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52 I SÉRIE-NÚMERO 3

aprofundam-se as contradições, crescem as desigualdades, acentua-se de novo a servidão.
Sob a batuta da AD, um poder local caciqueiro e bem servido tece o jogo dos compadres, longe da vista e das participações das populações cujos interesses sempre mereceram um profundo desprezo aos eleitos da AD.

O Sr. Lacerda Queiroz (PSD): - Muito mal!

O Orador: - Veja-se o que se passou na Junta de Freguesia de São João da Madeira muito recentemente, onde o presidente da AD, que já foi deputado e se sentou nestas bancadas, fez desaparecer por artes mágicas alguns milhares de contos, após o que, com outro golpe de mágica, se fez desaparecer a si também. Vejamos até quando.

O Sr. José Manuel Mendes (PCP): - Muito bem!

O Orador: - Isto, porém, não passa de um episódio. Bem significativo, claro, mas de interesse menor para o que nos importa aqui relevar. E o que importa relevar é que, na degradação geral que vai atingindo o nosso país, mercê desta política de cócoras que temos, o distrito de Aveiro vem sofrendo sem a denúncia que se impõe golpes de extrema dureza, dos quais não se sabe de que modo recuperará.
Gente de pequeníssima lavoura, sofre o aumento constante dos factores de produção, como o adubo e as rações; gente de pequenas e médias empresas vive todos os dias a ameaça da falência por compressão do crédito, como acontece, por exemplo, em Águeda, onde a situação em muitas empresas é aflitiva.
Perfila-se por detrás desta situação preocupante o dedo da CEE. A grande liquidação já começou, a matança dos inocentes está em marcha. Porque o que é perfeitamente revoltante é que esta política liquidacionista só é possível porque as populações não são tidas nem achadas neste processo.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Muito bem!

O Orador: - As gentes do distrito de Aveiro, pela natureza da sua estrutura económica que assenta fundamentalmente no minifúndio e na mini-indústria, não podem ter ilusões acerca do desastre que lhes está reservado se a AD continuar no poder. Assim como os trabalhadores não podem ter ilusões acerca das condições que pouco a pouco lhes vão sendo impostas nos lugares do trabalho. A este propósito, não pode passar sem um vigoroso protesto o estado de repressão e perseguição que se instalou em muitas empresas do distrito, visando nomeadamente os trabalhadores mais activos e esclarecidos na defesa dos seus direitos, com o patrocínio da AD se não mesmo com a sua expressa recomendação.
Já não se fala nas condições de trabalho, quase medievais, que reinam em certas empresas, de que as mais conhecidas, por apresentarem situações mais escabrosas, são as do sector da cartonagem. Sabe-se de casos como os de Fiães e Escapães, na Vila da Feira, onde os trabalhadores, quase todos a prazo, não têm horário de trabalho, sujeitando-se ao regime de tempo que o patrão impõe, sob pena de serem despedidos. Só para completar este quadro, de resto sumaríssimo, acrescente-se que há empresas que vivem quase exclusivamente do trabalho de menores e reformados...
Se dos campos e das fábricas passarmos à habitação, à educação, aos equipamentos sociais e culturais, à saúde, como conter a nossa indignação perante esta política de ruína que a AD persiste em aplicar?
Vejamos o que se passa, sumariamente, com a habitação em Aveiro, por exemplo. 19 600 $00 mensais e 100 contos de luvas é quanto pedem a um pacato cidadão se por acaso está interessado numas águas furtadas de um prédio recente no centro da cidade. 17 contos por mês é o preço de uma renda de casa na freguesia de Aradas, zona suburbana de Aveiro. É que a política de solos da Câmara CDS em nada difere da que era praticada antes do 25 de Abril.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Não há memória que tenha expropriado terrenos, nos termos da lei, destinados à habitação social. Há sempre o melhor entendimento entre os senhores da terra e os senhores da Câmara. Mais: a própria Câmara especula com terrenos. Muito recentemente a Câmara vendeu em ha. u pública um lote de terreno para uma vivenda que atingiu os 9 000 contos.
A partir daqui, que moralidade tem a Câmara de Aveiro para fazer expropriações não especulativas?
Se nos voltarmos para a educação, os problemas são gravíssimos, desde uma rede escolar do ensino primário impossível de imaginar em termos de dimensionamento e implantação geográfica até ao estado das construções escolares, e condições de transporte e habitação de muitos professores.

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - Muito bem!

O Orador: - Em 3 anos ininterruptos e em perfeita normalidade Institucional, o Ministério da Educação AD não resolveu nenhum problema: pelo contrário, agravou alguns, como a não nomeação de professores para o pré-escolar em Ílhavo, quando há salas construídas expressamente para o efeito.

O Sr. José Manuel Mendes (PCP): - É verdade!

O Orador: - A nível do ensino secundário e preparatório, as carências são incríveis - os edifícios foram concebidos para uma população que já foi excedida 2, 3 e mais vezes. Veja-se o caso da Escola Secundária n.º 1 de Aveiro: concebida paia 600 alunos tem de acolher este ano 2200.
Funcionando sempre em sobrecarga, as instalações e equipamentos encontram-se gravemente deteriorados.
As obras de restauro chegam sempre duplamente tarde, relativamente ao estado de carência dos edifícios e relativamente à abertura do ano lectivo.
Só 2 exemplos: na Escola Secundária n.º 1 de Aveiro não se sabe quando as aulas poderão começar. Na Preparatória de Esgueira também não.
Por um capricho que só as "competências" da AD podem explicar, as obras começam ou recomeçam quando deveriam começar as aulas. Assim, milhares de adolescentes e pré-adolescentes desbaratam o tempo da forma mais ociosa. Para cúmulo, a nossa região, e particularmente a nossa cidade, não dispõe de equipamentos mínimos para a ocupação dos tempos livres dos jovens - o conservatório é para uma minoria, casa de cultura não há, recintos desportivos adequados também não. O poder local do CDS não tem vocação para estas coisas.