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29 DE JULHO DE 1971 2633

a notável acção de dois homens - a do engenheiro Vasco Leónidas, ilustre Secretário de Estado da Agricultura, que, com perfeita consciência da importância do desastre e da sua repercussão económica, social e política, estimulou os técnicos a quem competia realizar a obra, concedeu-lhes extraordinárias facilidades e facultou-lhes precioso auxilio; a outra coube ao regente agrícola Álvaro da Piedade Abreu, secretário-geral da Corporação da Lavoura e vice-presidente da Federação dos Grémios da Lavoura da Beira Litoral. A actividade que este devotado técnico desenvolveu nesta emergência serve para demonstrar quanto vale uma excelente formação corporativa servida por uma inteligência esclarecida, por uma vontade firme e por extraordinária confiança em si próprio, coisas dignas de serem salientadas quando se verificam generalizações injustas de certas críticas e queixas de alguns sectores da organização corporativa.
Poupo a Câmara aos pormenores da execução desse magnífico programa então elaborado e rapidamente posto em marcha para me limitar a dizer que tudo foi resolvido:

Abertura de estradas e caminhos pelas encostas íngremes das serras, que permitiram o acesso aos variados locais atingidos;
Aquisição de tractores, de atrelados, de serras, de guinchos e descascadeiras;
O recrutamento do pessoal necessário no Alentejo;
Os cortes, os transportes e as dificuldades criadas pela extra divisão da propriedade;
Os compromissos financeiros da Federação dos Grémios da Lavoura;
Os adiantamentos em dinheiro feitos aos proprietários;
A comercialização das madeiras, etc.
E foi pena que certos proprietários, abordados por madeireiros especuladores, se tivessem precipitado com a venda das suas madeiras por preços ridículos, em locais de fácil transporte, pois isso, além dos prejuízos por eles sofridos, veio impedir o corte raso e a eito que inicialmente fora previsto e, assim, constituir mais uma séria dificuldade a vencer. Ficaram para a obra de cooperação os de pior localização.
Tenho para mim que desta obra outra há-de nascer, também de cooperação, como já o propôs a Federação dos Grémio da Lavoura - a de reflorestação das zonas incendiadas por acção conjunta dessa Federação, do Fundo do Fomento Florestal e dos próprios proprietários.
Aqui deixo, em nome de quantos foram beneficiados por este importante empreendimento, os louvores devidos aos que a levaram a cabo e o testemunho do seu reconhecimento e aqui deixo também o meu apelo para que a obra de reflorestação solicitada se não faça esperar.
E não posso deixar de dizer que esta experiência, notavelmente realizada, serviu também para destruir a ideia, amplamente generalizada, de que um incêndio da floresta corresponde à perda total da riqueza florestal atingida e é campo aberto à especulação desenfreada de madeireiros desonestos.
O que se fez nas serras da Beira pode aplicar-se nas demais regiões onde as florestas possam ser objecto de incêndios ocasionais ou criminosos.
E já que falo de madeiras e da sua incidência na nossa economia agrícola, quero deixar aqui uma palavra de muito apreço às intervenções aqui realizadas, com notável coragem e apurado sentido de oportunidade e de justiça, pelos nossos colegas Camilo de Mendonça, Moura Ramos e Pinho Brandão, bem como ao Governo, pelas providências então tomadas contra a organização comercial que se propunha explorar por novos métodos a nossa pobre lavoura nacional.
Sr. Presidente: Não me esqueço de que tenho de ser breve. Por isso mesmo, deixo para outra ocasião a apreciação de certas medidas tomadas recentemente pela Secretaria de Estado da Agricultura e, também, a análise da notável obra que a Federação dos Grémios da Lavoura da Beira Litoral está realizando naquela região, no sector dos lacticínios, que hoje beneficia 25 000 produtores; no estudo da estruturação do novo matadouro regional e industrial de Coimbra; na elaboração do projecto da nova e moderna fábrica de lacticínios da Beira Litoral; na instalação de um centro de contabilidade dos grémios da lavoura, das corporativas e dos próprios lavradores e que o será também de gestão da economia agrária; na fundação desse tão importante Centro Agro-Pecuária da Quinta da Capa Bota e da de Mucate, recentemente adquiridas para servir a lavoura, para a defender do intermediário, para a impulsionar, para aperfeiçoar os seus métodos de exploração, para colaborar no planeamento regional e para resolver tantos dos problemas que a realização da chamada «Obra do Mondego», II que inicialmente me referi, necessariamente há-de criar.
A aquisição destas propriedades é investimento de largo vulto em que se lança a Federação ao serviço da lavoura e com estusiástico incitamento e auxílio do ilustre Secretário de Estado da Agricultura.
A actividade notável desta Federação bem merece que a Câmara e o Governo a conheçam em toda a sua amplitude. Ela pode servir de modelo a outras regiões que aguardam oportunidade para empreendimentos semelhantes.
Tenho dito.

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: Vamos passar à

Ordem do dia

Continuação da discussão na generalidade do projecto e proposta de lei de imprensa. Tem a palavra o Sr. Deputado Agostinho Cardoso.

O Sr. Agostinho Cardoso: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Por coincidência e amabilidade de V. Ex.ª, ao fim de dez anos de vida parlamentar faço hoje uma estreia. E que tenho o privilégio, por acaso, de ser o primeiro orador que quarenta e cinco anos depois do 28 de Maio sobe a esta tribuna, nesta primeira sessão nocturna, que desde então se realiza.
Talvez possa ver nela um sinal do esforço e da colaboração que se pede à Assembleia e que ela está a dar.
Sr. Presidente: Sou director de um semanário regional e VI já artigos meus rasurados pela censura.
Ao exprimir o que penso nunca tive em vista agradar ou desagradar o público, mas respeitá-lo e servi-lo.
Nunca adulei a opinião pública. Nunca constituí cartaz: nem o tive em vista. Verifiquei que algumas vezes, quando um conceito atingiu as massas, foi ultrapassado já por outro, ou entrou em caducidade junto das elites. Fiel desde a juventude a um conjunto de princípios cuja evolução no tempo procurei acompanhar, desconfiei sempre das palavras mágicas exibidas como estandarte perante as multidões, mitos que as embalam, dementam ou entusiasmam, mas não resolvem seus problemas.