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22 DE JULHO DE 1971 2531

mestre era e é mestre de Educação Física, de Esgrima e das artes propriamente de revigoramento do homem. E por isso entendi, e disse até que achava perfeitamente legítimo, e isto é para corroborar a opinião de V. Ex.ª, que os tempos escolares vagos fossem preenchidos não só por educação moral e cívica, como até por educação física. O lapso resultou da minha parte, de uma interpretação de audição.
Seguidamente, o nosso colega Silva Mendes, o Dr. Moura Ramos e o Dr. Peres Claro revigoraram a ideia.
Afoitei-me, então, a pedir a palavra para contar, a propósito, uma história. E uma história inglesa, com todo o humor e todo o sabor de uma história destas.
Havia em Inglaterra, pelo menos durante a Guerra de 1914-1918, uma obrigação militar: os soldados que recebiam a libra do rei cumpriam, ao domingo, os seus deveres religiosos, e nas secretarias dos quartéis estavam afixados os nomes dos militares, agrupados por religiões.
Pois um bravo soldado, que se tinha batido bem e que tinha longa experiência de campanhas - era o Brommit-, não suportava no exército uma coisa em tempo de paz - era a corvée, a obrigação de no domingo, ter de aparecer com a farda de gala e com os amarelos muito bem limpos, porque a inspecção era rigorosa, para formar sob as ordens do mais graduado da sua religião e para se apresentar no respectivo serviço religioso.
Já vêem que na liberalíssima Inglaterra, ainda há pouco tempo, se não ainda hoje, a obrigação de cumprir os deveres religiosos era imposta aos militares que recebiam a libra do rei em tempo de paz.
Mas o nosso Brommit não concordava. A farda de gala e o limpar dos metais era o estragar do domingo.
Não que fosse menos religioso do que os outros. Mas não concordava, e esperto, sabido, foi ter com o coronel comandante do regimento e disse-lhe:

Tenho dúvidas religiosas, e por isso resolvo, a partir de agora, pertencer a outra religião.

Era a wensleliana, salvo erro, porque reparou, astutamente, que na secretaria do regimento não havia nenhum militar inscrito nessa religião. Pensou, por isso, que seria a libertação. Pois enganou-se, porque a religião wensleliana tinha um pastor zeloso e já não lhe bastava o domingo de manhã. Era o domingo de tarde, era mesmo o sábado à noite, para ensaiar cânticos. E o pobre do nosso soldado Brommit, coitado, lamentou muito ter mudado de religião.
Tentou ainda faltar, mas o pastor, que não era de graças, foi ao quartel saber se ele faltara por doença.. Isto custou ao pobre Brommit oito dias de soldo, o que é sempre muito para um soldado ...

O Sr. Casal-Ribeiro: - E o que acontece aos vira-casacas, neste caso aos vira-religiões.

O Orador: - E ... Perdido, completamente em desespero da causa, voltou ao coronel e disse-lhe:

Meu coronel, lamento muito, mas resolvi mudar outra vez de religião.
O coronel, experimentado em muitos anos de exército e conhecedor das manhas dos homens, inquiriu:

- Pois está bem, Brommit. Então qual é a nova religião?
- Sabe, meu coronel, provisoriamente eu resolvi ser agnóstico. Não tenho religião nenhuma. Estou em reflexão ...

As coloras dos coronéis ingleses formados na Índia eram sempre de temer. Mas não. O coronel, homem humano e paternal, disse-lhe apenas:

- Pois está bem, meu Brommit, então agora não tens religião?

- Não. A religião wensleliana não me satisfez e, então, passo a não ter nenhuma.

- Pois bem ... tenho andado há tempos a pensar que o átrio do nosso quartel, aos domingos, está sempre muito sujo e precisava de quem o limpasse. A partir de agora, e enquanto os outros vão ao serviço religioso, o Brommit limpa, lava, baldeia (expressão naval tanto do meu apreço) o quartel ao domingo.

Esta a pequena história que André Mauroís conta, saborosamente, nas suas memórias de guerra ...

O Sr. Roboredo e Silva: - E V. Ex.º também...

O Orador: - ... nos «Discours do Dooteur 0Grady», e que vem a propósito da sugestão que aqui foi feita.

Será muito útil e justo que os escolares isentos não baldeiem os liceus, mas que nos tempos de aulas destinados normalmente, nos horários, à moral e à religião sejam ocupados noutra coisa.

De outra maneira arriscávamo-nos a que fizessem como Brommit e que fossem agnósticos por conveniência.

Posto isto, e contada a história que YY. Ex.M me perdoarão que considere deliciosa, não na minha fala ...

Vozes: - Não apoiado! Não apoiado 1

O Orador: - ... mas tal como André Maurois a conta, voltarei à base VH, que já vai tão longa na discussão.

A proposta do Sr. Deputado Sousa Pedro merece-me aplauso e apoio. Beferir-me-ei, fundamentalmente, ao n.º 4, quando acrescenta as palavras «estabelecimento público». Parece-me útil - e eu direi porquê: há estabelecimentos de ensino que não pertencem a congregações religiosas nem a instituições religiosas. No entanto, eles estão modelados, estão inspirados pela formação religiosa cristã. Eefiro-me especialmente às instituições de educação infantil, em que não há propriamente aulas de Moral nem de Beligião, mas as crianças são modeladas, são preparadas, são educadas, dentro desses princípios - e por isso os pais as escolhem. Seria grave que, em relação a essas instituições particulares de ensino, integradas nesta orientação salutar, também os pais pudessem pedir isenção de educação moral e religiosa: pois se ela é o próprio substracto da educação que dão aos seus alunos infantis ...

Portanto, nos estabelecimentos públicos, a opção compreende-se, nos estabelecimentos particulares, mesmo que não pertencentes a congregações religiosas, parece-me que se deve dar à direcção do colégio a faculdade de não a aceitar, até porque isso desagregaria ou poderia perturbar gravemente a educação que se ministra nessas casas.

Dou o meu apoio, neste aspecto, à proposta do Sr. Deputado Sousa Pedro, que me parece perfeitamente judiciosa. Quanto ao n.º 2, já o justificou em termos de não ser preciso mais nada.

Muito obrigado, Sr. Presidente. E a Câmara que me desculpe se abusei da sua benevolência.

O Sr. Prabaoor Ran: - Desejo solicitar que esta base seja posta à votação não em conjunto, mas número por número.