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28 DE JULHO DE 1971 2591

de colheita de elementos (dados, informações, ideias, opiniões), de tratamento de informações, de divulgação dos resultados de lucubrações, de apresentação de conclusões.
A informação tornou-se assim um bem e também, agora noutro sentido, uma actividade económica - pois que responde a necessidades e é objecto de procura.
A sua oferta comporta um custo, e custo por vezes elevado. Não há informação gratuita nem para o emissor nem para o receptor. Ambos terão de consagrar-lhe um determinado tempo, e o tempo - nesta aceleração da História - tornou-se um bem raro. Consequentemente, caro.
Como bem vendido no mercado, a informação reveste-se, contudo, de um carácter original: é essencialmente um mercado «de vendedores», pois que o define uma oferta do tipo monopolístico que tende a concentrar-se e uma procura inumerável, difusa, sempre em aumento. Mercado que tende a ser cada vez mais comandado pela oferta. Mercado de vendedores.
Encontramo-nos, assim, face a um dos domínios de eleição de oligopólios, de formação de um pequeno número de empresas, devido a:

1) As técnicas utilizadas serem progressivamente mais caras (bem como o pessoal) e o capital utilizado ser de emprego «indivisível»: ou «tudo ou nada»;
2) Exigir, consequentemente, capitais financeiros consideráveis, tanto para a «brutal» colheita e tratamento dos dados brutos, a informação, como para a transmissão do produto elaborado, a obra impressa (ou por outra forma reproduzida);
3) As economias de escala fazerem jogar a sua lei: ou a imprensa progride ou aos poucos irá morrendo. A concentração torna-se assim regra de acção e de actuação - e nem admirará que cadeias de periódicos passem a difundir entre acrescidos públicos e maiores mercados territoriais os mesmos ou idênticos artigos;
4) A publicidade passa a dominar as condições de existência e de sobrevivência da imprensa.

E não só dessa, aliás: todo o mundo da informação passa a ser dominado pela preocupação da procura de receitas publicitárias. E o órgão de informação, que começou por ser coisa bem diversa, oferece hoje em dia, ao lado das tradicionais mensagens informativas, um anúncio qualquer: nos Estados Unidos da América os anúncios constituíram 60 por cento do volume de negócios da imprensa em 1966; na Inglaterra, cerca de 50 por cento, ocupando um terço, se não mesmo metade e mais da superfície do jornal; em França, restava por 35 por cento.
Mas foi esta publicidade inserta, este «suporte publicitário», que, conjuntamente com a evolução das técnicas, permitiu baixar o custo relativo, ao menos) e melhorar a qualidade dos órgãos de informação, aumentando, do mesmo passo e reflexamente, o seu público.
Mas isto, que de algum modo fez a sua independência económica, torna-o por outro dependente («escravo», dizem alguns) da influência dos anunciantes e das pressões estranhas ao capital próprio das empresas. Se for assim, inquirem alguns, para onde se transfere a censura?
Contrôle parece, pois - pese embora a quem diferentemente pense -, que sempre acabará por existir ... Será assim ou não será?
Responda quem disso saiba ... em termos de prospectiva.
Ciosos, porém, de «sua» liberdade, idealistas, tentam os redactores em certos países criar as suas sociedades ... esperando que um dia se criem, também, sociedades de assinantes. Virá um dia a suceder assim?
Voltemos, porém, à publicidade.
A publicidade veio alterar profundamente o conteúdo das páginas jornalísticas.
Jornais e revistas passaram a vender não apenas a informação tradicional, noticiosa, mas também os seus placaras, os espaços publicitários, as suas páginas de anúncios.
Desta participação directa da vida económica resultou uma certa vulnerabilidade, sensibilidade, das receitas das empresas jornalísticas às flutuações da conjuntura económica geral: quando os negócios não correm de feição, o que muitas vezes se ressente e corta, primeiramente, é a publicidade.
Não será sempre assim, mas é normal.
Se é racional ou não, os Srs. Economistas que o digam ... E talvez seja, desde que tal crise signifique um menor poder de compra para quanto não é essencial. Mas o que não é - ou tende a ser - essencial à vida social, à vida de relação e projecção no próprio meio?
Uma segunda consequência decorre desta interpenetração entre imprensa e actividade económica geral.
No compreensível desejo de alargar clientela a um mais vasto público, as empresas terão tendência a recorrer preferentemente aos órgãos de imprensa de maior tiragem, aos meios de informação de acrescida audiência. Tal fará aumentar o volume de negócios das empresas (jornalísticas - que ora nos ocupa) potencialmente mais ricas em detrimento das mais pobres.
E fecha-se o «círculo» que alguns apelidam de «vicioso»: quanto mais se desenvolvem essas empresas e aumenta a tiragem das suas publicações, mais diminuem os «custos unitários de fabrico» e aumenta o valor, a projecção do seu produto: neste caso, a página de publicidade do órgão de informação.
Custos decrescentes à medida que se eleva a dimensão do mercado (publicitário) - é lei conhecida da economia. Não admira, assim, que mais publicidade acorra.
Mas, ainda quando se reconheça a menor moralidade, porventura, do sistema, como conseguir a quadratura do círculo?
Que responda ... quem disso saiba.
E assim se afirma, e reforça, a tendência monopolística da grande imprensa e a sua dependência, de algum modo, face à actividade económica geral que a mantém, que a sustenta.
Nesse processo não alienará a imprensa algo da sua desejada liberdade?
O contrôle não se transferirá para outro lado?
Vejamos agora o problema da informação pela óptica da procura:
Três factores parecem influenciá-la decisivamente:

a) A taxa de urbanização da população em quanto respeita à sua instrução geral;
b) O nível de rendimentos de algum modo relacionado com essoutra, através de actividades económicas mais remuneradoras;
c) O tempo livre disponível, relacionado em parte também com o primeiro (e por que não com o segundo?), através do tempo gasto nos transportes colectivos urbanos e suburbanos.

Semelhantemente ao reino animal: mais uma espécie é evoluída, mais diversificado e complexo se afirma o sistema nervoso dos membros dos seus indivíduos; tam-