O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

4490 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 220

seja uma sucessão de imagens fugitivas, que preguiçosamente permitimos nos sensibilizem o cérebro, que consiga dar-nos a estrutura mental e cultural de que necessitamos para vencer, vencer o mundo em que temos que vencer.

O Sr. Ávila de Azevedo: - Muito bem!

O Orador: - Serei eu que erradamente penso assim...
Rendendo homenagem ao que, através dos tempos, pela cultura do nosso povo, os nossos jornais têm feito, com meios que nem sempre terão sido os mais consentâneos, porque não havemos de ambicionar ter amanhã melhores jornais para os homens mais cultos, que o esforço que estamos consentindo há-de fazer?

O Sr. Ávila de Azevedo: - Muito bem!

O Orador: - E para termos melhores jornais, penso que quanto mais jornalistas preparados tivermos melhor será. Para mim, é um axioma.
Foi oportunamente anunciada a instituição em Lisboa de uma escola de ensino superior particular que inclui entre os seus cursos o de jornalismo. Os nomes ilustres de quem a dirige e de quem nela prelecciona são, sem dúvida, garantia suficiente de um ensino de alto nível, verdadeiro ensino superior em qualquer parte do Mundo. Por outro lado, as habilitações exigidas na admissão e os três anos por que se distribuem as disciplinas são mais uma certeza.
Estamos, pois, ao nível do futuro ensino politécnico, embora neste caso de índole particular. Já é alguma coisa, sem dúvida, e não serei eu que menosprezarei, por uma palavra sequer que seja, nem o serviço que se presta, nem o fruto que se espera.
Mas porque não ensino oficial para já, com toda a brevidade de que os meios de que se possa dispor permitam? Recente informação havida aquando da posse dos novos corpos directivos do Sindicato Nacional dos Jornalistas parece dizer que o Ministério da Educação Nacional tenciona resolver muito em breve o problema. E ainda bem! Com que nível? Não consegui obter precisão, mas, de qualquer maneira, e no decurso dos três primeiros anos, a questão não se porá.
Sei, por outro lado, que a Comissão Regional de Planeamento do Norte, no estudo que fez da planificação do ensino na sua área, propôs e defendeu a instituição, para já, no Instituto Politécnico do Porto, do curso de Jornalismo. De facto, se o passado alguma coisa nos merece e em alguma coisa nos obriga, seria neste campo a maior injustiça deixar o Porto, berço da grande maioria dos melhores jornalistas portugueses, sem uma escola da profissão que já vem no sangue de tantos dos seus filhos.

O Sr. Ávila de Azevedo: - Muito bem!

O Orador: - Não me desmentem nem as páginas, nem os nomes gloriosos que se lêem nas colecções dos nossos centenários jornais.
Porventura terá agora chegado a hora de a Nação se redimir do pecado que foi ter deixado região de tão altas tradições literárias, que lhe tem dado, através dos séculos, os melhores nomes da literatura portuguesa, sem uma única escola superior de letras.
Quando lha deu, tirou-lha logo a seguir, e só agora, quase meio século depois, lha restituiu. Se o passado merece e o futuro pede, penso que é justo e será muito útil instituir quanto antes, sob qualquer forma que seja, a Escola Superior de Jornalismo do Porto.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Para além dos continuados e muito meritórios esforços do Sindicato Nacional dos Jornalistas para a valorização dos seus sócios, é tudo quanto conheço acerca do estado actual do problema do ensino do jornalismo em Portugal.
Poder-me-ão dizer que são escolas a mais e que a profissão não comporta tantos diplomados. Falam-me em quarenta e oito diários que absorveriam apenas, por ano e em média, quarenta novos profissionais. Serão números de que partir, sem dúvida, mas quando se fala apenas nos diários que existem e nos profissionais que pedem ignoram-se muitas coisas, a primeira das quais é evidentemente o impacte que a batalha da educação tem forçosamente de trazer ao modo de ser e aos hábitos da população portuguesa. Se assim não fosse, quase que diríamos que não valeria a pena o esforço que estamos fazendo.
Em segundo lugar, põe-se de lado o pequeno número de revistas e publicações periódicas de informação que se publicam em Portugal - se nos restringirmos a informação geral, não me lembro que no Norte se publique alguma -, publicações que tanto podem contribuir para que se faça nos dois sentidos que esta palavra aqui pode ter a história do nosso povo. As revistas e publicações que há não chegarão por certo para as necessidades dos 10 milhões de homens oito anos escolarizados que na Europa havemos de ser.
Por último, ignora-se a falta tremenda que fazem pessoas especializadas (que não há) para a orientação de tantas publicações sectoriais ou regionais que neste país se editam, infelizmente para não serem lidas. Quantas revistas e quantos boletins -profissionais, técnicos, corporativos ou associativos- se publicam em Portugal que, por falta absoluta de atracção, não merecem daqueles a que se dirigem qualquer espécie de interesse? Tanto trabalho que morre no cesto dos papéis!
Todos, mais ou menos, seremos testemunhas deste facto como assinantes, e com certeza que, com mais responsabilidades, muitos de nós poderíamos testemunhar aqui as dificuldades que sentimos ao querer tornar atractivas publicações que tantas vezes nos interrogamos se valerá a pena continuar a editar.
É todo um vasto campo que, a bem da cultura e do progresso da Nação Portuguesa, há que fazer evoluir. O amadorismo teve a sua, e tantas vezes bem meritória, parte no desenvolvimento da nossa informação. Para os homens que hoje somos e, sobretudo, para o país que amanhã seremos, creio que não basta, creio que é preciso mais! É esta a razão profunda da minha intervenção de hoje.
Não nos compete aqui, com certeza, planear. Compete-nos, sim, em plena sinceridade, afirmar o que sentimos serem as necessidades, no presente e no futuro, da Nação Portuguesa. Por discutíveis que necessariamente sejam ou possam ser...
Deixo para o fim uma palavra sobre as necessidades de informação que o País sente nos campos cientí-