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4308 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 216

desenvolvimento que tem de ser o nosso", parece-me serem irreprimíveis duas perguntas:

Chegarão as obras programadas para ir satisfazendo sempre todas as necessidades até 1978?
E sobretudo, depois de 1978, qual será a solução? O tráfego aumentará sempre!

Meus senhores, é triste o homem sentir-se limitado, e neste caso porque nos havemos de sentir limitados, se o mar é tão grande, os meios de que dispomos no século XX tão poderosos e a tarefa que nos cumpre tão ao nosso alcance?
É preciso programar já para além, contando sempre com a expansão galopante de que temos de ter & certeza e com as demoras que implicam os estudos e a execução de obras destas características. Chegarão os cinco anos que vão daqui até 1978? De qualquer maneira, pensamos que se não pode perder um dia. Era bem preciso que não voltássemos nunca à situação de hoje.
E o que é triste é que temos tudo quanto é necessário para que o dia de amanhã em Leixões venha a ser bem diferente do que hoje é. Temos bons técnicos e temos um Laboratório Nacional de Engenharia Civil que, se nos honra e é o nosso orgulho pelos magníficos estudos que faz de obras alheias, muito mais eficaz e útil poderá vir a ser resolvendo os nossos próprios problemas. Dinheiro também nos não faltará, na medida até em que o investimento, em termos de rendimento nacional, é fortemente rentável. E - razão suprema - sem um porto capaz não poderemos competir, asfixiaremos!

O Sr. Duarte do Amaral: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Duarte do Amaral: - Muito bem! Creio dever dizer também que, segundo as minhas informações, os assuntos do porto da Póvoa de Varzim estão agora a correr muito bem.

O Orador: - Porque esperamos, afinal? Confesso que não compreendo ... Porque esperamos para começar o estudo do novo molhe sul de Leixões, delimitando larga e profunda bacia de muitos hectares, que, se bem aproveitada, poderá vir a resolver por largos anos, em profundidade, em área molhada e em terraplenos as necessidades previsíveis?
Sines nasceu em ideia, tomou corpo; foi decidido e realizar-se-á certamente em breves anos. Sines é, sem dúvida e sem comparação, muito mais caro e muito mais difícil do que o novo molhe sul de Leixões. Mais urgente, não- estou tão certo que seja ... Faça-se Sines, certamente, mas porque se não há-de fazer o novo Leixões?
Desculpem-me a insistência, mas o conhecimento dos prejuízos que a situação presente vem causando e a certeza do futuro que, se não tomarmos outras medidas, nos espera, não me consentem nem silêncio, nem conformação. Ficar-me-ia o remorso de quem faltou ao seu dever ...

O Sr. Pinto Machado: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Pinto Machado: - Eu quero simplesmente associar-me inteiramente às considerações que estão a fazer, na sequência de muitas outras, até sobre o porto de Leixões e de outras infra-estruturas básicas da região nortenha. Também eu tenho presenciado este espectáculo que é muito bonito, mas quando nós pensamos nas suas causas e nas consequências é confrangedor e é tremendo no sentido etimológico do termo. Pergunta-se como foi possível chegar a uma situação destas. E pergunta-se sobretudo o que é que está planeado para que esta situação termine rapidamente. É efectivamente o futuro da região Norte do País que está em causa e que pode ser em grande parte afectada por esta situação. Aliás, como o orador o demonstrou de maneira brilhante e indiscutível.

O interruptor não reviu.

O Orador: - Muito obrigado, Sr. Deputado, pela confirmação das ideias que aqui expus.
Não serão tantas, ou bem poucas serão, as hipóteses de, na nossa costa, recebermos barcos de 20 III de calado e de mais de 200 000 t de carga, tudo à custa de um só molhe e correspondentes obras interiores.
Quem conhecer um pouco do que tem sido a luta pelo tráfego entre os grandes portos europeus, saberá dos sacrifícios, dos investimentos, dos triunfos ou dos insucessos de todos os países marinheiros da Europa, no frenesim consciente de se não deixarem atrasar em campo que poderá constituir pesado travão nas suas economias.
E nós? Queremos ou não queremos ser da Europa? Se queremos, não podemos continuar a ver comodamente o mundo do alto dos nossos pequenos campanários. Temos de ter o que os outros têm: portos capazes, profundos, bem equipados e económicos.
Leixões poderá vir a ser um grande porto à escala da Europa. Porque o não havemos de completar, se tanta falta nos faz?
E o Douro, meus senhores, o Douro, esse grande rio em qualquer parte do Mundo, hoje mais e mais válido porque mais regularizado, suporte de futura navegação num vasto hinterland que espero se estenda até ao planalto de Castela, vasto hinterland que podia ser rico e é pobre! Que triste que é ver o Douro como o vemos, assoreado, quase fechado, sem navios nem servidão, morto comercial e industrialmente, só na produção de energia eléctrica dando um vislumbre do seu muito valor! Que vergonha que sinto quando contemplo alguma das inúmeras gravuras que o século passado nos legou, perfilando mastros sem conta num rio que hoje quase não tem navegação! Andámos para trás ...
Será tão difícil abrir e proteger a barra do Douro, dar-lhe a foz que merece? Hoje, em 1973, quando quase já não é notícia mais homens irem à Lua ...
Pobre Douro e pobres de nós, se se continuarem a dar casos como os que se deram no passado mês de Dezembro: sete barcos, quatro nacionais e três estrangeiros, estiveram presos no Douro, por barra fechada, durante quase dez dias, e, só num fim de semana, registaram-se três encalhes e uma colisão, sem consequências de maior desta vez, mas quem