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926 I SÉRIE-NÚMERO 26

liam no mato 3 milhões de arrobas à espera de guias de levantamento!

Vozes do PS: - É uma vergonha!

O Orador: - Os traficantes de cortiça, desde os reservatários que englobam na sua produção a cortiça ilegalmente comprada nas franjas de montados que, após a delimitação das reservas, ficaram em área expropriada e que uma legislação de injustiça feita leva os trabalhadores em posse útil a não explorar, até aos comerciantes e industriais que compram e transportam cortiça roubada, até mesmo pilhada nas pilhas já adquiridas por terceiros. E, ainda, grandes potentados da cortiça que, navegando sempre em todas as águas, se aproveitam da anarquia e das dificuldades que artificialmente ajudam a criar para se desembaraçar de concorrentes, em especial do pequeno industrial... ou para os enfeudar a si. Quem perde com tal política? Os trabalhadores em posse útil, os comerciantes e industriais cumpridores da lei e devotados ao bem do seu País, os trabalhadores das fábricas de cortiça estranguladas, todo o sector corticeiro em si e com ele a comunidade portuguesa.
Segunda questão: Madeiras - O lenho que produzimos alimenta uma indústria diversificada que satisfaz o essencial do consumo interno e suporta uma exportação significativa de produtos provenientes de lenho estilhaçado ou de madeira maciça. Trata-se igualmente de um domínio de actividade económica de primeira importância para o País, do campo à exportação, a solicitar uma política de desenvolvimento sustentável. E sem embargo disso, também neste particular a AD tem conduzido uma política ruinosa cujas principais componentes são: conivência com as forças económicas «sem rosto, sem credo e sem balizas» que estão na origem dos incêndios catastróficos que vêm dizimando por sistema o nosso património florestal produtor de lenho e de resina.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Conivência com as forças económicas que, desalojando a lavoura, promovem o desenvolvimento em grande escala do capitalismo industrial-agrário, com fortíssima participação do capital estrangeiro; conluio com forças económicas, nomeadamente estrangeiras, para a substituição de grandes extensões de matas irregulares produtoras de lenho e de resina para os principais tipos de indústrias florestais e geradoras de rendimentos anuais ou próximo disso, por plantações industriais de eucalipto que apenas facultam rolaria para indústrias celulose, em intervalos de 7 a 12 anos: sistemática criação de condições que, a prazo, inviabilizarão não só o desenvolvimento do nosso parque de indústrias da madeira maciça que trabalham com lenho produzido no País, mas a sua própria sobrevivência e aos níveis actuais, em benefício das indústrias de lenho triturado e das que utilizam lenho importado em grande percentagem; sistemática criação de condições que, a prazo, inviabilizarão as indústrias de madeira empregadoras de muita mão-de-obra e cujo equipamento é fabricado no País, em benefício de indústrias capital-intensivas, empregadoras de mão-de-obra muito escassa e cujo equipamento, oneroso, é em grande parte adquirido no estrangeiro.
Para quê levar a análise mais além? Será preciso sequer diagnosticar concretamente quais são os beneficiários desta política da AD e quem lhe paga e pagará os custos?

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Bastará dizer somente que a manter-se esta política o sector florestal português terá os seus dias contados como sector motor de desenvolvimento por excelência e por excelência exportador, capaz de garantir à comunidade saldos positivos de divisas altamente significativos. Para o entender bastará ter presente apenas isto: no dia em que formos obrigados a comprar lá fora a madeira serrada ou para serrar necessária à satisfação do consumo interno, então, não haverá exportação de pasta que nos valha, ou, por outras palavras, o sector das madeiras passará no seu conjunto, também ele, a consumir dividas em vez de as criar. A AD está a comprometer o futuro; o seu Governo carece de visão de Estado; no âmbito das madeiras defende interesses estrangeiros e a negociata com cultos desmedidos para o País.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Ao interesse nacional ajusta-se uma política exactamente oposta à seguida pela AD, assente: no fortalecimento da estrutura produtiva da lavoura e não no desenvolvimento do capitalismo industrial-agrário que se lhe opõe; na expansão da floresta de uso múltiplo capaz de sustentar o desenvolvimento de um parque industrial diversa içado criador de mão-de-obra e produtor de bens quanto possível acabados, em vez da expansão maciça e anárquica das plantações industriais de eucalipto apenas produtores de rolaria para a indústria de celulose; na protecção e valorização do património florestal existente em vez da sua sistemática devastação à mão do fogo criminoso, ligado ao negócio das madeiras e à exportação de enormes partidas de lenho em toro ou em estilhas, bem como à cobertura de vastíssimos espaços livres para a instalação de eucaliptos, ali onde as celuloses mais os apetecem; no desenvolvimento do parque industrial diversificado que nos permita sair da situação de atraso manifesto que a relação de 1 posto de trabalho na mata para 3 a 3,5 na indústria traduz (nos países desenvolvidos a relação é de 1 para 6,8), em vez de se estar a comprometer seriamente até a possibilidade de manter o nível dessa baixa relação, e isto em exclusivo benefício do estrangeiro desenvolvido e rico.
Terceira questão: Arborização - Dispondo-se de mais de 2 milhões de hectares de terras marginais e submarginais para a cultura agrícola, embora ainda com vocação silvícola, uma política florestal acordada com os interesses do País não pode deixar de recorrer ao meio arborização em grande escala. Sem embargo disso, o que tem sido na matéria a política da AD? Vejamos: destruição, inutilização ou não aproveitamento das condições criadas pelos socialistas para o cumprimento de grandes programas anuais de uma arborização de uso múltiplo: em