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4194 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 211

que os rendimentos individuais ou familiares se elevam e o nível de vida material se afirma - e não se dirá que não seja o caso dessa Europa ocidental.
Retenhamos desde logo esta informação introdutória:
«De um modo geral, a nossa conclusão é que o principal problema levantado ao desenvolvimento rápido das exportações portuguesas de produtos hortícolas frescos é o transporte. Vários dos produtos que oferecem as melhores possibilidades são precisamente aqueles para os quais é necessário um tipo de transporte mais rápido e eficiente. A juntar a isto há ainda o baixo nível da actual produção portuguesa de muitos desses produtos, o que faz com que os serviços de transporte disponíveis, tais como os Southern Ferries, não possam ser utilizados com rendimento.
Esta situação poderá resultar num círculo vicioso: sem o produto estar disponível, achamos ser de pouco interesse prático a existência de um serviço eficiente de transporte; sem o transporte, os produtores só muito dificilmente poderão concorrer com a organização eficiente dos produtores da Espanha, Itália e Marrocos - para apontar simplesmente três países que são conhecidos pelo modo como tiraram proveito de oportunidades semelhantes às de Portugal», de clima em parte igualmente mediterrânico, proporcionador de precocidades nas produções, merecedor da mais-valia pela antecipação no tempo.
É usualmente difícil estabelecer prioridades, sejam elas transportes ou produções, seja,, inclusive, a definição clara e objectiva, sistematizada e integrada, de uma política agrária. Mas não podemos deixar de conceder algum realce ao aspecto «transportes», que justificou, inclusive, o relevo que lhe demos ao tratarmos de problemas económicos das províncias ultramarinas na sessão de 13 de Abril de 1971 ou do parecer individual sobre o relatório geral preparatório do próximo (IV) Plano de Fomento.
De qualquer modo: «Esta situação leva-nos a sugerir a necessidade de um plano cuidadosamente organizado, o qual englobe o desenvolvimento da produção e as instalações e processo de transporte necessários. Será igualmente essencial a coordenação com os agentes de mercado e compradores escolhidos nos países importadores. Os esforços esporádicos feitos numa base ad hoc por exportadores individuais não poderão ser coroados de êxito. Nestas condições, a nossa opinião é que as oportunidades substanciais e dignas de atenção residem no desenvolvimento da exportação de produtos seleccionados.»
Assente tal, foram da vasta panóplia dos produtos hortícolas considerados na análise dos mercados as seguintes espécies, por mais consagradas ou promissoras:

A) Produtos hortícolas. - (1) alface; (2) alho; (3) batatas novas; (4) cebolas; (5) cenouras; (6) couve; (7) pimentos; (8) couve-flor; (9) pepinos; (10) espargos; (11) feijão verde; (12) ervilhas; (13) alho francês; (14) agriões; (15) beringelas; (16) tomate; (17) cogumelos; (18) nabos; (19) alcachofras; (20) favas; (21) aipo; (22) rabanetes; (23) cebolas de salada.

Aqui e além afloram referências a outras mais: couve-de-bruxelas, calabresa, chicória, ervilha em vagem, etc.
Deixemos para outras ocasiões o reinado das frutas ou o maravilhoso mundo das flores e plantas ornamentais, a exigir tratamento diverso, especificado. Avante, pois.
E que saberemos nós disso, do campo espantosamente vasto dos produtos hortícolos e sua cultura?
O saber de ciência feito no compulsar livresco da literatura da especialidade não nos deveria dispensar de criar estação ou estações experimentais que, em Portugal, ao sector se dedicassem. A especialização é regra para o progresso científico, técnico, cultural.
O conhecimento não ocupa lugar, e pode estar disperso um pouco por toda a parte, e deve ser partilhado, e bom é, até, que se vulgarize, chegando a todo o lado, o agros nacional. Mas talvez se ganhasse em concentrar em organismos dotados de suficientes meios humanos e materiais o que necessário se torna para uma investigação aprofundada das espécies e variedades, das suas características e exigências próprias, das técnicas culturais, do melhoramento, da rentabilidade económica das explorações hortícolas nas condições efectivas de Portugal.
É lacuna que urge preencher e dotar eficazmente. A investigação e experimentação compensam quando os meios são proporcionados e as condições ambientais, o quadro institucional, o valor dos elementos, o espírito de honesta colaboração, ajudam a consubstanciar.
Assim, altamente desarmada e dispersa a ciência e a prática, que futuro nos resta: colonização científica por «obras» que do exterior nos cheguem ou abertura das fronteiras a quem nos venha ensinar (ou nós a procurar) o que fazer?
Mas sabê-la-emos nós assimilar e integrar no património cultural e científico do País? Ou não estaremos a sustentar um «turismo» por vezes demasiado dispendioso para as nossas possibilidades e capacidades de aproveitamento oportuno dos conhecimentos, se o quadro institucional se não mostra apto a absorver e vulgarizar com proveito para a economia e sociedade nacionais os ensinamentos alheios?
As novas «escolas de Sagres» funcionarão a contento? Os nossos «navegadores» porão nisso o seu empenho? Qual a produtividade dó seu ensino, investigação, vulgarização? Qual a rentabilidade dos resultados para a agricultura nacional, por exemplo?
As próprias excepções que no sector hortícola se afirmam (tomate, por exemplo) não resultarão antes de uma introdução imediata e directa de inovações alheias mais do que o fruto de uma investigação e experimentação própria capazes?
E, no entanto, as perspectivas afirmam-se animadoras. Retenhamos apenas estas e, delas, a vastidão, o pormenor, a profundidade dos assuntos que urge dominar se bem quisermos aproveitar as oportunidades ora abertas pelo acordo com a C. E. E. e a participação na E. F. T. A.:

1) Alface.-Possibilidades no princípio da estação (período de Janeiro a Maio) para produto de alta qualidade cultivado sob plástico do tipo redondo, e frisado (tal como o Trocadero) ou do tipo «cos» (Israel), embalada individualmente em sacos de polythene, contidos em caixas de madeira ou cartão (12 a 24 por caixa, conforme o tamanho), para os mercados do Reino Unido e Suécia, principalmente.
3) Batata nova. - Igualmente possível em tempo precoce (de meados de Abril a meados de