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2968 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 147

Devidamente ordenadas e orientadas davam perfumados e rentabilíssimos pomares, pastagens para fomento da pecuária, etc.

O exemplo dos pomares existentes em certos concelhos do meu distrito, que têm sido autênticas minas de ouro, alguns dispersos e até sem assistência técnica, outros sob a orientação zelosa e edificante dos poucos técnicos da região agrícola, provam a possibilidade de reconversões baratas, e altamente rentáveis.

Aos erros da comercialização não foi meu intento referir, mas não posso deixar de mencionar um que se deu ultimamente no solar do vinho de mesa, em pleno coração do Dão, que é, sem sombra de dúvida, o vinho de mesa por excelência, e que por falta de meios financeiros para o envelhecimento se viu invadido por comerciantes que os pagaram melhor para roses, e com isso lá se foram as melhores qualidades da região de vinhos de mesa.

Falta-nos o bom senso da comercialização, facilidades de financiamentos e uma disciplina de ordenamento comercial.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não devemos deixar vingar a ideia de que há o propósito de deixar morrer o Douro para, sobre as suas cinzas, se criar uma região nova.

Tão pouco devemos permitir que se viva a sebastiânica esperança de os emigrantes voltarem ao lar pátrio para aguentarem com o seu suor os medianos proventos do Douro.

Foi meu único e exclusivo propósito consciencializar os meus companheiros de trabalho do Douro e todos os organismos cooperativos, corporativos e oficiais a ele ligados, expondo estas verdades tão dolorosas quão verdadeiras.

Sabemos das dificuldades enormes a vencer — sentimentalismos e aversões, inclinação e dureza xistosa do solo, minúsculas parcelas disformes e de diferentes valores, numerário vultoso a investir, mas, em compensação, também sabemos que só experimentando se pode definir com acerto.

Para estes primeiros ensaios ofereceu-se e pediu com insistência à Secretaria de Estado da Agricultura, recentemente, toda uma freguesia caracteristicamente duriense.

Há que dar os primeiros passos para efectivamente se passar da política da esperança para a política da realidade.

Façamos votos para que dentro em breve os Durienses possam levantar o seu cálice de honra em louvor e agradecimento a todos que lhe façam justiça.

Vozes: — Muito bem, muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Ávila de Azevedo: — Sr. Presidente: Duas palavras apenas, e muito simples. Todos os portugueses receberam jubilosamente a notícia do acordo celebrado no dia 9 de Dezembro entre o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal e o Secretário de Estado norte-americano, em Bruxelas.

Terminaram assim com êxito pleno as negociações que se arrastavam desde 1962 — prazo em que haviam expirado as facilidades concedidas pelo Governo Português para utilização pelas forças americanas da Base Aérea das Lajes, na ilha Terceira, nos Açores. Era ainda a continuação de um processo de colaboração de Portugal com as potências ocidentais iniciado em 1943. Com a nossa habitual generosidade, o Prof. Salazar, Presidente do Conselho, escrevia então:

O Governo tem a consciência de ter prestado um serviço, não de ter feito um negócio; operou por patriotismo e de modo algum por cálculo.

Durante a guerra o Aeródromo das Lajes apressou a vitória dos Anglo-Americanos e dos seus aliados. Em paz, foi ainda a existência da Base das Lajes que permitiu o encontro dos representantes da Europa e da América, ou seja dos Presidentes da França e dos Estados-Unidos. E foi também nesta Casa bem lusitana, no rochedo de que já falava Garrett, mas um rochedo florido, que o nosso Presidente do Conselho, o Prof. Marcelo Caetano, acolheu os seus magníficos hóspedes. Do encontro destes três estadistas eminentes só podem resultar benefícios para a compreensão entre os povos e, para nós, Portugueses, uma posição de relevo no concerto das nações a que ninguém pode ser indiferente.

Vozes: — Muito bem!

O Orador: — Como se sabe, e em compensação da sua permanência nos Açores, o Governo dos Estados-Unidos comprometeu-se a prestar ao nosso país um vultoso auxílio de ordem financeira.

Continuam assim os Açores a desempenhar um papel primacial na defesa das potências ocidentais, como chave estratégica, por excelência, do Atlântico — o mare nostrum da nossa civilização atlântica.

E, pois, desejável que seja este arquipélago e agora falo como Deputado dos Açores— uma das regiões do território nacional a partilhar do auxílio económico do Governo Americano. A própria utilização das Lajes, se, por um lado, aproveitou à ilha Terceira com um afluxo de mão-de-obra local e de actividades, por outro lado, prejudicou a sua agricultura, com a ocupação dos melhores campos cerealíferos da ilha e o desgaste constante das suas vias de comunicação pelos comboios militares.

Entre as infra-estruturas indispensáveis ao desenvolvimento dos Açores: agrícolas, florestais, de comunicações e turísticas, de acordo com o programa estabelecido pelo Grupo Regional de Planeamento, impõe-se a construção e beneficiação dos portos — entre os quais avulta o da ilha Terceira, cuja falta foi tão notória neste momento crítico. Em face destas circunstâncias, estou plenamente convencido de que o plano portuário dos Açores, já estudado pelo Ministério das Obras Públicas, vai entrar em execução. A aspiração de um porto de abrigo naquela ilha com mais de um século, como já disse nesta Câmara entrará finalmente no caminho das realizações. Assim o esperam todos os terceirenses e, de uma maneira geral, todos os açorianos. O Governo da Nação acabará por dar cumprimento a esta promessa secular.

Vozes: — Muito bem, muito beml

O orador foi cumprimentado

O Sr. Olímpio Pereira: — Sr. Presidente: Não era minha intenção voltar a falar antes da reabertura dos trabalhos desta Câmara, em Janeiro, mas como a situação de mais de 27 000 ferroviários, pertencentes à Sociedade Estoril e à Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses — C.P. —, estes espalhados de norte a sul do País, é verdadeiramente angustiante, permiti-me pedir a palavra a V. Ex.a

Aos Srs. Deputados peço desculpa de me imiscuir em assuntos dos círculos de VV. Ex.as, mas, como se trata de um caso ao nível nacional, não pode o mesmo ser dividido nem reduzido a determinadas áreas.

Como é do conhecimento geral, o caminho de ferro está a atravessar uma grave crise, de certo a maior de toda a sua existência, e grandes são os esforços que o Governo e as administrações das empresas atrás citadas, especial-