Tenho, como já disse, pena de que se não tivesse feito neste domínio um esforço de mútua compreensão em ordem a desfazer dúvidas, evitar climas malsãos, encontrar dentro do respeito recíproco fórmulas e soluções.
Não regateio à comissão eventual o meu aplauso pelo esforço feito nesse sentido, padecendo porventura dos males de processo que já referi, mas por sobre tudo deverei acentuar a constante preocupação, permanente abertura de espírito e diligente actuação do Presidente do Conselho, que tudo fez com esse propósito, excedendo-se até em tudo fazer para que não fosse por falta ou omissão sua que em matéria tão importante e delicada dúvidas pudessem ficar, justificados receios subsistir.
Por outro lado, ouvi o coro impressionante dos ilustres Deputados do ultramar, que, sem discrepância, defenderam neste domínio a proposta de lei, justificaram a sua oportunidade e afirmaram, até a sua premência. E ninguém os tem como menos patriotas ou fiéis à defesa da integridade e unidade da Pátria do que os metropolitanos!
Acresce, porém, que todos temos de reconhecer-lhes uma especial qualificação e autoridade nesta matéria, já que são os primeiros a suportar as consequências da orientação e as vicissitudes da acção.
Também no plano de argumentação, praticamente após as alterações preconizadas pela comissão eventual, apenas vi ressaltar ou justificar os receios ou temores na análise particularizada ligada a palavras que se acrescentaram ou expressões que se omitiram, nunca na consideração conjunta e solidária do texto. Aí perdem importância as pequenas diferenças para ganhar vulto a perfeita definição de uma unidade indestrutível sem prejuízo da autonomia indispensável.
Quer dizer, respeitando como manifestação dos sentimentos anais sinceros e das intenções mais patrióticas as reservas ou receios manifestados por alguns ilustres Deputados, a muitos dias quais o País como o regime político devem serviços assinalados, mão partilho deles pelos motivos apontados, parecendo-me equilibrada a posição da comissão eventual, sem prejuízo de uma ou outra solução adoptada poder ter sido oportunamente melhor expressão dentro do respeito pelos princípios e expressões da proposta.
Recordo ter o Doutor .Salazar dito uma vez que se se pode fazer política com o sentimento só pode governar-se com a razão.
E depois não receamos o uso de expressão «Estado», já que certamente não terá sido a palavra a responsável pela ocupação do Estado da índia, e se não fora essa circunstância manteria hoje plena actualidade constitucional. E depois não receemos a introdução da palavra «região», já que corresponde a realidades económico-sociais que vão encontrando expressão em sucessivos países continentais europeus, nem nos perturbemos muito com a imprecisão do conteúdo do termo, já que será tão difícil apreender-lho um centralista, como o do corporativismo ser entendido por um liberal. E depois não receemos a outorga da autonomia, já que é sabido que será mais exigida quanto menos for concedida. E depois não receemos a corrosão das palavras, porquanto no condicionalismo