O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

4744 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 235

Orta, no século XVI, refere-se a esta erva em um dos seus colóquios. O haxixe é normalmente consumido por fumadores, misturado com tabaco, mas às vezes é ingerido, provocando neste caso efeitos mais violentos. Em 1965 isolou-se o princípio activo do Cannabis, o tetra-hidro-canabinol. Tanto os efeitos físicos como psíquicos da droga dependem essencialmente da quantidade absorvida e do modo de absorção, mas também e sobretudo da atmosfera colectiva em que o haxixe é consumido.
O que parece constante nos consumidores desta droga é a sensação de euforia e de facilidade inicial, com tendência para o riso fácil e não motivado, e, o que é notável, uma diminuição do livre arbítrio e uma deterioração da vontade, com uma tendência para a impulsividade bastante marcada. Uma das características dos efeitos produzidos por esta droga é a sugestibilidade, o que a torna muito perigosa sob o ponto de vista social.
O Cannabis tem os seus defensores e é rodeado como que de uma auréola mística pelos que defendem o seu uso e a não crêem perigosa. Margareth Mead e Claud Boy defendem o seu uso em doses moderadas, mas os factos - e esses é que contam - demonstram que esta droga tende a reduzir a actividade dos que a utilizam normalmente, favorecendo a evasão dos estudos e do trabalho; alguns drogados crónicos levam uma existência parasitária, vazia e sem sentido. Recentemente têm-se assinalado casos de psicose manifestamente provocados pelo uso intenso e prolongado do Cannabis.
O L. S. D. é a dietilamina do ácido lisérgico, resultante de modificações químicas da molécula base da cravagem do oentetio, e foi sintetizada por Hofman. Tal como outros alucinogéneos, é a droga sagrada dos hippies e dos cultores da arte psicadélica, estando o seu uso largamente disseminado na América, onde tem os seus apóstolos; esses consideram-na não uma droga, mas "um estilo de vida dirigido para a beleza e para a espiritualidade". Contudo, vários cientistas, como Frank Barow, da Universidade de Berkley, na Califórnia, verificaram não haver aumento do cabedal intelectual ou de espiritualidade após experiências com alucinogéneos. Estas drogas parece não darem sintomas de privação aquando da sua supressão brusca, mas criam no entanto uma dependência de ordem psicológica e social que pode atingir acentuada gravidade.
É muito difícil avaliar a extensão das complicações psicopatológicas ligadas ao consumo do L. S. D., mas conhecem-se reacções esquizofrénicas graves, delírios de perseguição, que por vezes levam ao assassínio e suicídio, alucinogénese permanente, depressão psicótica, etc. Na Europa, o seu uso é ainda relativamente limitado,, ocupando em muitos países os últimos lugares das drogas consumidas.
As anfetaminas são estimulantes do sistema nervoso central, e tanto nos Estados Unidos como em França, na Suécia e noutros países da Europa o seu uso está a tornar-se o maior problema das toxicomanias do adolescente. A via endovenosa é a de eleição, produzindo a droga um sentimento de força, de confiança em si próprio e de resolução de problemas com a maior das facilidades; pensamentos e ideias aparentemente penetrantes surgem em abundância e empreende-se (teoricamente) toda a sorte de actividades. O estímulo sexual é por vezes muito forte. O uso intenso e prolongado desta droga acompanha-se de angústia, apreensão, estado de desconfiança e pode mesmo criar uma autêntica psicose tóxica, com alucinações paranóicas.
O prognóstico imediato é bom e os sintomas desaparecem alguns dias aipos a retirada da droga; no entanto, o uso prolongado e contínuo de estimulantes do sistema nervoso central conduz a uma deterioração pessoal e social muito marcada, com regressão pronunciada da personalidade; estabelece-se uma síndroma neurasténica, com fadiga e irritabilidade, embotamento da afectividade e degeneração generalizada das faculdades cognitivas e volitivas. Estes doentes são muito rebeldes à desintoxicação.
Sobre os opiáceos, direi simplesmente ser a heroína a mais usada. É a diacetilmorfina, sendo a sua acção mais forte do que a dos outros opiáceos. Tomava-se de início oralmente, sob a forma de pó, mas actualmente a via endovenosa é a preferida. É a qualidade essencialmente sexual que torna esta droga mais procurada. É frequente observar-se nos utilizadores de heroína irritabilidade, crises de angústia, perturbações do sono, da memória e da vontade, e impotência sexual. Muitas vezes este estado evolui para uma caquexia terminal.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: O uso de drogas que originam dependência, por determinadas camadas da população, é motivo de graves preocupações em muitos países.
São os adolescentes e os jovens adultos pertencendo ao grupo etário dos 15 aos 30 anos os mais atingidos pela utilização da droga, e é justamente nos países altamente desenvolvidos sócio-economicamente onde o fenómeno se verifica com mais agudeza. Nos Estados Unidos da América há 40 milhões de consumidores de tranquilizantes, e, segundo Richard Blum, as anfetaminas, a marijuana e certos alucinogéneos são usados correntemente nesse país, sendo de 25 por cento a percentagem de estudantes que utilizam a primeira droga e de 21 por cento a dos que utilizam a segunda. Thimoty Leary afirma que 15 por cento dos estudantes universitários americanos tomam L. S. D.
Na Dinamarca, um Livro Branco publicado pelo Ministério da Saúde desse país revela que:

25 por cento dos alunos liceais se drogam a título experimental, e 8 por cento usam regularmente a droga.

Em Inglaterra, o relatório do 2.° Comité Brain dá conta de um aumento substancial de indivíduos jovens consumindo heroína e cocaína.
Na Suécia, num estudo feito em 1969 por Agrell lê-se que em 8983 recrutas oriundos de Estocolmo, incorporados no serviço militar, 26 por cento tinham tomado ao menos uma vez uma droga e, destes, 9 por cento haviam utilizado mais de dez vezes uma ou mais drogas. Em 8540 jovens estudantes da capital da Suécia, cujas idades rondavam os 16 anos, B. Herulf verificou em Abril de 1967 que 23 por cento dos rapazes e 17 por cento das raparigas tinham ensaiado pelo menos uma vez uma droga; a maioria era constituída por consumidores ocasionais, mas 4 por cento dos rapazes e 3 por cento das raparigas contavam mais de dez experiências. Nesse ano estimava-se em cerca de 5000 os drogados crónicos, só na região de Estocolmo.