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4488 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 220

quista das metas que se propuseram, de doação a uma causa que consideram justa e nobre; doação que bem podemos dizer de vidas e fazenda à causa de uma juventude que queremos venha e que continue a ser uma verdadeira Mocidade Portuguesa.
Pois não há dúvida de que tomaram nas suas mãos as sementes que ainda estavam puras e com capacidade germinativa e as lançaram à terra há bem poucos meses.
Com os cuidados dispensados e a terra ubérrima e sã de que dispomos e onde foram lançadas, já começaram a crescer, e com que pujança, os primeiros rebentos, que agora deve amparar e defender com todo o carinho.

O Sr. Dias das Neves: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faz o obséquio.

O Sr. Dias das Neves: - Eu estou a ouvir V. Exa. com toda a atenção, pois eu comungo com V. Exa. nesse mesmo ideal, na medida em que somos homens da mesma geração, e comungo igualmente com as preocupações que V. Exa. está a manifestar.
Mas as palavras que V. Exa. acabou de pronunciar agora lançaram no meu espírito uma dúvida. É que eu estou a verificar, na minha qualidade de director de um estabelecimento de ensino, que será muito difícil à Mocidade Portuguesa, se não for acarinhada, como V. Exa. diz e pede, fazer renascer essas sementes.
Eu creio que a Organização Mocidade Portuguesa, que tanto contribuiu para a formação dos homens que hoje estão à frente dos destinos do nosso país, tem que forçosamente florescer nos estabelecimentos de ensino. Na medida em que estamos a alargar a escolaridade obrigatória, a juventude é obrigada a estar cada vez mais tempo na escola. É, portanto, indispensável que na escola se faça todo o esforço, todo o trabalho.
Quando eu vejo o Secretário Nacional da Juventude criar uma organização que terá de agir, penso eu, em paralelo com a Mocidade Portuguesa, em concorrência dentro do estabelecimento de ensino, eu não vejo bem como as coisas poderão ser.
V. Exa. poderá, talvez, esclarecer-me melhor.

O interruptor não reviu.

O Orador: - A intenção directa da minha intervenção não é, Srs. Deputados, a esquematização, nem, seguramente, a definição de princípios ou de métodos. É, quando muito e exclusivamente, o aspecto de situar um problema no contexto político nacional.
É evidente que a posição que hoje ocupa o movimento, isto é, a Associação da Mocidade Portuguesa, completamente livre e independente, portanto de voluntariado absoluto, será uma fórmula de verificarmos até que ponto as raízes da Pátria, e o peso de uma educação centenária, para não dizer quase milenária, podem, na população deste país, levar à formação de homens iguais, se não melhores, àqueles que uma organização institucionalizada formou no País.
Por outro lado, não podemos esquecer que, em todos os países do Mundo, em todos os partidos, em todas as organizações políticas, os homens que ocupam o Poder, os homens que definem uma política, foram, regra geral, formados, para não dizer, porque agora é difícil e é feio dizer, chefes de juventude. Esta é uma verdade, que nenhum dos Srs. Deputados pode esquecer, na vida pública e política deste país ou de qualquer nação.

O Sr. Jorge Correia: - Nós não esquecemos, mas há quem esqueça.

O Orador: - Infelizmente. Por isso a nossa obrigação é estarmos aqui presentes e chamarmos a atenção para as situações que reputamos de interesse, não para partidos, não para grupos, mas fundamentalmente para o País e para a Pátria.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Desde já ansiamos ver florir por todo o País novos centros de actividade da móvel e remoçada Mocidade, não para ocupar, como agora se diz, os tempos livres da juventude, mas antes para que esta tenha o espírito livre para estudar, analisar e compreender na totalidade a gesta da nacionalidade e os sagrados princípios em que assenta, e os tempos ocupados em actividades de formação individual e colectiva, que os leve a considerar que sobre os seus ombros pesará dentro em breve a responsabilidade da condução dos destinos da Pátria e da ordenação e orientação das transformações que por certo hão-de sofrer as gerações vindouras, mas sem que estas percam a sua caracterização genuinamente portuguesa.
Só assim, penso, continuaremos a ter argumentos e força moral para dialogarmos abertamente com a Nação.
Por isso estamos com o actual comissário nacional e com o seu colégio ao afirmar que confiamos e cremos em que "o que existe de mais nobre na juventude é poder captar todos os ensinamentos que lhe pudermos transmitir de forma a que possam levar também a outros, ampliados, os conhecimentos adquiridos".
Isto não significa despersonalização, nem muito menos a criação de "jovens massa", mas antes, pelo contrário, a presença e actuação de duas ou mais gerações, ou, se assim não quiserem, a presença de dois estádios diferentes de aquisição de conhecimentos na continuação histórica da nossa evolução.

O Sr. Carvalho Conceição: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faz obséquio.

O Sr. Carvalho Conceição: - Estou a ouvi-lo com muito interesse e gostaria de fazer uma achega, como vulgarmente se diz. É que vejo centrar muito as preocupações de V. Exa. na criação de centros, isto é, de locais possivelmente onde a juventude possa conviver, discutir a diversa problemática de natureza social, política, etc. Mas eu gostaria talvez de sugerir a V. Exa. que não creio que isso baste. Creio que a política tem que ser de natureza global.
Não podemos apenas esperar que seja a escola ou esse centro que possa exercer uma acção conducente a esse desenvolvimento integral da juventude. Se os meios de informação, de difusão, de massa, não tiverem também uma acção nesse mesmo sentido, não esquecendo, inclusive, que esses meios de difusão