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982 I SÉRIE-NÚMERO 28

Sr. Deputado, tenhamos cuidado com aquilo que dizemos, não ofendamos ninguém porque isso é extravasar do campo da democracia. Quem não for capaz de aceitar que os outros tenham opiniões diferentes, sem atirar isso para o campo da ofensa pessoal ou da honestidade, não é democrata ,digo eu aqui claramente. E eu tenho o Sr. Deputado por um democrata e gostaria muito que, de facto, aceitar se que há opiniões deferentes das suas e que podem ser diferentes legitimamente, sem necessidade de as apodar de falta de verticalidade ou de simulação.
Eu também não faço isso em relação ao Sr. Deputado nem a ninguém e gostaria que V. Ex.ª usasse das mesmas regras.

Aplausos do PSD, do CDS e do PPM.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado César Oliveira tem 2 minutos para contraprotestar. Deseja fazê-lo?

O Sr. César de Oliveira (UEDS): - Desejo sim, Sr. Presidente, mas não vou utilizar a totalidade do tempo.
Consigne-se a fique escrito que eu aceito todas as opiniões do Sr. Deputado Amândio de Azevedo e também lhe pedia que ele aceitasse as minhas opiniões e a própria consideração que eu faço -e estou mais uma vez a dizer exactamente aquilo que penso - em como é uma simulação estar-se a dizer que o PSD perdeu as eleições. O Sr. Deputado Amândio de Azevedo considera que isso não é simulação e que estão na sua inteira razão e que...

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Dá-me licença, Sr. Deputado?

O Orador. - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - O Sr. Deputado sabe o que é uma simulação? Eu repito-lhe que uma simulação; é uma afirmação consciente de um facto contrário à realidade. É isto. A não ser quo o Sr. Deputado precise de tirar lições de português...

O Orador: - Talvez precise. O Sr. Deputado fica com a sua e eu fico com a minha. Pronto!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, para fazer uma declaração política, o Sr. Deputado Mário Tomé, da UDP.

O Sr. Mário Tomé (UDP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A parábola do guarda coxo e do feitor que era gago...

Risos.

... «Havia uma grande quinta, com um grande muro, e um guarda-portão, que era muito bruto...

Risos do PSD.

... e os meninos esfarrapados do bairro, para matarem a fome, passavam a vida a apanhar os frutos que caíam das frondosas árvores que se espreguiçavam por cima dos muros.
O guarda-portão, cioso da propriedade do senhor, corria atrás deles com um pau.

Uma voz do CDS: - Eras tu!

O Orador: - Não, era o Governo!
Um dia o guarda-portão apareceu coxo não se sabe bem se por ter apanhado com uma pedrada dos miúdos, se por ter brigado com o feitor, ou se por ter levado porrada da mulher.

O Sr. Santana Lopes (PSD): - O guarda era major!

Risos do PSD do CDS e do PPM.

O Orador: - O facto é que, coxo, não conseguia evitar que os miúdos apanhassem alguns dos frutos pisados e mais dificilmente seria capaz de se opor a que eles, como sempre sonharam, entrassem pela quinta dentro.
Foi nessa altura que os putos do liceu, que costumavam alinhar, disseram que o guarda estava coxo e que era preciso que o homem se curasse e até que, se lhe dessem tréguas, era provável que, depois, ele fosse mais compreensivo e os deixasse apanhar os frutos pisados do lado de fora do muro.

O Sr. Borges de Carvalho (PPM): É a festa de Natal! Já temos palhaços e tudo!

O Orador: - Além disso, o feitor, que era gago, há que tempos dava a entender, tanto quanto se podia perceber, que era capaz de despedir o guarda-portão. Decerto o faria com ele assim coxo, e dando-se conta de que os miúdos afinal não queriam entrar na quinta, mas apenas recuperar a fruta que apodrecia cá fora ...»
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quando ontem os bons burgueses da nossa cidade se preparavam para estar 3 dias sem banho quente não puderam, decerto, evitar um pensamento de agradecimento a Pinto Balsemão por se ter demitido.

Risos da UEDS.

Com esse seu gesto impediu uma greve de 3 dias da Petroquímica, que iria causar grandes inconvenientes e incómodos.

O Sr. Santana Lopes (PSD): O Sr. Deputado só tem água fria?

O Orador: - Que terão pensado, no entanto, esses que não têm como tomar banho quente, aqueloutros que pouco têm para cozinhar ou ainda aqueles que já não vão tendo dinheiro para pagar as contas do gás e estão prestes a serem despedidos ou a verem liquidado o seu posto de trabalho?
E estarão todos eles preocupados com o vazio de poder que no entender dos sindicatos parece significar a falta de parceiro para discutir neste jogo de política e que os levou a suspender uma greve preparara e mancada e que decerto iria ter um grau de adesão reforçado pela própria demissão do Primeiro-Ministro?
Isto é, em vez de desancarem o guarda coxo que todos dizem odiar para poderem tomar conta da